domingo, 19 de outubro de 2008

Capítulo 25: O nome da perfeição é Anne Marrie

Piedra, Olivier e Patrícia se dirigiam para a casa de Anne, todos riam e conversavam tranquilamente até repararem que Louísa vigiava todos do outro lado da rua, parada na janela do seu quarto.

_Essa menina não cansa não? _Disse Olivier incomodado.

_É. Onde a gente vai ela tá atrás. _Disse Piedra encarando Louísa.

_Deixa gente, vamos pro lanche de uma vez. _Disse Patrícia. _Ela fica ai o dia inteiro sozinha, viajando nossa vida, já que ela não se permite ter uma.

_Tá certa Pati. _Disse Olivier antes de pigarrear. _Quero dizer, disse tudo Patrícia. Vamos lá, minha tia deve estar esperando a gente.

_Vamos. _Disse Piedra.

Os três voltaram a andar em direção a casa de Anne como estavam fazendo antes.

Olivier não se sentia a vontade chamando Patrícia de Pati, já que ele suspeitava que ela gostasse dele. Ele via isso como uma desculpa pra menina achar mais do que devia talvez ela pensasse que isso queria dizer que eles eram mais intimos a cada dia. Piedra percebeu o desconforto do garoto e sorriu disfarçadamente enquanto Patrícia encarava Olivier com os olhos brilhando.

_Não precisa ficar com vergonha não Oli, pode me chamar de Pati mesmo. _Disse a garota radiante. _Posso te chamar de Oli né?

_Pode, claro que pode. _Disse Olivier corando as bochechas.

Piedra sorriu.

_Vamos vocês dois se não a Anne vai matar a gente. _Disse Piedra

Olivier olhou torto pra ela.

_Ai desculpa, não foi isso que eu quis dizer. _Disse Piedra depressa e envergonhada.

_Não tudo bem. Eu te entendi. _Disse Olivier sorrindo.

_Desculpa Oli, desculpa mesmo, eu não lembrava disso. _Disse Piedra.

_Relaxa Pi, já disse que está tudo bem. _Disse Olivier. _Já conseguiu falar com os meninos?

_Já, demorou mais eu consegui. Eles já estão vindo. _Disse Piedra andando.

Da janela Louísa acompanhou com os olhos os três, até que eles sumissem de vista.

 

Olivier abriu a porta de uma vez seguido pelas meninas, e os três viram Anne, Roger, que olharam pra eles quando viram que alguém estava entrando.

_Desculpa tia, eu não sabia que tinha mais visitas. _Disse Olivier.

_Quê isso garoto, eu não sou visita, sou praticamente de casa já. _Riu Roger abusadamente.

_Não. Não é. _Disse Anne.

_Ele vai ficar pro lanche? _Perguntou Olivier com medo da resposta.

_Não, ele já está de saída. _Disse Anne.

_Vai rolar um lachinho com a turminha mais ou menos e eu não vou ficar? _Disse Roger. _Claro que eu vou, quero conhecer a próxima vítima da minha amada ex-cunhadinha.

_Eu não sou nada sua. _Disse Anne. _Agora que você já disse o que queria pode ir embora.

_É assim que tu me agradece depois que eu consegui a visita pra você lá no meu presídio? _Disse Roger. _Que ingratidão Aninha.

_Deixa de bobagem e vai embora logo antes que você me faz passar mais vergonha, anda. _Disse Anne.

_Eu vou pra cozinha preparar o lanche tia. _Disse Olivier.

_Eu vou ajudar. _Disse Piedra.

_Eu também. _Disse Patrícia automaticamente.

_Pode ir Oli, daqui a pouco eu vou lá te ajudar, só vou colocar o lixo pra fora. _Disse Anne.

_Okay. _Disse Olivier.

Os três seguiram pra cozinha calados.

_Lixo? Aninha qual é? _Disse Roger.

_Para de tentar participar da minha vida. _Disse Anne.

_Para de querer me tirar dela, eu sou seu amigo agora. _Disse Roger.

_Você não é meu amigo. _Disse Anne.

_Eu estou te ajudando a encontrar teu filho não estou? _Disse Roger.

_Você me ofereceu ajuda e eu aceitei por que não tinha outra opção. Daí a gente se tornar amigo por causa disso é bem diferente, eu nem gosto de você.

_Mas devia, pelo menos eu ia te tratar melhor do que o Humberto te tratou. _Disse Roger.

_Cala a boca. _Disse Juliana.

_Olha, a amiguinha finalmente abriu a boca. _Disse Roger sorrindo.

_Deixa ela quieta, e vai embora eu estou com visitas e você não é bem vindo. _Disse Anne.

_Que tal eu desmarcar a visita heim Anne, tá me tratando muito mal, mereço mais do que isso. _Disse Roger.

_Faz isso. Pode fazer, porque ela não precisa de ti. Ela tem amigos de verdade. _Disse Juliana.

_Amigos de verdade? _Disse Roger. _Eu te conheço bem garota.

_Não me chama de garota. _Disse Juliana nervosa.

_Se bem que não parece uma mesmo. _Disse Roger rindo. _Já tua amiga.

_O que tu quer dela? Quer dinheiro? Quer o quê? _Disse Juliana. _Porque se o problema for dinheiro eu pago, mas fala onde está o filho dela de uma vez e para de enrolar Roger.

Roger olhou feio pra Juliana que sentiu o peso do olhar do homem e se calou.

_Eu não quero dinheiro e eu não sei onde está o filho dela. _Disse Roger. _Eu estou ajudando porque sei o quanto ela sofreu nas mãos do meu irmão e sei que ele mereceu morrer. Ela fez um favor pra mim, pra humanidade, até pra você, eu lembro de você.

_Favor? _Disse Juliana. _Você está ajudando a Anne porque se sente agradecido por ela ter matado teu irmão? É isso?

_É. _Disse Roger.

_Conta outra. _Disse Juliana. _Ela ainda é uma criança, pode ter 30, 35, 38 ou até 60 anos, ela é a porra do Peter Pan, ela não cresce. Vai ser sempre uma adolescente. Por isso é fácil de tu enganar ela, mais eu não. _Disse Juliana. _Eu já saquei a sua.

_E eu saquei a sua. _Disse Roger. _Eu lembro de você. Você veio antes dela não foi, até que a sua melhor amiga roubou teu namorado não foi?

_Calma ai. _Disse Anne.

_Escuta aqui o chifruda, tu quer que eu acredite que você perdoou tudo numa boa e seguiu em frente. Sempre deu uma de amiguinha e nunca quis nada em troca disso? _Disse Roger. _Tu já foi à casa dela Anne? Há quanto tempo ela mora aqui no sul? Não é estranho ela morar justamente no lugar onde supostamente teu filho vive agora?

_O que tu tá dizendo não faz sentido nenhum, a história do Humberto eu e a Anne já resolvemos a muito tempo. E é certeza que o filho dela não está comigo, agora com você, eu não duvido.

_O que eu queria com uma crinaça que nem é minha? _Disse Roger.

_Eu que te pergunto. _Disse Juliana. _Essa raiva toda do teu irmão, era motivo o bastante pra querer acabar com a vida dele. A Anne inocente, podia ser a ferramenta perfeita pro teu plano.

_Você está falando demais garota. _Disse Roger. _Tu não tem idéia do que você está insinuando, cala a boca.

_E a quanto tempo tu mora aqui. É de se estranhar também que o seqüestrador esteja preso no teu presídio. _Disse Juliana. _Ou tu acha que eu caí nessa conversa mole tua?

_Ele está lá é só ir lá e ver. _Disse Roger sem graça.

_Se é tão fácil assim porque a Anne não viu ele até hoje? _Disse Juliana.

_Porque não é tão fácil assim. _Disse Roger. _Ela quer interrogar o cara, tu sabe o que acontece comigo se alguém descobrir que eu cooperei pra que isso acontecesse? Ele pode ser a pior pessoa do mundo, mas ele tem os direitos dele, ser interrogado pela vítima direta do crime, não é permitido.

_Nossa, pela primeira vez você falou sobre o que realmente me impedia de ver ele. _Disse Anne. _Então era isso o tempo todo, porque você não me disse?

_Porque ele não queria dizer isso. _Disse Juliana. _Porque ele não quer dizer que não conseguiu sua visita. Tudo que ele falou é verdade, é impossível o encontro de vocês dois, é proibido por lei. Ele só não te disse isso antes por que ele está adorando te enrolar, vindo aqui na tua casa, tomando cafezinho, achando que é teu amigo.

_Tu não sabe do que tá falando não é. Eu posso falar aqui que... _Tentou Roger.

-Que o quê? _Disse Juliana. _Que tu sempre teve inveja do teu irmão, e queria tudo que ele tinha, isso inclue a Anne?

_CALA A BOCA JULIANA!!! _Gritou Roger.

_PÁRA de gritar na minha casa, com a minha amiga está ouvindo. _Disse Anne.

_Ela não é tua amiga sua tonta. _Disse Roger. _Tu acha que ela perdoou você pra sempre? Tu acha conicnsidencia demais ela morar aqui no sul onde teu filho está.

_Eu não quero ouvir uma palavra que sair da tua boca, dá o fora da minha casa agora. _Disse Anne.

Olivier chegou correndo da cozinha junto com Piedra e Patrícia.

_Eu só quero que você vá até o presídio amanhã, eu consegui um horário pra você. _Disse Roger. _Você vão se encontrar na minha sala, os outros detentos não vão ver você junto com ele.

_Sai da minha casa. _Disse Anne.

_Anne me escuta. _Disse Roger.

_Não ouviu o que minha tia falou não? _Disse Olivier.

_O Bambi vai fazer o quê? Me dar uma chifrada? Ah esqueci, a Juliana pode fazer isso por você. _Disse Roger.

_Sai fora logo cara. _Disse Juliana.

_Eu vou ligar pra policia. _Disse Olivier indo até o telefone.

_Não precisa. _Disse Roger. _Eu sou a policia.

_Ah tá e agora eu fico bem mais aliviada. _Disse Juliana.

_Vamos Roger, o senhor está sendo detido por tentar ajudar uma idiota que não quer ser ajudada. _Disse Roger caminhando até a porta. _O senhor tem o direito de permanecer calado, enquanto ela perde as chances de encontrar o filho. Azar o dela. Agora vamos, vamos pra fora meliante.

Roger saiu ainda falando os direitos do “meliante” e bateu a porta ao deixar a casa.

_De onde saiu esse cara? _Disse Piedra com uma colher suja de chocolate na mão.

_Isso é de família. _Disse Juliana.

_Tia, tá tudo bem? _Disse Olivier soltando o telefone no gancho.

_Tá sim. _Disse Anne. _Gente vocês viram o que eu vi. Ele pirou de vez. Mais um pouco e ele ia bater em você aqui Ju.

_A verdade dói mesmo. _Disse Juliana. _E ele que tentasse pra ele ver.

Todos sorriram.

_Agora deixa o Bambi voltar pra cozinha. _Disse Olivier.

_Oli, nau liga pra o que ele fala não viu? _Disse Anne.

_Tudo bem tia, eu já me acostumei com o que falam. _Disse Olivier.

_Está ótimo. _Disse Anne.

Olivier já ia voltando com as garotas pra cozinha.

_Vão deixando tudo preparado lá que daqui a pouco eu vou fazer meu brigadeiro especial lá. _Disse Anne.

_Pode deixar Anne. _Disse Patrícia. _Eu vou fazer o mais difícil, abrir a lata do leite condensado.

_Difícil isso? _Disse Piedra. _Difícil mesmo é o que eu vou fazer. Lamber a lata.

Todos riram novamente antes dos três voltarem para a cozinha.

_Viu agora amiga, o que eu te falei? _Disse Juliana. _Eu sabia, que esse cara estava aprontando pra cima de você. E ainda veio me acusando tu viu?

_Nossa Ju, bem que todo mundo me avisou. _Disse Anne. _O Roger queria alguma coisa de mim, tenho certeza, qual o interesse dele em mim. Me ajudar que não era.

_Com certeza não. _Disse Juliana. _Ele sempre teve é inveja do Humberto, que era mais bonito, mais legal e o preferido de todo mundo, até da família. Ele queria é ficar perto de você amiga, pra ver se tu gostava dele igual tu gostou do Humberto, a história da visita lá é mentira.

_Mais eu já chequei, a policia de São Paulo disse que ele está nesse presídio mesmo, onde o Roger é diretor. Eu já chequei tudo. _Disse Anne. _É verdade, ele está lá mesmo.

_É. Mas tu viu quando ele falou que não pode acontecer essa visita. A vitima com o acusado. É impossível esse encontro entre vocês dois. _Disse Juliana.

_Aham, foi só tu apertar um pouquinho e ele soltou a verdade. _Disse Anne.

_Ainda bem que eu consegui tirar ele do teu pé. Por enquanto né Anne, porque tenho certeza que ele vai voltar a te procurar. _Disse Juliana. _Não cai na mentirada dele não heim amiga. Abre o olho. Esse ai é doido de pedra.

_Pode deixar Ju. _Disse Anne. _Tenho que parar de acreditar nas pessoas assim.

_Tu é inocente demais amiga. _Disse Juliana. _O mundo não é doce como tu pensa não, as pessoas são más. O mundo é egoísta, o amor é lenda agora Anne, não estilo de vida como era antes. Casamento feliz que durava séculos, acabou, isso não existe mais. Ninguém vive de amor como nas novelas. O dinheiro é o dono do mundo hoje.

_Com isso eu fico boiando. _Disse Anne. _Acredito nas pessoas, sou boba infantil, inocente, e o pior amo demais.

_Mas tem que ir controlando isso amiga. _Disse Juliana. _Percebi que tu mudou muito depois de todos esses anos. Não estou falando da cara, que essa continua a mesma, tô falando do jeito. Você está mais sociável.

_Mas foi exatamente isso que eu combinei com o Oli. _Disse Anne. _Quando a gente estava em São Paulo e íamos vir pra cá, prometemos um pro outro que seriamos mais sociáveis. Arrumar alguns amigos, conversar, marcar lanches um na casa do outro. Coisas desse tipo.

_Que bom Anne. Porque na época da escola, tu mal conversava com alguém, a não ser se fosse pra algum trabalho em grupo ou dever de casa. Nem cola tu passava pra turma. Por isso tu não tinha amigos. Todo mundo tinha medo de você, sei lá, ninguém tinha coragem de conversar e falr contigo, apesar disso sempre todo mundo escolhia tu como a mais bonita da escola todo ano.

_E você semrpe estava do meu lado, mesmo eu te tratando pior que um animal. _Disse Anne.

_Nem era tão ruim assim. Você só não conseguia me dar a atenção que eu te dava. Mas eu te entendia, sempre te entendi. Mais uma coisa tu nunca foi, falsa, eu sabia que o pouco da amizade que eu tinha vinda de você era sincera. _Disse Juliana.

_Pode ter certeza Ju. _Disse Anne. _Mas ainda bem que eu mudei, hoje tenho uma turma de amigos aqui.

_Que são uns 20 anos mais novos que tu mais tudo bem, amigo não escolhe idade né. _Disse Juliana.

_Amor não escolhe idade. _Disse Anne.

_Ah é, temos o Rafael agora. _Riu Juliana.

_Ele é fofo demais Ju, tem que ver. E lindo de morrer. _Disse Anne.

_Adoraria conhecer ele. _Disse Juliana.

_Como adoraria? Você vai conhecer ele. _Disse Anne. _Ele deve tá chegando daqui a pouco.

_Eu não posso esperar amiga, tenho mil coisas pra fazer. _Disse Juliana. _E tu querendo ser igual eu. Imagina.

_Ah, mas eu te admiro muito, é bem sucedida, chic, e tem dinheiro. _Disse Anne rindo.

_Não mais do que você. _Disse Juliana se levantando. _Tem um rostinho de quinze anos, a conta bancária cheia de zeros, um namorado lindo, uma casa perfeita, amigos, e ainda tem tempo de ver “vale a pena ver novo”.

Anne sorriu.

_Pode parecer querer demais, mas eu ainda não estou feliz por completo. _Disse Anne. _Quero encontrar o meu filho mais do que tudo nesse mundo, quero ter uma carreira de verdade, fazer alguma coisa que eu goste que é moda, e é claro ser mais do que feliz com meu Rafa.

_Ai Meu Deus. _Disse Juliana. _E também fala como uma adolescente. Tu tem diário também Daniela?

_Não, ainda não. _Riu Anne. _Acho que não cheguei na fase ainda.

As duas riram.

_Eu estou rindo pra não chorar viu. _Disse Juliana. _Amiga tu já reparou que o Rafa, está na mesma situação que você com o Humberto?

_Como assim? _Perguntou Anne.

_Ele é bem mais novo que tu. E tu era bem mais nova que o Humberto. _Disse Juliana.

_E aí? O que é que tem isso? _Disse Anne.

_Nada, só achei curioso. _Disse Juliana. _E as circustâcias são outras né? Tu tem mesmo é que mergulhar de cabeça nesse namoro pra esquecer o Beto de uma vez.

_Acho que isso vai acontecer amiga em breve. _Disse Anne. _O nascimento do bebê ajudou bastante nisso, mas eu esperava ficar com o bebê, ai tenho certeza que ia sumir de vez. Mas agora que eu to amando de novo acho que finalmente vai acontecer. Eu vou esquecer o Humberto.

_Dê graças a Deus por isso. _Disse Juliana andando.

_Não vai Ju, daqui a pouco ele já tá chegando ai. _Disse Anne. _Falei de você pra ele, ele quer muito te ver.

_Amor e eu também quero muito ver ele, mas não dá amiga tenho que fazer u monte de coisas ainda. _Disse Juliana. _Natal só faz aumentar o trabalho, queria eu ficar aqui lanchando com os amigos.

_Você pode ficar aqui lanchando com os amigos. _Disse Anne.

_Não. Não posso. _Disse Juliana. _Tu tem noção de como é difícil arrumar um Papai Noel essa época do ano, todos já estão contratados pelos shoppings. Não tem um Papai Noel modelo.

Toc, toc, toc! Fez a porta.

_Ai deve ser ele. _Correu Anne para a porta.

_Mesmo se for ele, eu já estou de saída amiga. _Disse Juliana atrás de Anne.

Anne abriu a porta correndo com Juliana logo atrás, e como Anne esperava era Rafael com João ao seu lado. Anne pulou no pescoço do rapaz e lhe deu um beijo. João virou os olhos e olhou para Juliana.

_Constrangedor né? _Disse Juliana para João.

_Com certeza. E o pior é que eles fazem isso sempre e eu ainda não acostumei. _Disse João.

_Jovens. _Disse Juliana.

Anne finalmente desgrudou de Rafael e disse:

_Entra gente, tá frio ai fora. _Disse Anne puxando Rafael com uma mão e João com a outra.

Ao passar por Juliana Anne quase derruba a amiga que sai do caminho pra deixar os três passarem.

_Ju fecha a porta pra mim. _Pediu Anne.

Piedra veio correndo da cozinha enquanto Juliana fechava a porta. Piedra pulou no pescoço de João como fez Anne em Rafael. Juliana novamente até o sofá curiosa para conhecer o novo amor da amiga, os compromissos podiam esperar.

_Piedra não faz isso tá cheio de gente aqui. _Disse João constrangido quando Piedra o largou.

_Tu não pode falar muito do teu amigo não né? _Riu Juliana.

_É. _Disse João sorrindo meio sem graça.

_Pois bem, vamos as apresentações. _Começou Anne. _Gente essa é minha amiga Ju. E Ju esse é o João, a namorada dele Piedra e esse lindo aqui é o Rafael, o meu Rafa.

_Percebi que ele é seu lá na porta. _Disse Juliana cumprimentando os garotos.

Patrícia vinha da cozinha toda suja de farinha e logo atrás vinha Olivier.

_Até que enfim né João? Onde tu tava? _Perguntou patrícia.

_Eu também quero saber Patrícia onde esses dois estavam. _Disse Piedra. _Que não atendiam a porcaria do telefone.

_Piedra pára de show. _Pediu João. _A gente estava atrás de um cliente pra Arte & Arte.

_E ai conseguiram a conta? _Perguntou Anne curiosa.

_Não. A gente não estava qualificado pro trabalho. _Disse Rafael. _O cara disse que não dá pra confiar numa empresa pequena como a nossa. Que a gente não tem experiência pra lhe dar com uma demanda muito grande.

_Vocês trabalham com publicidade? _Perguntou Juliana.

_Não. A gente tem uma empresa pequena de Designer no centro. _Disse Rafael.

_E isso que tu disse acontece sempre? _Perguntou Juliana.

_Aham, e é quase sempre. Por isso que a gente não consegue um serviço grande. _Disse Rafael. _Desde que a gente começou só surgiram três trabalhos. Só três. Ninguém confia no nosso trabalho, a gente cobra até menos pra ver se chama a atenção, mas não adianta.

_Olha guris, eu sou publicitária e posso dizer que o que essas empresas fazem está certo. _Disse Juliana. _Confiar numa pequena empresa, que não tem quase nenhuma experiência no mercado é um pouco difícil.

_A gente sabe. _Disse João. _Mas como a gente vai fazer pra sair dessa. Não temos experiência por isso ninguém nos contrata. Se ninguém nos contrata a gente nunca vai ter experiência.

_Há quanto tempo vocês começaram o negócio? _Perguntou Juliana.

_Faz pouco tempo. Acho que cinco ou seis meses atrás. _Disse João.

_Quem é parceiro com você? _Perguntou Juliana.

_Ninguém. _Disse Rafael. _Nós mesmos investimos o dinheiro e começamos. Somos só nós dois.

_Gurizada. _Disse Juliana. _Muita loucura o que vocês fizeram.

_Porque loucura? _Perguntou Piedra.

_Porque não se entra nessas coisas assim. _Disse Juliana. _É por isso que vocês não arranjam clientes. Pra entrar em um neg´coico desses precisa de parceiros. Parcerias, nem é como sócio não, pra indicar mesmo. Se vocês tivessem mais contatos seria mais fácil de conseguir clientes, porque um que confia passa a informação pra frente e assim vai. O negócio vai crescendo. Mas assim sem nada, fica difícil.

_A Ju é publicitária. Ela pode ajudar. _Disse Anne.

_Que legal, tu pode fazer uma campanha de divulgação pra eles então. _Disse Piedra.

_Melhor que isso. _Disse Juliana. _Se eu fizesse isso ia cobrar muito caro. Eu posso contratar o serviço de vocês.

_Pra quê? _Perguntou João.

_Pra trabalhar com a minha agência. _Disse Juliana. _Vocês começam com a gente e se eu gostar do serviço de vocês eu dou a conta pra vocês. Vocês passam a ser meus designers contratados e eu indico a empresa de vocês pra outros amigos meus.

_Seria ótimo. _Disse Rafael sorrindo.

_Eu estou com uma empresa muito ruim lá na agência. _Disse Juliana. _Sem criatividade, sem originalidade sabe? Preciso de algo mais jovem, mais fresco.

_Mas tu sabe explicar mais ou menos como vai ser? _Perguntou João.

_Sei. _Disse Juliana. _Vocês vão pegar a campanha que eu estou trabalhando agora. É pra uma loja masculina de roupas. Estava pensando em divulgar as fotos com um Papai Noel vestindo as roupas da loja. Mas isso é tão usado hoje em dia, que eu já estava desistindo da idéia. Igual eu estava falando com a Anne, vocês não sabem como é difícil achar um Papai Noel nessa época do ano, ainda mais que aceite tirar a roupa pras câmeras.

_Olha, só de você falar já tive várias idéias já. _Disse Rafael. _E ai, topa João?

_Claro que eu topo, seria nossa chance de sair do buraco de vez. _Disse João.

_Então vamos comemorar a isso. _Disse Anne sorrindo.

_Então agora eu posso ficar, já não preciso sair procurando Papai Noel pelos shoppings, não agüento mais. _Disse Juliana sorrindo.

Todos riram.

_Já pensei em algo. _Disse Rafael. _Já que está todo mundo nessa, pensei em colocar uns desenhos na campanha. O Olivier seria perfeito, os desenhos dele são incríveis tu já viu?

_Já, claro que já. _Disse Juliana. _São lindos, e eu já falei com ele que a gente precisa organizar uma mostra em alguma galeria pra ele expor os quadros dele. Mas ele fica com vergonha, nunca vi isso.

_Não é vergonha, é que meus quadros não são bons pra uma galeri... _Disse Olivier antes de ser interrompido.

_Ah... _Disseram todos juntos.

_Seus quadros são perfeitos Oli, pára de bobeira. _Disse Anne.

_É Oli, aquele da tua tia é o mais perfeito de todos. _Disse Piedra.

_Todos os quadros são perfeitos. _Disse Patrícia com os olhinhos brilhantes. _Como o artista.

_Parem de elogiar por favor, porque vocês são meus amigos e não conta. _Disse Olivier envergonhado e sorrindo sem graça. _Estão falando isso só pra me agradar.

_Deixa de ser modesto. _Disse João.

_Deixa, deixa. Isso é coisa de artista. _Disse Piedra. _tem que ser escondido se não ele não mostra. A gente rouba tudo e faz uma surpresa pra ele.

_Até que não é má idéia Piedra. _Disse Anne.

_Nem pensem nisso heim. _Disse Olivier.

Todos riram.

_Mas aqui, adorei a idéia Rafael. _Disse Juliana. _Vai ficar lindo a campanha com os desenhos do Olivier, porque não precisa de modelos, ele pode desenhar do jeito que ele quiser.

_Exatamente, é mais pratico, mais bonito, mais barato e é mais elegante. _Disse Rafael.

_E rápido também. _Disse João. _Depois que os desenhos tiverem prontos é só tratar as imagens no computador, escolher as cores da campanha, frase e essas coisas e finalizar o projeto a tempo pra natal.

_Maravilha! _Disse Juliana sorrindo. _Devia ter vindo aqui antes, se eu soubesse que vocês estavam aqui desperdiçados desse jeito, tinha usado vocês antes.

_Mas dá tempo não é Oli, de fazer os desenhos até pra antes do natal? _Perguntou Rafael.

_Depende do que vocês vão querer. Mas eu acho que d assim, trabalho rápido. _Disse Olivier. _É bom pra eu praticar antes da prova pra escola de artes.

_E todo mundo fica feliz. _Disse Piedra. _Pra completar seria perfeito se a loja fosse pra roupas femininas, eu podia ser a modelo.

_Tu modela? _Perguntou Juliana.

_Aham. _Respondeu Juliana cheia de orgulho.

_Mas Anne tu arrumou uns amigos muito proveitosos por aqui. _Disse Juliana. _Qual é o teu nome mesmo.

_Piedra Schreisen. _Disse Piedra.

_Então Piedra, agora não estamos precisando não. _Disse Juliana. _Mas a agência está sempre precisando de alguém assim do seu jeito. Tu faz um preço bom né? Porque normalmente as modelos cobram muito caro e a campanha fica pobre, porque investe muito no cachê da menina e não sobra dinheiro pra divulgação nem nada.

_Eu estou começando agora também. Já fiz algumas coisas, mas acho que meu preço é legal. Nem tenho porque cobrar muito, ninguém me conhece. _Disse Piedra. _Ainda.

_É assim que se fala guria. _Disse Juliana. _Então vamos comemorar. Esse lanche vai ser pra comemorar a amizade e ao trabalho, juntos.

_Com certeza. _Disse Rafael segurando a mão de Anne.

_E quem vai me ajudar lá na cozinha? _Gritou Olivier. _Pode vir todo mundo.

_Eu mexo, só isso. _Disse João.

_Eu te ajudo Oli, vamos lá. _Disse Juliana se levantando. _Vou preparar um biscoitinho caseiro pra vocês de lamber os beiços.

_Oba! _Disse Piedra e Patrícia juntas.

_Ai eu me lembro desses biscoitinhos. _Disse Anne. _Tu fazia lá no castelinho não era?

_Esses mesmos Anne, tu lembra? _Perguntou Juliana.

_Claro que eu lembro, eu pedia pra tu fazer. _Disse Anne. _Eu tava grávida né, comia tudo.

_Nem comia. _Disse Juliana. _Dava uma raiva dessa guria gente. Nem quando estava grávida ela era gorda. Ela parecia uma maçã no palito, só tinha barriga mais nada.

Todos riram enquanto se dirigiam pra cozinha.

No caminho Rafael apertou a mão de Anne e cochichou no ouvido dela:

_Obrigado meu amor.

Anne arrepiou por inteiro e seu coração pulou no peito. Mais que depressa ela colocou a mão no peito com medo que o coração fugisse tamanha era o tum tum. Anne olhou para Rafael sem acreditar que finalmente havia encontrado alguém que correspondia ao seu amor, alguém que tinha um brilho nos olhos como o dela ao se encararem. Ele lhe deu um beijo devagar e tudo em volta parou. De longe Anne ouvia a conversa dos outros indo pra cozinha, o passo deles no chão. Quando as paredes sumiram, o chão se abriu e  pouco a pouco bem lentamente todos também desapareceram, só restaram Anne e Rafael se beijando. Flutuando no nada, porque mais nada importava naquele momento, nada era mais especial do que aquela pessoa naquele momento, ninguém no mundo estava sendo amado tanto quanto Anne amava Rafael naquele momento. Com os olhos fechados Anne podia sentir as pétalas de flores caírem sobre seu rosto, podia ouvir os sinos tocarem nos seus ouvidos, podia sentir o gosto doce da boca de Rafael, seu amado. Era chocante para Rafael sentir um amor forte desses por uma mulher praticamente desconhecida, ele estava arrebatado por ela. Tinha se entregado ao amor quando comprou o anel de compromisso. Pra ele representava mais do que um simples objeto, era um laço eterno entre os dois, algo de sumo importância. E ele se estranhava com isso, não conseguia entender a sua devoção por Anne Marrie, essa mulher mágica, linda e perfeita que algum Deus ou anjo havia colocado no teu caminho, literalmente na sua frente. Era destino? Sorte? Não sabia ele responder. Era doce e calmo estar perto dela, confortável, delicioso sentir teus beijos, teu cabelo, tua boca, olhar nos olhos puros de uma garota que já era mulher. Se o Homem um dia se questionou se existe mulher perfeita, digo em todos os sentidos, O nome da perfeição é Anne Marrie. E Rafael sabia o que tinha nas mãos, que era um tesouro raro achado por poucos.

 

Parabéns Pirata, achou o X finalmente.

Esse dia vai ser longo, ainda mais com a nova convidada que vem para o lanche da galera. Finalmente a bruxa vai vir reclamar seu convite.

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