quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Capítulo 31: Dança Anne Marrie

Lourdes estava vestida com uma blusa branca de babados e uma caça preta e justa nas pernas, Os cabelos negros jogados sobre os ombros, estavam ondulados e armados com laquê, no pulso um grande relógio de ouro balançava enquanto ela gesticulava.
_Nós fizemos um trabalho simples. Eu e minha filha pedimos ao decorador ao mais clássico, inspirado nas decorações dos anos 50 dos paises europeus. Algo elegante, alegre e tão infantil e colorido quanto o natal. Ele conseguiu resgatar para nós algumas fotos, livros e revistas mostrando as idéias que ele teve. Nós encontramos uma foto em um livro que descrevia a decoração de um bordel espanhol dos anos 50. Eu e piedra minha filha ficamos encantada com a fotografia, era tudo bem colorido, havia uma coisa circense na decoração e a gente decidiu optar por essa.
Por cima do rosto de Lourdes escorregou a foto de que ela falava. Na imagem pintada, várias pessoas pareciam brincar, dançar, beber em baixo de uma árvore avermelhada homens vestido de vermelho brincavam de ser Papai Noel, mas traziam no rosto uma pintura branca e um nariz de palhaça. Em cantos espalhados da imagem, mesa postas com mulheres também de vermelho e azul usando na cabeça um gorro felpudo branco, nas vestimentas nada mais nada menos do que meias altas, e corpete justo na cintura. Havia também na foto grande labaredas de fogo saindo da boca de homens. Grandes perna de pau sustentavam cavalheiros elegantes, mas já amarrotados. Uma grande festa.
A foto escorregou tão rápido quanto apareceu, por detrás dela apareceu Piedra, com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo no alto da cabeça e com uma blusa armada por cima de uma blusa segunda pele preta, no fundo vários homens pregando, martelando, colando.
_Eu adorei a idéia do circo no natal, acho que natal tem que ser alegre sabe. Divertido, acho que no inicio ele foi inventado para encantar todo mundo, para que fosse mágico. Crianças adoram circo, e adoram cores, acho que é isso que tem que ser. Natal pra mim é tempo de felicidade, tempo de esquecer dos problemas, pensar no ano que passou, deixa por Reveillon, agora não. Agora é a festa, não é despedida, é época de dar presentes para os amigos e familiares queridos como eu vou fazer. _Disse Piedra sorridente o tempo todo.
Uma breve imagem de homens pregando grandes ramos verdes nas portas, e colocando no quintal uma grande árvore vermelha, passou na frente do rosto de Piedra, e logo em seguida apareceu um homem de cabelos curtos e negros. Trajando uma blusa social rosa, coberta com um colete branco o decorador começou a falar:
_A Lourdes foi muito específica no que ela queria pra decoração desse ano. Ela me ligou e falou que precisava de algo alegre pra esse ano, tradicional, mas ao mesmo tempo diferente. Eu comecei a pesquisar nos livros na internet e encontrei algumas imagens, da decoração de natal da Europa dos anos 50. Ela adorou e a Piedra também. Ai eu comecei esse trabalho, eu fui comprar tudo por aqui mesmo, bem fácil de achar, mas tive que encomendar algumas coisas fora também. Tem algumas coisas daqui do Brasil, por exemplo, as rendas que revestem alguns cantos da fachada da casa, a sacada, e os pilares da varanda, vieram do Ceará. _Ele segurava na mão uma renda vermelha forte e bem amarrada. _A Lourdes não economizou nada pra essa decoração de 2008. Eu já tinha trabalhado com ela há alguns anos atrás, em algumas festas que ela produziu, mas nunca tinha feito um trabalho tão bonito, e tão intenso quanto esse. A pesquisa, os detalhes, as coisas que a gente aprendeu esse ano com a decoração do jardim, foi algo inspirador. Espero que ela ganhe.
Ele sorriu antes de mais imagens tomarem o vídeo. Piedra, Lourdes e o decorador estavam parados olhando e apontando em frente à casa, enquanto vários homens vestidos de azul andavam de um lado para o outro carregando escadas ferramentas, ajeitando enfeites, armações, bonecos, guirlandas, jogando um pouco de material especial, imitando a neve, em cima do jardim com uma máquina. Pendurando estrelas douradas, bolas de todas as cores, esticando grandes fitas formando grandes laços, amarrando cordas, pendurando balões grandes como bolas de praias. E pouco a pouco a casa foi tomando forma. Um grande circo natalino foi o resultado final. Uma outra foto da linda fachada da casa Schreisen, como normalmente era nos outros meses do ano, escorregou para o lado de outra foto da casa agora parecendo uma Espanha natalina. Antes e depois diziam as legendas respectivamente, as fotos ficaram paradas por alguns segundos no vídeo, para que se notasse a diferença.
Lourdes ainda estava sentada a mesa bem em frente ao palco, e se levantou para bater palmas quando o vídeo do making-of da sua decoração natalina acabou de ser exibido.
_Já ganhou, Já ganhou! _Dizia Lourdes aos berros e muito contente. _Agora eu vou lá dar uma olhada nessa Anne. Vou ver se ela está precisando de alguma coisa. Talvez eu convença ela a subir no palco.

Do outro lado do salão, pra ser exato nos fundos do salão, um pouco antes de se chegar a pista de dança, estava a mesa dos Zurück e Piedra se aproximava furiosa. Louísa percebeu a aproximação da garota e já colocou um sorriso no rosto.
_Essa noite está me saindo melhor do que o previsto. _Disse Louísa, fazendo Theodor olhar para onde a filha estava olhando.
Ele viu Piedra se aproximar bufando.
_Louísa, eu espero que não tenha nada haver contigo. _Avisou Theodor.
Piedra chegou a mesa de Louísa, e teve que frear os pés para não derrubar o móvel.
_Por que eu não me surpreendo mais contigo em Louísa? _Disse Piedra rangendo os dentes.
_Oi Piedra tu está linda hoje. _Disse Louísa, num tom totalmente contrário ao de Piedra. Ela estava serena.
_Foi tu não foi? _Perguntou Piedra apertando a barra do seu vestido com força, tentando deixar sua raiva escapar por ali.
_Eu o quê? _Perguntou Louísa, debochada, mesmo sabendo do que se tratava.
_Deixa de ser cínica guria. _Disse Piedra juntando as sobrancelhas. _Eu só não entendo o porquê, alias ninguém nunca entende suas loucuras não é? As razões pra fazer o que tu faz.
_O que tu fez dessa fez Louísa? _Perguntou Theodor duramente, ameaçando levantar da mesa. _O que ela fez Piedra?
_Eu não fiz nada. Eu sou mal incompreendida, eu tentei ajudar, só isso. Eu não tenho culpa de nada. _Disse Louísa fingindo sinceridade no rosto.
_Ela colocou o nome da Anne Marrie na lista para anúncios da noite. _Disse Piedra raivosa.
_Então foi por isso, que ela não apareceu? _Perguntou Theodor.
_Ela tem problemas emocionais, ela não gosta de se expor em público, e graças a tua filha de novo ela foi centro das atenções. _Disse Piedra. _O que tu tem na cabeça Louísa? Sério que não dá pra entender. Primeiro tu coloca ela na capa da Society, isso não se faz. Ela veio pra cá pra isso, pra fugir da imprensa, de tudo que assombra o passado dela. Ela não quer ninguém bisbilhotando a vida dela, achou o condomínio que oferecia discrição segurança, privacidade. Mas escolheu de olhar perto de quem ela iria morar. De tu.
_Eu sou culpada agora. Eu pensei que ela gostasse de aparecer, andando por ai com um garoto mais novo que ela. E ainda tem orgulho disso, sai por ai, de mão dada como se fosse normal. _Disse Louísa.
_É normal. Tu que não é. _Disse Piedra.
_Eu só prego pelos bons costumes, onde todo mundo se respeitava. Eu só faço valer o respeito. _Disse Louísa.
_Louísa, cala a boca agora. _Disse Theodor. _Onde esta a Anne Piedra, eu gostaria de me desculpar pela minha filha.
_A Anne está bem senhor Zurück. Mas não vai ser suas desculpas que vão melhorar as coisas, o estrago já está feito. A Louísa já existe. Não adianta o senhor dizer que vai mandar ela pra longe, por que sempre disse isso e nunca fez. Eu não confio mais no senhor, como não confio na Louísa. _Disse Piedra. Não dá pra se ter um dia de paz com ela por perto.
_Eu sei Piedra, mas eu não sei mais o que fazer. _Disse Theodor.
_Ela é doente, interna, manda pra outro lugar, fechado, um hospital, uma prisão. Qualquer lugar que ela vá ser monitorada, vigiada, sem agredir ou ferir ninguém emocionalmente. _Disse Piedra.
João chegava as pressas atrás de Piedra, e pouco depois chegou Olivier e Juca.
_Piedra vamos sair daqui, a Anne quer te ver. _Pediu João puxando Piedra pela cintura.
_Eu não vou sair daqui até descobri porque ela fez isso, eu quero saber. _Disse Piedra olhando ofensivamente para Louísa, que sorria.
__Vamos Pi, é melhor, deixa isso pra lá, não vale a pena saber. _Disse Olivier segurando a amiga pelo ombro.
_Olha quem chegou pra segurar a louquinha, Oli o bobão e o priminho amado. _Disse Louísa.
_Cala a boca garota! _Gritou Juca.
_Ficou nervosinho é por que é verdade. _Disse Louísa sorrindo. _Como que era heim? Só me diga. Quando vocês eram pequenos, dois priminhos descobrindo um ao outro. Vocês brincavam de médico ou o que?
_Cala a boca Louísa. _Disse Olivier preocupado com a reação que Juca pudesse ter.
_Fale mais alguma coisa, e eu mesmo vou ai te quebrar a cara. _Disse Juca.
_Juca calma. _Pediu Olivier deixando Piedra e segurando o namorado.
_Calma ai rapazinho, não vamos agir com violência, por favor. _Disse Theodor se levantando da cadeira.
_Se isso for preciso, precisamos agira com violência sim senhor Zurück. _Disse Piedra.
_Piedra, por favor. _Disse João segurando a cintura de Piedra.
_João querido, pode deixar ela, ela não vai fazer nada. É uma fracassada, assim como a carreira de modelo dela, que nunca foi pra frente. _Disse Louísa sorrindo. _Cá pra nós né Piedra, tu não é tão bonita assim.
_Louísa, eu vou quebrar a tua cara. _Ameaçou Piedra.
_Calma Piedra, calma! Vamos embora daqui agora. _Disse João puxando Piedra para trás.
_Vamos Pi é melhor. _Disse Olivier ao lado de Juca.
_João meu amor, deixa essa guria de uma vez e vem ficar comigo. _Disse Louísa, se levantando e abrindo os braços sorrindo. _A Piedra não te merece, eu e mereço. Ela é uma fracassada só isso, perdeu o pai, perdeu a carreira, só falta ela perder o namorado.
_Filha da P... _Piedra rangiu os dentes, e conseguiu se soltar dos braços de João. Piedra correu pra cima de Louísa, como um leopardo feroz, Olivier também tentou segurá-la, mas foi inútil, ela estava muito nervosa e aborrecida aquilo alimentava sua força e sua velocidade. Ela estava feroz.
Theodor pareceu surpreso com o ataque surpreso de Piedra pra cima de Louísa, ele não podia calcular o quanto aquilo doía no peito de Piedra, o quanto ela tinha raiva de Louísa. Piedra podia até entender que Louísa tinha sérios problemas psicológicos, mas o que a irritava não era isso, era o fato de não fazerem nada para detê-la, rapidamente ela pensou que se seus protetores percebessem que ela corria perigo, talvez eles tomassem alguma providência, a manteriam distante do Moinho, de preferência pra sempre.
A mão de Piedra chegou tão rápido no rosto de Louísa, que não deu tempo dela se esquivar, o tapa pegou em cheio na bochecha branquinha que logo ficou vermelho vivo, com a marca dos dedos. Louísa era uma idiota, sem experiências em brigas e não sabia se defender, a única coisa que fez foi levantar as mãos à frente do rosto. Piedra se aproveitou disso e agarrou os cabelos da garota. João, Olivier e Theodor seguraram Piedra por trás e tentaram separar as garotas. Piedra escapou e se jogou ainda mais pra cima de Louísa, fazendo-a a cair no chão. A raiva alimentava Piedra como a madeira alimenta a lareira fria, deixando a quente, ameaçadora, poderosa, indestrutível enquanto podia, enquanto tivesse madeira ela queimaria, lançaria chamas, consumiria o ar de calor. Dominada, Piedra passou as pernas por cima de Louísa, e prendeu os braços dela junto ao corpo com as pernas. Piedra não sabia dar um soco profissional, também nunca foi de briga, mas tentou fazer o que tinha visto pela TV. Fechou o punho e enfiou direto no nariz da inimiga. Doeu um pouco os ossos da mão de Piedra, mas a adrenalina que percorria e a estimulava fez a dor desaparecer e a razão sair correndo, sabendo que iria doer novamente, Piedra preparou outro soco e voltou a atingir Louísa no nariz. Os homens pegaram Piedra novamente por trás, e Theodor levantou Louísa do chão. Piedra deu um pinote para frente e novamente conseguiu alcançar o rosto de Louísa, As unhas fizeram um estrago em parte do rosto de Louísa e no pescoço dela também, que logo levantaram grandes vergões avermelhados de onde brotavam grandes fileiras de sangue. Theodor percebeu que a distância das duas ainda não era segura para Louísa e tentou afastar a filha mais, mas Piedra foi mais rápida ela conseguiu agarrar o cabelo de Louísa novamente, mesmo assim Olivier e João puxaram Piedra para trás, eles tomaram grandes passos para trás, até encostar em uma mesa vizinha que balançou com o impacto dos três, mas quando os dois olharam para Piedra ela ainda segurava nas mãos os cabelos de Louísa, que gritava ainda, pois havia sido arrastada até ali. Theodor segurava a filha pelos pés. Enquanto Eleonor escondia o rosto com a mão, aterrorizada com o que estavam fazendo com sua filha querida.
_Vamos embora agora, por favor, vamos embora agora! _Eleonor gritava desesperadamente aos prantos.
Juca foi até as mãos de Piedra com a intenção de abrir os dedos para que ela soltasse o cabelo da garota. Mas ele a subestimou achou que estava frouxo, que seria fácil abrir os dedos dela, Piedra estava forte por algum motivo que Juca desconhecia, ela estava motivada o bastante. Mesmo assim diante do desafio, ele aplicou mais força e assim conseguiu abrir os dedos dela com os seus, livrando assim os cabelos de Louísa das mãos de Piedra. O que restou apenas foram os tufos de cabelo loiro na mão de Piedra.
Louísa estava no chão, com o cabelo embaraçado e seu vestido amassado devido a queda, ela sentia seu rosto arder pelos arranhões que Piedra deixou em seu rosto, ela sentia uma dor forte na parte superior do seu nariz, a sensação era quente e escorria até sua boca, quando Theodor a ajudou a se levantar, ela pos a mão direto no nariz e ao levar a mão aos olhos viu uma mancha vermelha, então viu que estava sangrando. Sua boca também tinha um gosto estranho, alguma substância de origem desconhecida, mas ela já sentira aquele gosto antes, quando batia a cabeça com muita força em alguma coisa. Provavelmente essa sensação vinha dos puxões de cabelo que tomou da garota Piedra, seu coro cabeludo ardia como se tivesse queimando, uma dor física avisava Louísa de que ela havia perdido alguns fios de cabelo diretamente da raiz.
_Filha, vamos embora, tu está muito machucada. _Disse Theodor segurando uma Louísa destruída pelo braço.
_Vamos embora, por favor, que vergonha! _Repetia Eleonor que escondia o rosto o tempo todo com a bolsa de mão que carregava.
Piedra ainda fervia de raiva e poderia muito bem voltar a atacar Louísa, e por isso Olivier e João segurava-na, um de cada lado. Juca observava tudo apreensivo.
_Parabéns Piedra, tu se mostrou fraca, eu vou dar meu troco, só que eu sei lutar com outras armas, eu uso o cérebro, não sou uma modelo burro igual a ti. _Disse Louísa que sem perceber derramava lágrimas, e tentava enganar o corpo, mantendo um rosto sereno. Mas não estava dando muito certo. O sangue escorria do nariz até o pescoço, e agora os arranhões estavam altos e rosados na pele clara de Louísa e no meio deles uma fileira fina e vermelha do sangue que surgia devagar por sobre os vergões. A marca dos dedos abertos ainda estavam vermelhas e latejavam no rosto da garota.
_Cala a boca Louísa, e vamos embora daqui. _Disse Theodor puxando o corpo ferido da filha em rumo a porta.
_Tu não vai fazer nada? _Perguntou Louísa ao pai.
_O que tu espera que eu caia no braço com ela aqui no meio da festa? _Disse Theodor com pena da filha naquele estado. _Lógico que não. E além do mais, Tu estava merecendo essa lição.
_Eu não acredito, meu próprio pai, contra mim. _Disse Louísa com mais raiva do pai do que de qualquer coisa.
_Eu lhe avisei Louísa, das conseqüências dos seus atos, é uma pena que tu tenha chegado a este ponto. _Disse Theodor tentando se eximir se todo sentimento de amor que pudesse transmitir ao falar.
_Mas pai, foi ela que me atacou. _Disse Louísa se virando para o pai, encarando o nos olhos.
_Isso foi um erro meu, tu tem problemas sérios de comportamento, eu deveria ter agido antes. Escutar tua mãe foi um erro, um erro que teve conseqüências. _Disse Theodor friamente evitando olhar para a filha, para que ela não percebesse que seus olhos estavam molhados.
_Isso não é justo. _Gritou Louísa, se livrando dos braços do pai. _Eu vou acabar contigo Piedra, contigo e com esse seu clubinho da amizade.
Louísa se aproximou de Piedra novamente, o bastante para levar outro tapa, e não deu outra. Piedra que estava com as mãos livres estalou um tapa do outro lado onde não tinha batido antes. Louísa virou o rosto.
_Pronto, pra equilibrar. _Disse Piedra entre dentes.
_Eu vou te matar Piedra, eu vou acabar contigo. _Disse Louísa se levantando com o cabelo tampando o rosto. Parecia uma louca ao falar. Entre a cortina de cabelo loiro que ainda restaram na cabeça da garota era possível ver seu olho perfurante cortando Piedra.
_E eu vou estar lá pra te ver falhar, cair nas suas próprias armadilhas. Porque no final quem vai sofrer tudo é tu, sozinha. _Disse Piedra raivosa enquanto os garotos aplicavam mais força para segura-la no lugar.
_Vamos embora Louísa. Chega de ameaças vazias. Não piore a situação. _Disse Theodor pegando o braço direito de Louísa e puxando rumo à saída.
_Me solta! Ela precisa ouvir. _Disse Louísa tentando mesmo sem forças se livras do aperto do pai.
_Não seja ridícula Louísa, já não apanhou o bastante? _Perguntou Theodor, severo. _Eleonor leve ela até o carro, pelos fundos, a frente está cheio de fotógrafos, não quero nenhum escândalo na minha família, pode arruinar meus negócios.
_Eu saindo pelos fundos? Isso é inaceitável. _Disse Eleonor abraçando Louísa.
_Assuma os erros da tua filha e saia pelos fundos sim. É isso que tu ganha pelo jeito que tu criou ela. Tudo culpa minha e sua. Agora que venham as conseqüências de nossa irresponsabilidade com a Louísa. _Disse Theodor.
_E tu, aonde vai? _Perguntou Eleonor chorando. Louísa chorava no ombro da mãe.
_Eu vou me desculpar com a Lourdes e com a Piedra. _Disse Theodor. _E espero que dessa vez seja a ultima vez.
_Pedir desculpas? Mas a errada aqui foi ela. _Disse Eleonor rispidamente.
_Foi só uma reação diante da ação. _Disse Theodor. _Tudo tem conseqüências Eleonor. E nós vamos ter que assumir todas e agüentar firme. Louísa foi longe demais. A muito tempo ela já passou dos limites, eu que deixei ela solta pra aprontar. Minha culpa. Nossa culpa.
_A Louísa tem razão. Isso não é justo. _Disse Eleonor chorando. _Não é justo com nossa família.
_Já chega! _Disse Theodor rígido. _Agora faça o que eu mandei e vá para os fundos, me espere lá.
_Eu não vou sair por trás. _Disse Eleonor.
_Então fique a vontade pra sair pela frente, e aparecer na primeira página dos jornais de amanhã, com a filha pingando sangue. _Disse Theodor.
Eleonor olhou para os olhos de Theodor um pouco antes de lançar um olhar fulminante em Piedra que ainda tinha os meninos ao seu lado, preparados para qualquer surto de raiva possível, e em seguida saiu abraçada a filha, em direção a cozinha do salão.
Theodor encarou as mãos sujas com o sangue de Louísa, fechou os olhos procurando forças para ser totalmente frio e não se alterar com os garotos, até que então ele se virou e encarou os garotos. A passos lentos ele se aproximou dos garotos. Ao se aproximar Theodor olhou envergonhado para a multidão que assistiu a tudo desde o começo. Todos rodearam a pequena arena de briga, e dentro estavam Piedra, João, Olivier, Juca e Theodor, que agora já estava bem perto dos garotos.
_Eu não aprovo o que tu fez Piedra, não gosto de violência. Mas também não tiro os seus motivos por ter feito o que fez. _Theodor respirou fundo e fechou os olhos antes de recomeçar a falar. _Eu peço desculpas por tudo de ruim que a minha filha causou. É duro o que eu vou dizer agora, mas é verdade, Eu não digo que desejaria que isso acontecesse antes, mas fico feliz por ter acontecido. Eu venho tentando lutar contra isso tem muito tempo, admitir que a minha filha tem problemas emocionais sérios é bem difícil. Eu poderia ter feito alguma coisa antes, internado, tratado, qualquer coisa, mas no fundo eu tinha esperança de que ela melhorasse, esquecesse de tudo e seguisse a vida dela normalmente. Foi burrice minha não enxergar a verdade. Eu tapei o sol com a peneira.
Theodor deixou escapar uma lágrima.
_Eu vou mandar a Louísa pra algum lugar tranqüilo, pra ela se tratar, ser medicada, ser ouvida. Enfim, eu vou procurar um jeito de ajudar a minha filha e ajudar a todos nós ao mesmo tempo. Eu tenho que ir agora. Desculpem.
Theodor foi em direção a cozinha também atrás da mulher e filha.
Piedra, João, Olivier e Juca ficaram chocados com a declaração de Theodor.
_Fico feliz por ter acontecido? _Disse Juca. _Você tem certeza Oli que ele é pai dela?
_Tenho Juca. _Disse Olivier soltando por fim Piedra.
_Tá mais calma agora Pi? _Perguntou João.
_Não. _Disse Piedra, passando a mão no cabelo para ajeitá-lo. Ao contrário de Louísa Piedra não se machucou nem um pouco, nenhum simples arranhão. Ela só estava desajeitada.
_Eu não vou nem comentar o que tu fez Piedra. Foi ridículo. Tu sabia que era isso que ela queria? Ela queria te provocar. _Disse João.
_Eu gosto de realizar o desejo das pessoas. Pode me chamar de Jeannie. _Disse Piedra passando a mão no cabelo e no vestido.
Juca sorriu.
_Juca vamos até minha tia. _Disse Olivier.
_A gente também vai. A Piedra precisa se acalmar. _Disse João.
_Acabou a festa gente, circulando. _Disse Juca. _Foi bom enquanto durou eu sei, mas agora acabou. Vamos comer e beber.
Os quatro seguiram para trás do palco, rumo aos camarins.
A multidão formada em volta dos dois foi se dispersando aos poucos. Os cochichos começaram rápido, e se espalharam facilmente, e como na brincadeira, o fato verdadeiro foi destorcido. “Uma garota brigou por causa da Anne Marrie, porque aquela outra loira colocou alguma coisa na bebida dela, por isso que ela não pode fazer os anúncios.”

Quando os quatro chegaram ao camarim onde os outros estavam, Anne estava sentada ao lado de Patrícia em um sofá conversando com Rafael, bem calma e aparentemente feliz novamente, com seu belo e habitual sorriso no rosto. Piedra já estava novamente arrumada, seu vestido ajeitado seu cabelo devidamente no lugar, ela vinha caminhando tranquilamente, mas ainda estava nervosa, sua mão tremia. João vinha ao seu lado segurando seu ombro, Olivier e Juca vinham juntos logo atrás um ao lado do outro, Olivier arriscou pegar a mão do seu namorado, mas Juca se esquivou e deu uma olhada feia para o garoto.
_Hei Pi, e ai? Como foi o anúncio? _Perguntou Patrícia sorrindo.
_Foi ótimo. Eu e o Olivier somos concorrentes. _Disse Piedra tentando disfarçar o nervosismo e a tremedeira, com a voz meio embargada.
_Sério? _Perguntou Patrícia sorridente sem acreditar. _Parabéns Oli, tinha certeza de que tu conseguiria.
Patrícia correu pelo camarim e abraçou Olivier, sem que se desse conta da situação. Olivier a abraçou de volta, mas quando olhou para Juca o garoto estava de cara fechada e parecia aborrecido com a situação. Olivier afastou Patrícia o mais gentil que pode. Patrícia então se tocou que estava perto demais, mesmo sem saber do namoro de seu amado com Juca, e se afastou novamente e ficou ao lado de João.
_Desculpa, a intimidade. É que eu fiquei feliz por ti. _Disse Patrícia envergonhada.
_Tudo bem. _Disse um Olivier sorridente apesar de não rir por dentro, ele olhava para Juca o tempo todo, como se sentisse ameaçado.
_Tu não vai mesmo contar a eles o que aconteceu? _Disse João chateado com Piedra.
_João, eles não precis... _Começou Piedra.
_O que aconteceu Piedra? Conta logo. _Disse Rafael sorridente e curioso.
_Está bem. _Disse Piedra virando os olhos. _Não foi nada demais.
_Nada demais? Você quase arrancou a cabeça daquela garota fora. _Disse Juca sorrindo. Ele se divertiu muito com a briga.
_Quase arrancou a cabeça de quem? Fala Piedra? _Pediu Rafael. _O que aconteceu?
_Deixa que eu falo. _Disse João sério. _A Piedra brigou com a Louísa de tapa.
_Tapa, soco e arranhões. _Riu Juca. _E eu não diria que foi uma briga, a Piedra deu uma surra naquela menina.
_Guri, dá pra parar de interromper? Tem gente aqui que não sabe o que aconteceu. _Disse Patrícia zangada.
Juca assentiu com a cabeça e mesmo assim ele se divertiu e riu baixinho, mas quando olhou a cara feia de Olivier ele, fingiu estar sério.
_Piedra, é sério. Conta logo. _Disse Rafael não escondendo sua curiosidade.
_Vocês acreditam que foi ela que colocou o nome da Anne na lista para o anuncio dos finalistas? _Perguntou Piedra.
_Então a briga toda foi por isso? _Disse Juca. _Pelo amor de Deus galera, quantos anos vocês tem? 10, talvez 8. Aquela surra toda por causa disso.
_Juca, já chega, você não entende a situação e não conhece a Louísa. Então fica quieto e escuta, não atrapalha. _Disse Olivier já revoltado.
_Ela me disse que tinha colocado o nome da Anne na lista. E daí? _Disse Juca. _Nem ela achou isso demais. Porque é ridículo. Até agora eu não estou acreditando que a briga toda foi por causa dessa bobeira.
_Já chega Juca, eu já disse. _Gritou Olivier. _Eu vou voltar pra mesa da minha família galera, eles devem estar me procurando. E você vem comigo.
Olivier puxou Juca pelo braço, o garoto saiu do camarim com uma cara de tédio, como se fosse se chatear em breve.
_Agora está bem, conta de uma vez Piedra o que aconteceu. _Disse Patrícia também curiosa e aliviada por Juca ter saído de lá. Ela não gostava nem um pouco dele.
_Eu fiz o discurso, fiz o anuncio, normalmente, não estava ligando as coisas. Na verdade nem estava pensando em quem poderia ser, não quando eu estava lá em cima. Mas ai quando acabou tudo, eu desci pra minha mesa com a minha mãe e fui explicar pra ela o que havia acontecido contigo Anne. Foi ai que desconfiei da Louísa, quem mais seria? Ela vem querendo ti prejudicar nos últimos tempos. Não sei por que tu é o alvo dela no momento Anne. Mas é. Eu fiquei com tanta raiva daquela guria, mas tanta, que foi a única coisa que me passou pela cabeça. Eu tive que ir falar com ela, perguntar a razão, eu precisava saber o porquê. _Piedra estava serena aparentemente, mas sua voz era uma mistura de emoções, ela se sentia feliz pelo que fez, aliviada ao certo, mas ao mesmo tempo a raiva ainda estava ali. Ela estava em êxtase, um transe de adrenalina, suas mãos ainda tremiam de leve. _Mas ela não disse, não disse nada. Ficou lá como sempre, rindo, debochando, provocando. Eu não resisti e parti pra cima dela.
_E aí? _Perguntou Rafael sorrindo de felicidade.
_E ai, que a Piedra machucou ela feio, de verdade. Ela saiu daqui sangrando gente. _Disse João preocupado.
Anne não escondeu a felicidade e sorriu como não fazia a tempos. Rafael a seguiu juntamente com Piedra.
_Mas ela está bem? Será que ela vai ficar bem? _Perguntou Patrícia preocupada.
_Não sei Pati, ela saiu daqui muito machucada, com certeza o senhor Zurück vai dar uma passadinha no hospital antes de ir pra casa. _João também parecia preocupado e nem ele nem a irmã riram da situação.
_Qual é? Vocês dois estão mesmo preocupados com aquela guria? Depois de tudo que ela já aprontou pra gente? _Disse Rafael se divertindo.
_A gente não pode ficar alimentando a raiva dela desse jeito Rafael, nem a Piedra nem ninguém aqui tem o direito de agredi-la. Isso é o que ela sempre quis, agindo desse jeito, a gente está sendo pior do que ela. A gente tá jogando no mesmo nível, ou talvez num nível mais baixo. Violência é o limite, ela nunca feriu ninguém. _Disse João em seu sermão.
_Ela quase matou sua irmã. _Disse Rafael sério diante do sermão do amigo.
_Rafael, todo mundo aqui sabe que não foi ela que me deu aquela droga, eu consegui ela na festa da casa do André. Ela não teve nada haver com isso. _Se defendeu Patrícia.
_Mas desde sempre ela vive atrás da gente, perseguindo, prejudican... _Começou Piedra.
_Ela é uma criança ainda. Vocês não percebem que ela tem problemas psiquiátricos? Ela é doente. Ela acha que nós somos os brinquedinhos dela, mas pra ela nós estamos quebrados, ela só está tentando concertar. Ela vive de fazer joguinhos. _Disse João.
_Eu não estou acreditando João, que tu está defendendo está sujeita. _Disse Piedra.
_Eu não estou defendendo a Louísa, eu só estou fazendo uma critica contra nós, o modo como a gente está começando a agir com ela. _Disse João. _Se ela é uma louca, vamos fazer de tudo pra ficar longe dela. Nos defender, não atacar.
_Eu concordo com meu irmão gente. _Disse Patrícia.
_E de que outra forma nós faremos isso? Ela mora ao nosso lado, vai às mesmas festas que a gente. _Disse Piedra.
_O João só está com pena pela surra que ela levou. Ele tem o coração muito mole, só isso. _Disse Rafael.
_Não é essa a questão, Rafael. _Disse João.
_Não sei se uma surra foi a solução, mesmo porque tenho quase certeza que ela vai fazer de novo, e cada vez pior. É disso que o João está falando. Isso não ajuda em nada a gente. _Disse Patrícia. _Ele não está defendendo ninguém, nem eu.
_Eu entendi o que vocês quiseram dizer. _Disse Anne Marrie. _Mas a Piedra mandou bem na porrada. Dali, menina de ouro!
Rafael segurou o riso, mas não por muito tempo. Ele começou a rir e Piedra o seguiu, assim como Anne e também Patrícia, João virou os olhos na órbita, mas esticou a boca num sorriso, não gargalhou, mas achou engraçado no final, perverso, mas engraçado.
_Ah, e eu já ia esquecendo Pi, tua mãe saiu daqui um pouco antes de vocês chegarem. Ela tinha que correr, só passou aqui para dar uma olhada na Anne, ver se ela estava bem. Ela tinha que voltar correndo pro palco, ainda tem uma banda. Ela foi anunciá-los. Ela pediu, insistiu pra Anne ir, mas tu já sabe não é, como ela fica em relação as pessoas. _Disse Patrícia.
_E quanto a nós Anne, nós somos um grupo bem grande!? _Disse Rafael brincando.
_Eu tenho problemas com pessoas. E quem disse a vocês que vocês são humanos. _Anne riu.
Eles a acompanharam.
_Quem vai tocar? _Perguntou João.
_Ah, é uma banda daqui mesmo do Moinho. Eles procuraram minha mãe e pediram pra ela um espaço hoje pra tocar. Ela gostou do som deles e os convidou pra tocar hoje. _Disse Piedra. _Eu também ouvi eles tocando, são muito bons.
_E qual o nome da gurizada? _Perguntou Rafael.
_A banda deles se chama Moroles. _Disse Piedra. _Eu perguntei o que significava, e eles me disseram que é brincando com o inglês sabe? Tipo More or Less, mais ou menos em português. Entenderam? Moroles? Eles são os Maisoumenos.
_Legal. _Disse Anne sorrindo.
_Me concede esta dança, bela dama? _Brincou Rafael se levantando e oferecendo a mão para a Anne.
_Claro, lindo cavalheiro. _Anne sorriu e segurou a mão de Rafael, aceitando o convite.
Os dois deram alguns passos no camarim.
_Então vamos. _Disse João segurando a mão de Piedra. _Vamos tentar aproveitar o resto de noite que ainda temos.
_E quando vai ser feito o anuncio do ganhador do concurso? _Perguntou Patrícia seguindo os dois casais de volta para o salão.
_Logo depois do show dos Moroles. Eu provavelmente vou ler o nome vencedor, e espero que seja o meu. _Disse Piedra ao lado de João, virando a cabeça pra falar com Patrícia que estava atrás dela.
_Eu espero que o Oli ganhe. _Disse Patrícia.
_Sua traidora. _Piedra soltou o braço de João e levantou os braços imitando um golpe de karatê.
As duas riram e seguiram de braços dados para a pista de dança, junto com os outros.

Theodor saiu do escritório depois de beber uma boa dose de vodca pura. Ele só queria descansar depois de uma noite tão agitada. Sua cabeça doia de tantas culpas, desculpas, pensamentos, arrependimentos. Ele passou pela sala e Eleonor estava sendo servida pela empregada, ela estava tomando um chá de camomila.
_Onde está a Louísa? _Perguntou Theodor.
_A pior noite da minha vida. _Gritou Eleonor, assustando a empregada que logo tratou de sair da sala de estar correndo para cozinha.
_Eu não vou discutir contigo agora Eleonor. _Disse Theodor. _Eu só quero conversar com a nossa filha antes de dormir.
_Primeiro eu vejo minha filha ser espancada e o pai dela não fazer nada, segundo eu tenho que sair pelas portas do fundo da festa, pela COZINHA, como se fosse uma qualquer, e terceiro, passar num hospital no meio da noite, como se fosse uma doente. Me senti doente Theodor. _Disse Eleonor, colocando a xícara na mesinha de centro.
_Ela passou dos limites Eleonor. _Disse Theodor calmamente.
_TU, que passou dos limites Theodor. _Disse Eleonor se levantando num pulo. _Ela é nossa filha.
_E não por isso ela vai se safar de tudo Eleonor. _Disse Theodor.
_Ela foi surrada na tua frente e tu não fez nada. _Disse Eleonor começando a chorar.
_Choro não Eleonor. _Disse Theodor. _Tu tinha que ter mais pulso, ser mais firme com tua filha, é por causa dessa moleza que ela está fazendo o que está fazendo.
_Eu não consigo, ela é meu bebê. _Chorou Eleonor se sentando no sofá de novo.
_Eleonor, fica ai, tome o seu chá, se acalme. _Disse Theodor. _Eu vou tentar falar com a Louísa agora, antes que ela durma. Depois a gente conversa. A Louísa vai ser internada amanhã de manhã ,eu já liguei pro nosso médico, ele virá pela manhã para encaminhá-la para a clinica.
_Só não faz ela sofrer mais. _Disse Eleonor chorando antes de afundar o rosto nas mãos.
Theodor assentiu com a cabeça e fechou os olhos, já sofrendo pela grande conversa que teria com a filha. Tendo certeza de que teria de se segurar para não brigar com Louísa.
Theodor começou a subir as escadas pensando em como teria essa conversa. Como diria a filha que ela era louca e deveria se tratar, para o bem dela e de todos, antes que tudo piorasse. Theodor abriu a porta e mal abriu a boca para chamar pela garota, quando percebeu que dentro do quarto não havia ninguém.
_Louísa. _Gritou Theodor enquanto adentrava o quarto procurando pela garota. Ele foi até o closet de Louísa, mas nada encontrou lá. Procurou no banheiro, mas lá estava vazio também.
Ao voltar para o quarto, Theodor achou em cima da cama um pedaço de papel dobrado. Ele mais que depressa o pegou e o abriu:

Querido paizinho,
eu acho que você estava certo com relação as grades na janela, tu deveria me prender, assim eu não fugiria com tanta facilidade. Eu sou um animal, e animais deveriam ficar presos, não é verdade? Mas não se preocupe, eu fui a uma festinha, acho que a minha noite ainda não acabou. Mas assim que fizer o que tenho de fazer eu volto pra casa, ai o Sr. Theodor vai poder me mandar pra onde quiser. Até para um manicômio, já que todo mundo acha que eu sou doida. Combinado assim?
Até mais papai, não me espere acordada.

Piedra, João, Patrícia, Olivier, Juca, Rafael e Anne, estavam curtindo o som da banda Moroles quando Louísa chegou pelos fundos. Os sete dançavam felizes, apesar dos últimos acontecimentos, e a noite se transformou magicamente em uma noite agradável, tudo porque Louísa havia se retirado da festa. Alguém avisa pra eles que a Louísa voltou? Dança Anne Marrie! Aproveite a festa! Porque daqui a pouco você não vai ter mais motivos pra comemorar. Nem você e nem ninguém.

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