domingo, 11 de maio de 2008

Capítulo 2: O Abraço de Anne Marrie

Alice pegou o telefone e discou o número de casa enquanto olhava sua irmã correr para a janela e abrir as cortinas, seu grande sorriso ainda perturbava Alice, com os olhos fechados Anne sentia a brisa leve no rosto e seus cabelos dançavam com o vento:

_Casa dos Deville. _Disse Joana no outro lado do telefone.

_Sou eu Joaninha, Alice. _Disse Alice enquanto fazia sinal para Anne sair da janela. _Cadê o papai?

_Olha menina ele não apareceu aqui não, a chave do carro dele tá lá no quarto no lugar de sempre e ele não tá lá também não. _Disse Joana.

_Joana liga lá pra clínica pra mim, vê se ele...

Do outro lado da linha o som da porta se abrindo foi abafado com a voz de Joaninha:

_Alice, ele acabou de chegar aqui com um homem, parece o chaveiro. _Disse Joana baixinho.

_Quem é Joana? _Disse Otton.

Alice escutou a pergunta do pai pelo telefone.

_Diga que foi engano Joana daqui a pouco eu chego aí. _Disse Alice baixinho, como se o pai a pudesse escutar.

_O senhor me desculpe, mas não mora nenhum Gilberto aqui não viu. _Disse Joana com a voz exageradamente aumentada pouco antes de desligar o telefone.

Alice permaneceu com o telefone na orelha por alguns segundos e lentamente colocou o telefone no gancho. Olhou para a irmã e voltou com o telefone pro ouvido.

_Você quer comer alguma coisa Anne? _Perguntou Alice para Anne que ainda estava na janela agora olhando atentamente a vista.

Mas não obteve resposta.

Anne? _Disse Alice aumentando o tom da voz, a alegria de Anne estava a perturbando.

Anne olhou assustada.

_O quê? _Disse Anne automaticamente.

_Vai querer alguma coisa lá de baixo? _Perguntou a irmã.

_Não, tô sem fome. _Respondeu calmamente.

Anne voltou a encarar a vista e agora com as mãos sobre o cabelo continuou sua reverência à paisagem.

_Hotel Royal. Serviço de quarto. Boa tarde. _Disse a recepcionista.

_Eh... Você poderia trazer um sanduíche natural e um suco de frutas, por favor. _Disse Alice enquanto olhava para a irmã distraída na janela, botou a mão sobre o telefone e a boca e continuou. _E eu gostaria que me fosse avisado imediatamente caso minha irmã saísse do hotel, eu já estou descendo, é porque estou deixando minha irmã hospedada aqui e ela ainda é menor, caso ela venha a sair do hotel eu gostaria de ser avisada imediatamente. Meu nome é Alice Marrie, ao passar pela recepção deixarei meu telefone de contato, tá ok?

_Claro Senhorita! É só deixar seu telefone conosco que a gente lhe avisara a qualquer imprevisto ocorrido. _Disse a recepcionista.

_Obrigada. _Agradeceu Alice.

Alice largou o telefone sobre o gancho a fim de chamar a atenção da irmã na janela.

Anne olhou para Alice que a encarava, ela então fechou as cortinas e sentou na cama encarando o rosto da irmã, esperando o sermão.

Alice passou a mão sobre o rosto e encarou a irmã de volta:

_Anne, eu não tô entendendo. Seria demais falar isso, mas parece que você tá adorando isso tudo. Parece que foi armado. _Disse Alice calmamente, como costumava falar. _E eu te conheço muito bem Anne sei que você seria capaz disso, já vez tantas coisas piores.

_Do que você tá falando Lice? _Disse Anne com um sorriso de lado.

_Para de rir menina, vê se cresce, já tá na hora sabia? _Disse Alice. _Quando essa estória toda começou eu ti avisei, eu disse pra você parar, o Humberto não vai aceitar esse filho.

_Você não conhece o Humberto, nem sabe como ele é amoroso. _Disse Anne.

_Ah conheço sim, eu conheço muitos Humbertos, ele tá na faculdade já e não vai largar tudo, abrir mão da carreira dele pra virar pai de família, mas não vai mesmo. Anne acorda, deixa só eu te fazer uma pergunta. Tem muito tempo que você foi pra cama com ele?

_Tem, mais ou menos uns meses, uns... dois meses, sei lá. _Disse Anne.

_Então você já deve estar com uns dois meses de gravidez. Há quanto tempo você desconfia? _Perguntou Alice.

_Dois meses, depois da nossa primeira vez. _Disse Anne tranquilamente.

_Da sua primeira vez né. Anne esse cara pega essas menininhas tudo por aí, ele não vez a mesma coisa com a Juliana? _Disse Alice.

_Mas ele largou ela pra ficar comigo. _Disse Anne orgulhosa.

_Não, não foi por sua causa não, foi por que ela ficou grávida igual você agora. _Disse Alice.

_Mas ele já tava saindo comigo quando a Ju ficou grávida. _Disse Anne em defesa de Humberto.

_Disso eu sei. Mas você acha que ela sabia disso, que o namorado dela estava saindo com sua melhor amiga. _Disse Alice. _Você tinha que ter me falado Anne, quando começou a desconfiar da gravidez, sei lá a gente pensava eu algo pra fazer antes, na pílula do dia seguinte, sei lá, agora é tarde demais.

_Tarde nada, a Ju tentou tirar e...

_E você sabe o que aconteceu com ela né? Quase morreu. _Disse Alice. _Chegou tendo hemorragia lá na clínica do papai.

_Eu sei, ela ficou um tempo sem ir à aula. Eu lembro. _Disse Anne.

_Era pra você estar do lado dela nessa hora e não com o namorado dela. _Disse Alice.

_Mas o pai dela não colocou ela pra fora de casa, igual o meu. _Disse Anne.

_É, mas eu acho que o pai dela nem sabe que ela tava grávida. A mãe dela pagou tudo e não contou nada pra ele, se não acho que ela estaria na rua igual a você. _Disse Alice.

_Ainda bem que ela não saiu de casa, se não eu tenho certeza que ela ia atrás do Humberto pra morar com ele e eu ia perder o namorado. _Disse Anne.

_Anne que horror, você só consegue pensar em você. _Disse Alice enquanto se aproximava da irmã na cama. _E você acha que ela não tentou morar com o safado não, se bobear foi ele que deu o remédio pro aborto pra ela e a menina quase morreu. Anne ele não aceitou a criança da Juliana e não vai aceitar a sua e nem você.

_Ele não gostava dela Lice, ele me falava. _Disse Anne contente. _Mas de mim ele gosta, é de mim que ele quer ter um filho, é por isso que ele pediu pra Ju tirar.

_Eu não vou mais tentar te convencer de nada, só não quero que você vá falar com ele sozinha ouviu. Me espera e talvez amanhã, eu consigo dar uma fugidinha lá da faculdade aí eu vou com você, mas nem fique felizinha se você pensa que vai morar com ele. Nem pergunte pra ele isso, a gente só vai contar pra ele e pronto. Somos só eu e você agora, o papai mais dia ou menos dia vai voltar atrás e aí a gente vai cuidar da criança, só nós e acabou. Entendeu Anne?

Anne balançou a cabeça em sinal positivo, mas por dentro Anne tinha seus próprios planos para o futuro.

Alice continuou o sermão, mas Anne nem prestava atenção, sua imaginação viajava por vários lugares, seus planos, sua vida dali em diante como seria linda e feliz, ela ia ter sua própria família, seu próprio filho, sua casa. Ela seria feliz a seu modo com seu grande amor, com seus dois amores, isso é claro se Humberto quisesse ser pai. Se não ela estava preparada para fazer qualquer coisa para continuar com seu amor. Agora ela entendeu o que o velho Silva disse na farmácia mais cedo.

O lanche chegou no quarto e Alice foi embora logo depois de ter certeza que Anne havia comido tudo. O que não foi difícil, ela estava sem almoço e não havia comido nada desde o café da manhã e já passava das 4 da tarde.

Anne foi até a mala e cuidadosamente retirou suas melhores peças de roupa e na frente do espelho colocou uma por uma sobre o corpo, ainda era cedo para ir encontrar Humberto, ele chegava em casa por volta das onze da noite. Ela passou a tarde toda se aprontando e se arrumando para ver Humberto, o novo papai.

Por volta das 8 da noite Anne havia acabado de se arrumar. Com um vestido amarelo até os joelhos, um sapatinho por cima das meias brancas até a canela, os cabelos soltos até o meio das costas, a maquiagem leve sobre os olhos, as bochecha rosadas se destacavam sobre a pele branca, sobre a boca um leve brilho rosado. E assim como uma boneca de porcelana Anne estava sentada sobre a cama e esperando pelo resto da noite, em uma das mãos apertava o dinheiro que guardava da última mesada, e ao seu lado a mala antiga que ganhara da mãe estava feita e pronta.

Anne soava nas mãos enquanto descia pelo elevador, molhando o dinheiro apertado na mão. A mala ficou no quarto esperando sua volta. Ao sair do hotel, alguns homens a olhavam tamanha era sua beleza e vaidade. Com as mãos delicadas acenou para um táxi na porta do Hotel Royal e delicadamente entrou no carro que seguiu pela grande cidade de São Paulo. Anne admirava as luzes, nunca havia saído a essa hora sozinha, a grandiosidade dos prédios, as pessoas andando na calçada, os casais namorando nas praças, a lua brilhando no céu, que mais parecia um manto de veludo azul escuro adornado com pequenos diamantes. Naquele momento tudo para Anne estava perfeito, tudo era poesia, o ar tinha cheiro de rosas. Ela às 11 horas da noite andando pela cidade, sem ninguém para cobrar nada dela, sem ter que inventar mentiras depois, indo de encontro com seu amado, lhe contar uma grande coisa, ainda pequena, mas grande na responsabilidade. “Responsabilidade” uma palavra que Anne adorava dizer, e pensar que ela possuía, lhe chegava à mente que ela já era adulta, a liberdade, também lhe dava essa ilusão. E o carro cortava a cidade lentamente e Anne no banco de trás com os olhos grudados no vidro imaginando um mundo só dela.

Já na portaria do prédio de Humberto, Anne aguardava com as mãos a frente do corpo, o namorado chegar da universidade. O sorriso estampado no rosto desapareceu quando já se passava da meia noite e Humberto ainda não havia chegado. Sentada no meio fio com os pés na sarjeta ela tentava imaginar milhões de coisas, milhões de razões para o atraso do seu amado. Prova, trabalho, amigos, Juliana, Amanda, Flávia, Sandra, Roberta. O sorriso agora dava lugar ao desespero, Anne naquele momento estava lembrando das palavras de sua irmã, que por mais que fossem verdadeiras, ela mesma tentava não acreditar. Humberto não havia namorado só ela e sua ex-amiga Juliana, Anne sabia muito bem, que mais da metade do colégio havia saído com ele, fora as garotas da faculdade que ela nem tinha conhecimento, mas sabia muito bem que uma Poliana da mesma sala que ele, foram amigos de infância, e tinha sido noiva dele há um ano atrás.

Na cabeça dela o futuro começou a ficar imprevisível novamente, a cada minuto na frente daquele prédio um pedacinho do seu sonho de família se quebrava.

A chuva começou a cair devagar, e Anne viajando em suas idéias, só percebeu quando uma gota caiu sobre seu rosto delicado. Tentando se proteger da chuva Anne correu para baixo de uma árvore. O porteiro do prédio de Humberto, observando a situação daquela bela menina vestida de amarelo, convidou Anne para entrar na portaria, para evitar que ela se molhasse mais.

Anne agradeceu o porteiro e correu para a portaria.

Waldo o porteiro, ficou fazendo companhia para a pequena menina, sem palavras ele admirava o corpo de Anne sob o vestido amarelo molhado. Ela sorria para ele naturalmente tentando rir da situação, mas nem reparava que Waldo tinha más intenções e maus pensamentos enquanto fitava o corpo de mulher dela e a calcinha colorida que se revelava de baixo do vestido que agora estava totalmente transparente. Passando as mãos sobre os cabelos a fim de secá-los mais rápido antes que Humberto chegasse e a visse daquele jeito, ela sentia as palavras da irmã batendo em sua cabeça, colocando o orgulho dela dentro de uma mala junto com seus sonhos e jogando no rio mais profundo que existe. Enquanto Waldo não tirava os olhos de Anne Marrie, que desconfiada colocou os braços sobre o peito tentando esconder os seios, que ela agora havia percebido que estavam à mostra:

_Oh moço? _Começou Anne. _O senhor sabe que horas o Humberto Fonseca vai chegar?

Waldo percebeu que estava dando na cara sua tara pelo corpo de Anne e então como despertando de um sonho, no susto disse:

_Oi. O que a senhorita disse?

_Eu perguntei, se o senhor sabe que horas que o Humberto do 602 vai chegar? _Disse Anne envergonhada, e tentando falar mais com mais força na voz para ver se o porteiro desconfiava e parava de olhar pra ela.

_Mas ele não saiu não senhora. _Disse Waldo olhando para o teto, torcendo o olho para não olhar para o corpo de Anne. _Chegou aí de tarde e não saiu mais.

_Obrigada. _Disse Anne, enquanto se virou de costa e seguiu em direção ao hall do prédio para pegar o elevador até o sexto andar.

Anne sabia que naquele momento o porteiro estava olhando para a sua bunda, então andou o mais rápido que pode para chegar até o elevador e assim evitar que Waldo olhasse para seu corpo de novo. Sua pressa era tanta que nem ouviu quando o porteiro disse que Humberto chegou acompanhado.

No elevador Anne se ajeitava, tentando não parecer feia ou desarrumada. O coração dela batia forte quando bateu na porta do apartamento de Humberto. Esperou um pouco até que voltou a bater. Quem tava agora no fundo de um rio era Alice e suas palavras, mas Anne já nem lembrava mais dos conselhos da irmã, ou apenas tentava esquecer, afinal ela também sabia daquilo tudo, mais era amor demais para levar em consideração alguns deslizes de Humberto do passado.

Humberto atendeu a porta vestindo uma bermuda e a uma blusa social aberta, e logo saiu fechando a porta do apartamento.

_O quê você tá fazendo aqui Anne? _Perguntou Humberto, aparentemente bêbado.

_Eu vim aqui te ver. _Disse Anne. _Você bebeu Beto? Você não bebe.

_Não é que... Eu tava aqui eh.... _Disse Humberto, tentando se explicar para Anne. _Mas você tem que ir embora Anne, seu pai. Já tá tarde.

_Meu pai me expulsou de casa. _Disse Anne de cabeça baixa.

_O quê. Por quê? _Disse Humberto.

_Você não vai me convidar pra entrar? _Perguntou Anne enquanto tentava olhar pela fresta da porta pra dentro do apartamento de Humberto.

Mas antes mesmo que ele pudesse responder Anne entrou no apartamento enquanto ele se equilibrava na porta, segurando a pelo lado.

_Vai embora amor! _Disse Humberto enquanto fechava a porta. _Anninha, seu pai deve estar te procurando heim, vai pra casa, amanhã eu te pego no colégio.

Anne entrou pelo apartamento pulando as garrafas de cerveja e as guimbas de cigarro espalhadas no chão. A fumaça de maconha ainda estava no ar, dava pra perceber pelo cheiro.

_Você fuma Beto? _Perguntou Anne, esperando ouvir que eram de outra pessoa então continuou. _Você estava dando uma festa?

_Espera aí Anne, quem deve fazer as perguntas aqui sou eu. _Disse Humberto caminhando até o sofá. _O que você está fazendo na minha casa à uma hora dessa menina, você tá doida. Vai embora gata, cai fora, VAI.

Anne entendia a ignorância de Humberto, afinal já passava da meia noite e não era hora de uma menina estar na casa de um homem solteiro. Então resolveu parar com as perguntas e dizer logo o que estava ali pra dizer desde quando saiu daquele hotel.

_Eu sei que é tarde Beto, mas eu preciso te dizer uma coisa muito importante. _Começou Anne. _Eu vou direto ao assunto porque eu não gosto de enrolar, eh... Já tinha dois meses que eu estava desconfiada, então eu fui hoje na farmácia e comprei um teste.

_Desconfiada do quê? Que teste menina? _Perguntou Humberto do sofá, enquanto pegava uma garrafa do chão e virava na boca.

_Presta atenção Beto! _Disse Anne irritada com a falta de atenção de Humberto, e pelo fato de ele estar bebendo, quando sempre disse que não bebia nada. _HUMBERTO! _Gritou Anne. _Pára de beber.

_Fala baixo menina. _Disse Humberto largando a garrafa depois de ter tomado o resto da cerveja.

_E não me chama de menina, Anne viu, meu nome é Anne! _Disse Anne irritada.

_Fala baixo, se não você vai acordar a gata aí. _Disse Humberto.

_Que gata Beto? _Disse Anne, esperando ouvir que era um felino domesticado dado de presente pela avô dele. _Você está bêbado, amanhã a gente conversa.

Anne achou melhor ir embora, conversar um assunto tão serio quanto aquele com uma pessoa bêbada não ia dar certo, talvez ele nem lembrasse de nada no dia seguinte.

Anne já estava abrindo a porta quando pelo espelho viu uma mulher seminua sair provavelmente do quarto de Humberto.

Se na cabeça de Anne ainda sobrara alguma coisa do tão sonhado futuro de Anne Marrie ele acabava de ficar totalmente em pedacinhos dentro da mala no fundo do rio.

Ela então soltou a porta e voltou pra dentro do apartamento.

_Quem é essa menina aí Betão? _Perguntou a mulher enquanto se sentava ao lado de Humberto no sofá.

_Quem sou eu? _Disse Anne sarcasticamente. _Fala pra ela “Betão”. Conta aí, ou melhor, me diz você o que está acontecendo aqui.

_Vai pro inferno as duas. _Disse Humberto enquanto tentou se levantar se equilibrando sobre as pernas. _Você pode ir embora, viu minha filha, tava bom pra caralho o serviço. Mas vê se cobra menos da próxima vez. Pode pegar suas coisas eu já te paguei, vai.

Anne não acreditava no que estava vendo, ficou chocada enquanto via aquela mulher se levantar meio zonza e catar suas pequenas peças de roupa pela sala, que somente agora Anne reparou de que estavam ali.

_Humberto você pode me dizer alguma coisa, seu safado, ela é o que eu estou pensando? _Disse Anne quando começou a chorar. _É não é? Eu já sei. Burra fui eu que caí na sua lábia.

_Anne vai embora menina, vai se foder pra lá. Tá vendo aqui oh, eu posso ter a mulher que eu quiser, na hora que eu quiser. Eu posso pagar. _Disse Humberto, enquanto apertava a bunda da prostituta que estava completamente drogada como Humberto. _Volta pro seu pai, pra suas bonecas, vai estudar vai! Amanhã deve ter prova heim, se não tirar nota boa não tem mesada esse mês.

_Eu to grávida oh imbecil. _Disse Anne segundos antes de ter se arrependido de abrir a boca. _E não recebi nada por isso.

Sem se controlar Anne depois de dizer aquilo por impulso e pra calar a boca de Humberto, colocou a mão sobre a boca. Mas depois pensou melhor e ao invés de esconder isso dele ela estava disposta a gritar para o mundo inteiro ouvir, para que todos soubessem o que o cafajeste do Humberto fez com ela.

_É isso mesmo, ficou chocado, cadê o machão agora? _Disse Anne com lágrimas nos olhos. _Você tem razão a menininha tem que estudar tirar notas boas, e não vai conseguir cuidar do neném sozinha ouviu. Ajoelhou vai ter que rezar. Não pagou antes mas vai ter que pagar agora, seu panaca!

Humberto ficou parado olhando pra ela e jogou a prostituta no chão na hora.

_Se ferrou! _Gargalhou a prostituta.

_Puta que pariu, CALA A BOCA! _Gritou Humberto, enquanto esbofeteou a cara da prostituta.

_Eu vou embora daqui. _Disse Anne andando em direção a porta.

Humberto pulou sobre o corpo da meretriz no chão e correu atrás de Anne pelo corredor do prédio. Antes que ela chegasse ao elevador ele a segurou pelo braço e a levou de volta ao apartamento.

_ME SOLTA! _Gritou Anne pelo corredor. _SOCORRO!

_Calma Anne, CALMA PORRA!_Gritou Humberto enquanto fechava a porta do apartamento e segurava Anne pelos braços. _Vamos conversar com calma.

_É isso que eu vim fazer aqui Humberto. _Disse Anne.

_Então. _Disse Humberto.

_ANTES HUMBERTO, Antes. Agora eu quero ir embora. ME SOLTA! _Gritou Anne.

_Fala aí, quanto tempo você tá sabendo? _Disse Humberto, segurando Anne forte nos braços.

_Você tá me machucando Humberto, me solta. _Chorava Anne, enquanto tentava se livrar dos braços de Humberto.

_Tá beleza. Mas promete que nós vamos conversar. _Disse Humberto, preocupado com o que poderia acontecer na sua vida dali pra frente.

_Eu não quero conversar, vai dormir Humberto, ou fazer sei lá o quê com essa daí. _Disse Anne chorando para Humberto enquanto olhava a prostituta que se vestia no meio da sala. _Eu quero ir embora, acabou.

_Anne deixa de ser criança, vamos conversar. _Disse Humberto irritado, dando um soco na porta atrás de Anne. _Me escuta vamos sentar ali no sofá.

_Humberto você tá doidão, não vai nem lembrar que eu tive aqui amanhã. _Disse Anne.

_Deixa de ser chata garota senta logo e vamos conversar. _Disse Humberto arrastando Anne até o sofá.

Anne lutava contra Humberto, mas seu corpo frágil não era páreo para a força bruta dele ela só gritava ajuda e socorro, enquanto a prostituta deixava o apartamento calada.

_Senta aí. _Disse Humberto jogando Anne no sofá.

Anne passava a mão sobre o braço machucado por Humberto, que agora andava de um lado para o outro enquanto ela chorava sem parar. Humberto agachou diante de Anne e levantou o rosto dela enxugando as lágrimas dela com a mão.

_Olha só, vai ficar tudo bem. _Disse Humberto. _Amanhã a gente vai até alguma farmácia, eu vou com você aí a gente compra um remedinho, que é só você tomar que está tudo resolvido.

Anne sabia que ele queria se livrar do bebê. Mas ela não iria fazer isso, não agora depois de perceber que Humberto não valia nada, ele não merecia o amor de ninguém, a atenção de ninguém, ele não merecia o amor de nenhuma criatura no mundo. Muito menos no dela, que de paraíso virou deserto em questão de segundos.

_Eu não vou tirar o bebê tá ouvindo. _Disse Anne entre dentes. _Eu vou ficar com ele e sem você. Agora me deixa ir embora.

Anne se levantou num salto e tentou correr para porta, quando Humberto pulou sobre seu corpo e a jogou no chão. O barulho de vidro quebrando foi abafado pelo corpo de Anne, mas Humberto conseguiu ouvir quando a garrafa se quebrou no peito de Anne. Lentamente ele levantou e esperou que Anne levantasse correndo em direção a porta, mas ela permaneceu imóvel. Assustado ele virou o corpo de Anne pra cima e o sangue havia sujado toda a parte de cima do vestido da garota que ainda respirava, mas estava desacordada.

Sentando lentamente ao lado do corpo de Anne, Humberto colocou a mão sobre a cabeça e desesperadamente pensava no que fazer.

_Puta que pariu! fudeu. _Sussurrou Humberto. _O quê que eu fiz? Que merda, que merda!

Anne abriu os olhos devagar e sentiu o peito arder, e lembrando dos últimos momentos, percebeu que ainda estava no apartamento de Humberto e sentiu que ele estava sentado ao seu lado olhando para o chão com as mãos na cabeça. Ao olhar para o lado, Anne viu um pedaço da garrafa quebrada ainda suja com seu sangue. Sem se mexer muito e num ato de total desespero, em que segurava o choro para não chamar a atenção de Humberto que estava ao seu lado, ela pegou lentamente a garrafa quebrada com as mãos e num salto jogou a garrafa em direção a Humberto, que instintivamente colocou o braço na frente do rosto para se proteger. A garrafa fez um corte no braço de Humberto que gritou de dor.

Anne já estava de pé com a mão sobre o peito, de volta a porta de saída do apartamento quando Humberto conseguiu alcançar a moça e a jogar de volta ao centro da sala. Cambaleando ele pulou em cima da moça e mesmo sentindo dor no braço profundamente ferido e sangrando muito ele tentou enforcar Anne, que chorava sem parar e agora se debatia debaixo de Humberto. Novamente Anne pegou a garrafa quebrada ao lado de sua cabeça e sem dó perfurou o pescoço de Humberto com o estilhaço de garrafa. As mãos ao redor do pescoço de Anne foram ficando menos apertadas e com os olhos ainda brilhantes Humberto encarou Anne pela última vez, sem dizer uma palavra apenas aranhando a garganta que naquela hora não conseguia emitir nem mais um som. Ele caiu sobre o corpo dela. Anne virou o rosto para o lado ainda chorando muito e lentamente levantou a mão sobre as costas de Humberto e como um último adeus ao seu amado ela lhe deu um abraço e permaneceu ali, enquanto o sangue dele se misturava ao dela no chão. Anne sentia que os dois ali eram uma só pessoa, queria ficar ali para sempre, abraçada com seu amor, sem se preocupar com nada, sem bebê, sem pai, nem irmã, sem dor, nem choro, queria sentir só aquela sensação gostosa no estômago, aquele friozinho na barriga. Ela queria só amar, sentir o amado pela última vez enquanto seu corpo ainda estava quente, o coração dele ainda batia sobre ela, e aquilo fazia Anne apertar com mais força os braços em volta de Humberto. Os dois ficaram ali por alguns minutos, ela chorava muito e o abraçava cada vez mais forte e o sangue se misturava ao redor dos dois, era quente e vermelho, tinha um cheiro forte, pra ela o cheiro do amor, enquanto Humberto recebia o último abraço de Anne Marrie.

Um comentário:

Roberta Duarte disse...

oii..sou eu outra vez!
nossa ta cada vez melhor a história hein!!!
em relação ao q vc disse no blog, eu gostei mto da forma como vc escreve, detalhadamente. Acho até que é melhor pq assim conseguimos sentir melhor a história entende? Mto bom msm!! nem preciso dizer q estou ansiosa pelo próximo capítulo neh?
No blog q faço junto com minha amiga optamos por pots menores, por isso ñ da p/ detalhar bem...aquele blog foi feito para obtermos nota na disciplina de jornalismo on-line e temos q postar pelo menos 4 vzs por semana...
bom, vou continuar acompanhando c/ certeza seu blog!!

aaah e meu email é betagd@msn.com
add no msn p/ gente conversar melhor...trocar idéias e talz!!

bjussssssss