domingo, 13 de julho de 2008

Capítulo 11: 20 anos depois... com Anne Marrie

A cantina estava realmente vazia antes de começar o intervalo, Alice estava sentada sozinha revisando as ultimas matérias para sua prova do final de semestre enquanto beliscava um pão de queijo e bebia um café com leite quente. Luís se aproximou lentamente por trás dela e quando chegou bem perto a ponto de tocá-la passou a mão na frente dos olhos de Alice. Achando que fosse mais uma das brincadeiras de suas colegas de classe:

_Aline? Pára com isso gente eu estou tentando estudar. _Disse Alice tocando as mãos de Luís tentando se livrar delas.

E realmente se assustou ao perceber que aquela mão grande, cabeluda e fria não pertencia a Aline e a nenhuma de suas amigas, mas sim a Luís, pois era o único homem que tinha liberdade o bastante para se aproximar dela dessa forma.

O tempo fez a amizade entre os dois crescer e eles se tornaram mais do que meros desconhecidos que não passavam do “oi”. Acostumada a ter sempre a amizade das garotas o novo amigo de Alice era um tanto quanto estranho. Não ele em especial, apesar de não ser perfeito, mas digo em relação a sua presença, a presença masculina constante. Depois de não ter comparecido no jantar, Alice havia desalimentado suas esperanças de algum futuro com Luís, mas para sua alegria ele não se zangou logo sabendo dos outros problemas que Alice enfrentou naquela noite diante da prisão de sua irmã. Voltando a falar do estranhamento de Alice com relação a Luís, ela pensava em como era possível um homem e uma mulher conviverem como amigos, sem outras intenções e mesmo que tentasse se controlar diante de diversas situações ela sempre se via na defensiva perante as atitudes de Luís. Um abraço, um toque, um olhar a mais e para Alice ele já estava querendo ultrapassar os portões da amizade e passar por debaixo do arco-íris colorido em busca do prêmio no final, o amor. Não que ela achasse isso ruim, na verdade essas interpretações erronias vinham de uma paixão secreta por ele, mas ela tinha medo de que esse sentimento ultrapassasse os tecidos da face e amolecessem os músculos de seu rosto a fazendo sorrir de qualquer piada que ele contasse, que suas glândulas lacrimais começassem a trabalhar toda vez que ela o via fazendo seus olhinhos brilharem, que seus ossos enfraquecessem toda vez que ele a tocava fazendo suas pernas tremerem, ou talvez que seu corpo interpretasse um simples beijo na bochecha como uma corrida de 50 km e a fizesse suar. Isso acontecia ás vezes, mas começou a assombrar Alice quando além dela, suas amigas começaram a perceber esse encanto por Luís. Ela temia que ele também tivesse percebido e que em momentos com seus amigos machos ele risse da sua inocência e ingenuidade em acreditar que apenas um beijo e um jeito mais carinhoso de tratá-la a deixassem abobada de amor. Às vezes seu lado Anne Marrie aflorava, e sabendo que isso poderia ser totalmente prejudicial ela só o liberava as portas trancadas do banheiro, esse seu lado escuro a fazia desejar que Luís realmente percebesse suas intenções com ele, afinal será que ele sabendo disso não iria tomar nenhuma iniciativa? Mas logo o bom senso e a caretice do seu lado de luz ou consciência chamem como quiser, chamado Alice a dizia que isso talvez não fosse bom porque talvez ao perceber isso Luís quisesse uma noite ou um beijo apenas ao invés de uma vida inteira de felicidade e plena lua-de-mel como ela desejava. Um maior e curto contato a faria sofrer mais. A parceria dos dois em um hospital voluntário na periferia da cidade de São Paulo fez o contato dos dois aumentar ainda mais, como se já não bastasse os torturantes intervalos matinais da faculdade sem poder olhá-lo à vontade, tocá-lo, beijá-lo ela tinha que o encarar profissionalmente durante todo o dia. Lutando contra o desejo de seu pai de que ela assumisse o negócio da família, Alice continuava com sua parceria com Luís no hospital nomeado por eles de Salude sem nenhuma razão especial, nem homenagem a alguém eles apenas gostaram do nome. Com serviços gratuitos a população carente os dois esperavam atingir um nível profissional antes de terminarem a faculdade sem ter que disputarem com os outros colegas uma vaga de estagiário. Otton sabia que esse espírito caridoso só funcionaria mesmo com Patch Adams e que mais cedo ou mais tarde sua filha e seu sócio desistiriam dessa idéia de hospital voluntário, afinal eles tinham que se sustentar de alguma forma e isso não inclui as suas rechonchudas heranças.

_Luís? _Disse Alice assustada.

Luís começou a rir e em seguida se colocou a frente de Alice, sentando na cadeira oposta a dela na mesinha.

_Assustou? _Disse Luís sorrindo com seus dentes claros. (Pra ela os mais brancos que ela já viu)

_Não, eu só estava concentrada demais aqui na matéria da Paula e nem te vir chegando. _Disse Alice tentando disfarçar a vergonha que sentia por ter sido tocada por ele. Uma tarefa quase impossível, pois suas bochechas queimavam como brasa e isso lhe dava o blush mais perfeito do mundo, o natural.

_Eu desci pra tomar água e te vi aqui sozinha. _Disse Luís ainda entre um sorriso. _Eu desisti de estudar pra prova dela ontem mesmo. A Paula deu muito pouco tempo pra estudar, nós entregamos o trabalho dela foi que dia? Anteontem?

_Foi. Mas fazer o quê não é, é nosso último ano e eu quero formar direto. Quem ficar agarrado nela vai dançar, ela não vai passar ninguém facinho não. _Disse Alice, sentindo as bochechas voltarem a sua cor normal.

_E hoje, você vai lá pro Salude? _Perguntou Luís.

_Eu não vou assistir a aula do Bento não, vou ficar por aqui pra estudar pra prova da Paula. _Disse Alice, já no total controle do seu sentimento. Ela estava aparentemente normal. _Lá pras duas horas eu vou lá pro Salude.

_Ontem chegou uma senhora maus lá viu! _Disse Luís.

_O que é que ela tinha? _Perguntou Alice agora realmente parando de estudar um pouco e se servindo de seu lanche.

_Ela estava sentindo umas dores fortes na coluna. Eu dei a medicação e mandei que ela retornasse caso os remédios não fizessem efeito. _Disse Luís.

_Mas ela caiu ou alguma coisa do tipo? _Perguntou Alice, antes de abocanhar o pão de queijo.

_Não. O filho dela que levou ela lá. Acontece que ela tem um restaurante e quando faltam os ajudantes ela mesma vai à feira e ao supermercado. Ela carrega toda a compra nas costas. Eu perguntei pra ela porque ela não larga isso de lado? Ela recebe aposentadoria e o filho dela disse que ajuda com o que ela quiser. Mas não adianta a velha é teimosa viu! Insistiu que não ia largar seu restaurante. Aquele povo que vem do interior sabe? _Disse Luís. _Ah e ela convidou a gente pra ir lá ao restaurante dela.

_Ela nem me viu! _Disse Alice.

_É, mas ela me convidou e eu posso levar uma acompanhante. Quer ir? _Disse Luís sem vergonha.

Alice voltou a corar.

_Mas eu tenho que estudar hoje pra prova da Paul... _Começou Alice.

_Pára Alice, você sempre arruma uma desculpa e é a primeira que abre a boca pra falar que vai sair ruim na prova, e sempre tira a maior nota. _Disse Luís, levemente zangado. _Tenho certeza que você está estudando há dias para essa prova, sabendo que sabe tudo. O medo que você tem é de errar na hora da prova e depois se culpar de não ter estudado mais 20 minutos, como se esse tempinho fizesse diferença. Só uma horinha, vamos?

Alice passou de envergonhada para surpresa, nem ela tinha reparado em seus modos tão bem quanto Luís.

_Não sei, e se cair... _Recomeçou Alice.

_Olha, eu prometo que se você tirar nota ruim por minha causa na prova de amanhã eu faço o que você quiser. _Disse Luís arriscando todas as suas fichas.

_O que eu quiser? _Perguntou Alice alegre com a oportunidade.

_Sim, o que você quiser. _Disse Luís. _Eu estou sem chance de passar nessa prova, se eu ficar na Paula pelo menos vou ter companhia.

_Pára você não vai ficar não, nós dois vamos passar. _Disse Alice sendo gentil.

_Então vamos almoçar ou não juntos? _Perguntou Luís. _Você está me devendo mesmo lembra?

_Eu já pedi desculpa Luís aconteceu aquele negócio com minha irmã e tals. _Disse Alice envergonhada pelo motivo. _Faz dois anos já você não esquece daquilo não?

_Eu não fiquei esperando a noite toda, mas tá beleza, hoje não tem como fugir heim, deixa eu ir lá na sala pegar minhas coisas lá na sala vou sair mais cedo hoje. _Disse Luís se levantando.

_Mas como eu vou lá ao restaurante? Eu nem sei onde é. _Disse Alice.

_É aquele restaurante lá na esquina da avenida. Aquela que fica debaixo da rua do Salude. O restaurante chama Restaurante da Vó. _Disse Luís enquanto corria escada acima.

_Ah... Já lembrei onde é, pode deixar que eu vou. Até Lu! _Disse Alice.

De repente um dia normal como os outros começara a se transformar em um dos melhores novamente. Alice logo pensou em Anne e se teria alguma possibilidade dela estragar seus planos novamente, mas como ela estava já há dois anos na cadeia Alice não via nenhum problema surgir do horizonte, por enquanto. Mas mesmo assim seguiu confiante até a sala de aula para apanhar seus materiais, dar mais uma olhadinha para Luís e em seguida correu em casa para colocar uma roupa que parecesse casual, mas não muito velhinha. Ela queria parecer arrumada, mas sem exageros, como se ao vê-la Luís pensasse que aquela foi a primeira roupa que ela pegou no guarda-roupa, mas ao mesmo tempo ela não queria que ele pensasse que ela não se preparou devidamente para o encontro. Eu dou a dica: Os homens não reparam nesses detalhes.


Naquele mesmo instante, Anne não estava tão preocupada como sua irmã Alice. Sem muita opção o uniforme azul fazia de todas as detentas um grande exercito de mulheres privadas da vaidade. O que não impedia umas e outras de cortar os cabelos, tingi-los e outros produtos cosméticos que entravam na Penitenciária Feminina Maria da Glória de forma clandestina. Mais do que isso, esses produtos eu digo, para Anne eles não faziam diferença. Sua pele mesmo com hora marcada para tomar sol continuava perfeita: Um pêssego albino levemente rosado. Os cabelos compridos, sedosos, brilhantes, macios, soltos, sem pontas duplas a perfeição só vista apenas em comerciais de xampu francês. O corpo em forma, ainda mais com a dieta que ela recebia não intencional por parte da penitenciaria, mas por opção dela, que diante do nada saboroso cardápio oferecido preferiria às vezes ficar sem comer. Anne achava torturante privarem-na do direito de se vestir, o que sempre gostou de fazer e o que sempre a rendia elogios por suas combinações e montagens das mais perfeitas as deslumbrantemente brilhantes. A moda para ela não passava de um mero passatempo, mas a falta dela dentro da penitenciaria despertaria em Anne um desejo súbito pelo mundo fashion. Todas as manhãs (Fui modesto), todo o tempo seja para o almoço, ou o banho de sol Anne imaginava como se vestiria se tivesse acesso a suas peças regularmente atualizadas de acordo com a moda fora e dentro do Brasil.

Alana e Antônia se deliciavam com as histórias da jovem Anne, o contato com alguém da alta sociedade despertava algumas curiosidades. Anne respondia as perguntas sem constrangimento fazendo algumas vezes suas colegas de cela se morder de inveja de uma forma positiva ao pensarem como poderiam existir alguns com tanto e outros com tão pouco.

Alana tinha a raiz pobre e os frutos também. Sempre trabalhou como empregada doméstica como sua mãe e nunca chegou perto de nenhum luxo exceto segundo ela de uma vez ao receber o décimo terceiro que comprou uma garrafa de champanhe para o natal. Champanhe mesmo não foi Sidra não. Já Antônia morou durante toda sua vida na favela, cresceu e criou seus filhos lá. A convivência com o pai violento não a permitiu sonhar muito, isso a atrapalhou até nos estudos que teve que largar para se dedicar integralmente ao trabalho sendo ele de manicure, cabeleireira, doceira, e por fim empresária. Sim empresária. Antônia tinha seu próprio carrinho de bala que rendia uns 100 reais todo mês. Todo tem que começar de baixo ou você acha que Silvio Santos já nasceu com o baú cheio. Diferente das duas e de Silvio Santos, Anne já nasceu com o baú cheio. Regada sempre as mais sofisticadas comidas, bebidas, viagens, brinquedos, roupas e escolas ela impressionantemente não se colocava acima de ninguém, mesmo porque apesar da sua habitual loucura ela não se sobressairia em cima de suas novas amigas de cela, pois poderia sair de lá sem vida. Falemos então dos projetos de Anne para o futuro:

Numa bela tarde vendo o sol quadrado bater na parede oposta à sua cama, Anne se concentrou em seu filho como fazia sempre. E ao pensar nele ela sentia que alguma coisa estava faltando, algo que o deixava ainda mais distante, não o tornava humano, gente de verdade sabe? E se perguntou: “Qual é a primeira coisa que as mães fazem quando seus bebês nascem?” E como por intuição de mãe Antônia disse de sua cama:

_O Reginaldo vai fazer aniversário amanhã.

Reginaldo era o filho de Antônia que iria completar no dia seguinte aquele 11 anos. Mas vocês se perguntam qual a resposta para a pergunta de Anne? Está na frase de Antônia. Era o nome “Reginaldo” isso fez Anne achar o que estava faltando na memória de seu filho, um nome. Não Reginaldo, mas um nome de verdade. Os acontecimentos seguintes ao dia do nascimento do bebê de Anne não foram realmente generosos com ela para que ela se concentrasse em um nome para ele. E então decidiu que àquela hora era o momento certo, não por nada em especial, simplesmente por que lhe ocorreu o pensamento e também por não ter nada de melhor para fazer.

Prestes a completar três anos de idade o bebê por enquanto sem nome de Anne podia estar aquele momento em qualquer lugar de São Paulo, do Brasil ou do mundo isso se ele estivesse vivo. Anne sempre cogitava a morte dele, afinal depois de suas buscas frustradas não lhe restava nenhuma opção de onde ele poderia estar ou com quem.

_Lana, se você fosse ter um filho qual nome você ia dar pra ele? _Disse Anne inesperadamente.

_O quê? _Perguntou Alana assustada com a súbita pergunta da amiga.

_Se você tivesse um filho, qual nome você iria dar pra ele? _Repetiu Anne.

_Ah, entendi. _Disse Alana. _Você está pensando no seu filho não é?

_Aham. _Disse Anne.

_Ah, não sei Anne eu gosto muito de Gilberto. Ou então Philipe com ph, se não fica feio. _Disse Alana, animada com o novo assunto que surgiu.

_Que ph que nada. É bom colocar Washington, Clayton, Michael tudo nome estrangeiro. _Disse Antônia. _A gente não tem dinheiro pra ir pra lá não é, então. Coloca o nome de bacana, não precisa pagar.

_Mas o nome do seu filho não é Reginaldo? _Perguntou Anne.

_Não, mas isso foi por causa do meu avó que morreu um pouco antes de eu engravidar ai eu quis fazer uma homenagem entende? _Disse Antônia.

_Entendi. _Respondeu Anne. _É que eu estava pensando nele aqui e percebi que ele não tinha nome. Como assim meu filho sem nome.

_É verdade! Ele não tem nome. _Disse Alana. _Você gosta de quê?

_Eu gosto de uns nomes mais simples, mas é difícil pensar em um pra ficar pra sempre. _Disse Anne. _Eu penso nele também, a carinha dele deve pedir um nome.

_Isso é mentira. _Disse Antônia tentando animar Anne já que ela nunca viu a cara do moleque. _O meu não tem cara de Reginaldo não, tem cara de Michael.

As três riram.

_Eu posso homenagear alguém também. Minha família quem sabe. _Disse Anne, soando mais como um pensamento alto. _Mas eu tenho que pensar no futuro dele também, tem que ser um nome que não tenha apelidos, seja jovem, atual e que ele não seja zoado na escola. Imagina Floriano o tanto...

_Opa! Olha o respeito heim meu pai chamava Florindo. _Disse Alana.

As três se entreolharam e logo começaram a rir.

_Seria tão mais fácil se a gente escolhesse o nome quando crescesse, porque assim cada um teria o nome que quisesse. _Disse Anne.

_Mas Anne se ele estiver sendo cuidado por alguém sei lá, eles já devem ter dado um nome pra ele. _Disse Alana.

Anne não havia parado para pensar nisso, seja qualquer um o nome que ela escolhesse para seu filho ele não o teria, pois seja quem quer que o esteja criando, o chamando de filho, já havia resolvido essa questão há muito tempo, talvez até antes de roubá-lo dela.

_É verdade. _Disse Anne triste na sua voz agora embargada.

Percebendo a tristeza no olhar da amiga Antônia lançou um olhar feio a Alana e se levantou em direção a Anne e em seguida se sentou ao seu lado.

_O Anne, não fica assim. Olha, o nome é uma coisa muito especial, minha mãe dizia que quando a gente dá nome pra alguma coisa quer dizer que a gente ama aquela coisa. Entendeu? _Disse Antônia.

_Entendi. _Disse Anne segurando as lágrimas nos olhos.

_É verdade isso que a Antônia falou. _Disse Alana agora totalmente arrependida de ter lembrado isso a Anne. _Desculpa por ter falado aquilo. É que eu não tenho filhos não é, então não sei como é que é.

_Sem problemas Lana. _Disse Anne.

_Olha, dá nome pro seu filho a gente te ajuda. Mesmo que seja só pra lembrar dele. _Disse Antônia. _Vai ficar até mais fácil falar dele, porque é toda hora neném pra cá, bebê pra lá, seu menino. Um nome vai ser muito legal.

_É Anne, fala aí um! _Exclamou Alana. _Diz ai um agora sem pensar. Um, dois... Três!

Anne pensou por alguns segundos e disse rapidamente:

_Washington.

_Ai que lindo! É esse. _Disse Antônia animada.

_Credo! _Disse Alana automaticamente.

_Que credo menina. A Anne gostou não gostou Anne? _Perguntou Antônia olhando para Anne que tentou disfarçar a cara de desgosto pelo nome.

_Então, é melhor não né, deixa esse para o meu próximo filho. _Disse Antônia percebendo que o nome não havia agradado a todas.

_Então vai lá outro. _Disse Alana empolgada.

_Não assim não. _Disse Antônia. _Rápido assim não. Deixa ela pensar, aí ela fala, depois a gente diz se gostou ou não.

_Tá. Mas posso colocar qualquer nome? _perguntou Anne recuperando os ânimos de novo.

_Pode, qualquer um. _Disse Alana.

_Pode ser francês? _Perguntou Anne que adorava a França por dois motivos: Um por ser descendente de um francês e dois porque a França era a França, perfeitamente linda.

_Melhor ainda. _Disse Antônia.

Anne pensou em um nome Francês pra Homenagear seu país amado. E apenas dois lhe ocorreram, dois nomes que fossem realmente franceses, que lembrassem França a todo o momento que fosse dito. Eles eram Jean e Gérard. Pelo Obvio e pelo inusitado, Anne decidiu:

_É bem diferente gente, mas eu acho bonito. _Disse Anne encarando as curiosas fusas de Alana e Antônia. _Meu filho vai se chamar Gérard.

Ela escolheu o inusitado.

As duas ficaram ali olhando meio bobas tentando fazer caras de contente afinal o estado emocional da garota Anne não estava dos melhores e já que esse nome seria apenas, digamos que imaginário, que mal fazia fingir prazer ao dizê-lo. E como que podendo ler uma a mente da outra elas disseram:

_Lindo Anne! _Disse Antônia com um sorriso.

_É bonito mesmo. _Disse Alana não tão bem sucedida como Antônia ao fingir seu contentamento.

_Que bom. _Disse Anne também fingindo que não percebeu o descontentamento das amigas de cela. _Meu filho agora se chama Gérard.


Pra falar a verdade eu prefiro Jean, mas ela é a mãe não é? Ela que escolhe.


Dito isso o alarme para que as celas fossem abertas soou e isso avisava as detentas de que almoço ia ser servido, uma a uma as grades se rangeram nas dobradiças e se abriram como numa coreografia ensaiada.


Outro alarme tocava do outro lado da cidade. Alice atendia ao telefone rapidamente antes de sair para o tal almoço com Luís. O tal não. O almoço. Segundo seus planos o melhor de todos, dos que já passaram e dos que ainda viriam.

_Alô? _Disse Alice já prevendo quem seria do outro lado da linha.

_Eu estou aqui esperando a meia hora, tentando pensar em um motivo realmente sério para você me dar outro bolo e claro um motivo que não tivesse nada a ver com a prova da Paula. _Começou Luís. _Ai decidi te ligar dessa vez, pra ver qual seria sua desculpa. E confesso que foi uma batalha muito grande de mim com meu ego para discar esses números.

_Ai desculpa Luís, é que eu me esqueci da hora. Eu estava saindo agora. _Disse Alice envergonhada. _Eu já to indo me espera tchau!

Alice desligou o telefone, correu para o restaurante e no caminho se pos a pensar se desligar o telefone na cara de Luís atrapalharia alguma coisa. Mas depois do mal feito nada podia desfazê-lo. Diga isso para Alice que aproveitava essas oportunidades para flagelar sua alto-estima que nem era tão alta assim.

O restaurante não era nenhum espaço gourmet de respeito, não que ele não o merecesse, mas não era muito sofisticado. Era limpo, isso eu posso afirmar. Imaginem um restaurante no estilo de beira de estrada os forros da mesa num xadrez vermelho e branco, os devidos temperos em cima da mesa e um espaço consideravelmente pequeno para um restaurante. Quatro mesas disputavam espaço entre o salão, no balcão um homem de aparência abatida e cansada atendia as mesas, anotava os pedidos, preparava os refrescos naturais fechava as contas e ainda mexia no caixa. Alice nem reparara tanto nisso, nesses detalhes. Luís estava sentado a um canto tentando convencer o único garçom do restaurante a não tira-lo da mesa.

_Esperai, ela já está chegando. _Disse Luís ao garçom. _Aí chegou.

Alice estava com um vestido verde limão. Não se assustem, não é aquele estilo caneta marca texto, é mais suave, menos prejudicial aos olhos. Para ser mais sincero, e caso eu esteja descrevendo a cor errada imaginem então um verde claro. Imaginado? Então podemos seguir com a descrição: Um vestidinho verde claro terminado com pequenos babados lembrava uma camisola, não digo pelo tecido, nem pela renda, mas sim pelo modelo. As alçinhas sustentavam um meio circulo unido atrás por um zíper que no corpo de Alice ia até os joelhos.

_Desculpa o atraso. _Disse Alice se sentando a frente de Luís enquanto o garçom se afastava irritado.

_Eu ia ficar aqui até você aparecer. _Disse Luís sorridente. _Eu ia sair daqui só pro cemitério depois que o Antônio me matasse.

Os dois sorriram e Alice agradeceu internamente por ele não ter se zangado pelo atraso.

O almoço correu melhor do que as expectativas de Alice, do cardápio de comida mineira aos conhecimentos adquiridos com relação a Luís: Ele vinha de uma família de médicos como Alice, não tinha nenhum irmão, e seus pais ainda eram vivos. Não gostava de gastar o dinheiro que o pai lhe dava todo mês e o propôs ao invés disso sustentar o Salude. Desde os 16 anos Luís trabalhava primeiro, como a maioria dos jovens, em uma lanchonete no shopping, depois no mesmo shopping virou vendedor de uma loja de sapatos até ter que parar de trabalhar por causa da faculdade que exigia muito do seu tempo. O Salude surgiu junto com outro garoto da sala que também entrava como sócio no hospital voluntário. Ele havia namorado três vezes, e apenas um dos namoros durou tempo o bastante segundo Alice para que fosse considerado um namoro, quatro anos. Ele se apresentou romântico, até mesmo brega em certas ocasiões. Se for descrever o homem perfeito pra Alice só diga a palavra LUÍS. Ela define bem onde o homem atingiu a perfeição pra ela. Isso por que não comentamos os gostos musicais, literários e culturais dele. E que apesar de terem sidos citados no almoço não me cabe lista-los um a um tomaria muito do meu tempo e isso não nos interessa realmente já que o que rolou depois do almoço foi muito mais interessante.

_Adorei o almoço Luís, nós vamos subir lá pro Salude agora? _Disse Alice, satisfeita com tudo.

_Não. Antes eu quero te levar num lugar. _Disse Luís se levantando e segurando a mão de Alice carinhosamente.

Alice já de pé não teve forças para dizer, que já estava tarde e ela precisava estudar. Agora ela podia entender seu pai que dizia que namorar atrapalhava os estudos, e realmente atrapalhavam.

Os dois seguiram de carro até uma sorveteria e de lá Luís levou Alice até uma casa velha, num bairro afastado do centro.

_Que lugar é esse? _Perguntou Alice ao sair do carro e olhar aquela casa velha, caindo aos pedaços.

_E aí, bonita não é? _Disse Luís animado.

Com medo de desapontar Luís, ela não teve coragem de falar a verdade:

_É. Legal. _Mentiu Alice.

_Legal? _Perguntou Luís. _Essa casa é horrorosa Alice. Você é tão boa, que não tem nem coragem de falar a verdade.

_É feia mesmo. _Disse Alice sorrindo diante das risadas de Luís. _Pra que é? Heim pra que serve? Pára de rir!

_Foi mal! _Disse Luís.

_Mas é sério, para quê serve? _Perguntou Alice.

_Depois de reformada essa frente vai ficar melhor. _Disse Luís sorrindo. _agora vem cá.

Luís pegou na mão de Alice e isso a levou para as nuvens, como era bom estar ligado a ele mesmo que tão inocentemente. Os dois entraram pela casa vazia e seguiram até a porta dos fundos do que aparentemente pareceu ser a cozinha. Luís abriu a porta e a luz do dia tomou conta do cômodo.

_Agora fecha os olhos. _Pediu Luís.

_O quê? _Disse Alice descrente no pedido de Luís.

_Fecha os olhos. _Repetiu Luís sorrindo. _Por favor, é por que eu acho que vai ser mais legal se você ver de repente.

_Você acha? _Disse Alice sorrindo.

_Anda sô! Por favor! _Disse Luís e Alice não entendeu como ele poderia concentrar tanta doçura na voz. Ela faria qualquer coisa que ele pedisse com aquela voz, nem a morte era terrível o bastante caso ele pedisse um suicídio.

Então Alice fechou os olhos e as cegas seguiu as coordenadas de Luís.

_Calma, cuidado com a porta! Vem, vem devagar cuidado pra não cair. _Disse Luís segurando as mãos de Alice a frente do seu corpo, tomando um grande cuidado para não cair ao andar de costas. _Agora tem dois degraus, o primeiro agor... Cuidado! Não abre o olho.

Alice havia se desequilibrado nos degraus e isso fez com que Luís a agarrasse pela cintura, mas obedecendo não ao pedido, mas a ordem que Luís a dera de não abrir os olhos ela continuou até sentir debaixo dos pés as folhinhas secas que estalavam á medida que ela avançava no que imaginou ser um quintal velho, cheio de folhas secas e com algumas árvores mortas distribuídas aleatoriamente.

Luís parou de repente e pelo que percebeu Alice, o sentiu ao seu lado.

_Pode abrir. _Disse Luís e Alice o imaginou sorrindo ao dizer isso.

De repente ela abriu os olhos e se chocou ao ver o contrário do que imaginava. Para começar o tamanho do quintal era muito maior do que ela havia pensado, muito maior. Era quase impossível distinguir todas as flores que se espalhavam sobre o gramado verdinho que crescia junto a terra recém regada. Nas árvores que projetavam grandes sombras no jardim se dependuravam algumas cordas formando vários balanços de pneu. As trepadeiras subiam pelas paredes a tornando totalmente verde e em apenas alguns pontos era possível ver a cor escura do muro que cercava a propriedade. Alguns banquinhos de ferro foram espalhados por todo o lugar. Mais a um canto reservado uma piscina artificial imitava uma fonte natural de pedras formando um pequeno lago com alguns patos que boiavam tranquilamente sobre a água, alguns deles se esbaldavam na cachoeira que descia levemente fazendo um agradável barulhinho de água.

Era um belo quadro visto de frente só lhe faltava a moldura, um lindo jardim pintado levemente com toques e misturas de tintas com cores alegres e vivas que juntas se formavam em vários arbustos de flores aos pés das árvores esguias, grandes, enraizadas, grandes torres de marrom com véu verde cravejado de pequenos pontinhos laranja e amarelos que representavam as frutas. Era uma obra de arte o que futuramente Alice chamaria de Meu Jardim. Para concretizar seus pensamentos, aquele espaço era uma versão não muito menor do Jardim Secreto.

Alice rodeou o jardim a passos delicados em frente ao medo de danificar o gramado, sem palavras para expressar seu encantamento diante de natural beleza, ela nem parou para pensar nos motivos que a levaram até aquele lugar. Mas logo saiu do transe ambiental e perguntou:

_Que lugar é esse?

_Esse é o lugar que futuramente vai ser a sede do Salude. _Disse Luís. _Eu decidi reformar aqui fora primeiro porque pretendo mudar as diretrizes do nosso trabalho.

_Aqui virar sede do Salude? A gente mal dá conta de um hospital imagine dois, Luís. _Disse Alice.

_Não, a gente só vai ficar com esse. Aquele eu vou passar pra frente, não dá pra gente viver de caridade. _Disse Luís sério.

_Mas você decidiu isso assim, do nada? _Perguntou Alice.

_Não. _Disse Luís levando Alice até um banquinho mais próximo. _É porque a faculdade já está acabando a galera lá na sala já tem emprego fixo. E a gente? Você ainda tem a clínica do seu pai e eu.

_Meu pai já te ofereceu emprego lá, você não aceitou de orgulhoso que é. _Disse Alice sentando no banco ao lado de Luís.

_Eu sei Alice, e agradeço muito a atenção do seu pai. _Disse Luís. _mas eu queria ter meu próprio negócio, meu pai me ofereceu um dinheiro grande aí e eu decidi aceitar.

_E sem me gabar eu vou perguntar heim. _Disse Alice sorrindo. _E você quer minha ajuda pra erguer o novo Salude?

_Sim. _Disse Luís sorrindo. _Você é bem responsável e tem mais a cabeça no lugar do que eu.

_Esse lugar é perfeito, é lindo. _Disse Alice. _A sede vai ficar linda.

_Você está vendo aquela parte vazia ali na frente? Então eu vou aumentar a casa pra lá, vai ficar enorme lá dentro. _Disse Luís. _Agora a gente vai cobrar pelas consultas. No bairro não tem nenhum hospital particular por perto e é rodeado de bacanas.

_Vai ficar tudo perfeito, Luís. O lugar é perfeito, o bairro é ideal. Só a idéia que é um pouco diferente. _Disse Alice.

_É mas vai ser legal. _Começou Luís. _O novo Salude vai ter a cara de um hospital natural, experimental, mas vai ser totalmente profissional, a gente pode contratar a galera lá da facu pra ajudar a gente.

_Calma que ainda falta muito pra gente terminar a faculdade ainda e a casa nem está pronta. _Disse Alice.

_Alice as obras vão começar na segunda feira que vem, já está tudo pronto. _Disse Luís. _E aí o que você acha? Vai me ajudar a levantar isso aqui?

_Vou, claro que vou. _Disse Alice sorridente. _Mas sem presa a gente tem que estudar também e nos livrarmos do Salude antigo.

_Isso eu já ajeitei estou com um projeto de transformar o velho Salude em um posto medico comum, o chato é que aquele povo vai ter que depender do governo para se tratar. _Disse Luís. _Mas a gente não pode ajudar todo mundo não é.

_E temos que estudar ainda hoje. _Começou Alice se levantando. _Então faça o favor de me levar de volta.

_Não, não ainda não. _Disse Luís se levantando também.

_Porque? _Perguntou Alice curiosa. _Agora você vai me mostrar o quê? Depois do Jardim encantado o que vem dessa vez, o porão mágico?

Os dois riram um a frente do outro.

_Não. _Disse Luís. _É porque na verdade eu quero que você não estude.

_O quê? _Perguntou Alice.

_É porque assim você vai afundar na prova e vai poder me pedir o que quiser. _Disse Luís encarando Alice.

_Então você quer perder a aposta? _Disse Alice sem graça olhando para o lado evitando olhar para os olhos penetrantes de Luís.

_Eu só fiquei curioso, se caso você for mal na prova, o que não vai acontecer, o que você pediria pra mim. _Disse Luís ainda encarando Alice e ainda mais encantado com vergonha de sua sócia.

_Você quer que eu peça agora? _Disse Alice, sentindo seu rosto queimar.

_É. _Disse Luís. _O que você pediria, pode pedir agora que eu faço. Você vai tirar total na prova mesmo.

_Pára! Não vou nada. _Disse Alice envergonhada antes de tentar sair da saia justa. _Só vou se eu não estudar, por isso. Vamos embor...

Alice já estava virando o corpo quando Luís a tocou no braço:

_Alice deixa de ser boba, pede por favor. _Disse Luís apostando todas as fichas no seu pedido. _Pede agora.

Alice se virou lentamente pensando rapidamente no que não pareceria realmente grosseiro. “Um beijo, um beijo!” Alice pensava e lutava contra seu lado Anne que gritava: PEDE UM BEIJO! E quando teve a certeza de que recobrara seu lado Alice de ser ela disse:

_Eu quero um... Um beijo.

Eu acho que ela se enganou.

Assustada com o que disse, Alice passou de um rosa para um vermelho vibrante. Luís deu um breve sorriso antes de avançar e dar em Alice o melhor beijo da vida dela, não que ela tivesse muitos com qual comparar. Mas o que ela julgava ao sentir o calor da boca de Luís na dela era que aquele beijo ganhara de mil a zero de qualquer beijo caliente dado nas novelas.


Passados 20 anos depois daquele dia fatídico no Rio de Janeiro, com Anne Marrie nada mudou desde que ela entrou na Penitenciária Feminina Maria da Glória exceto das suas novas amizades com Alana e Antônia, que já haviam saído da prisão anos antes de Anne a deixar, os modos, os costumes, as palavras, o jeitinho inocente de ser ainda permaneciam os mesmos. Sabendo que iria ser libertada Anne levantou da cama e encarou com grande alegria pela última vez a cela na qual passara seus últimos 20 anos. A idade de nada afetou a nossa menina, ela permanecia ainda com a pele perfeita, o corpo, o cabelo e todo o resto em ótimo estado. Com 38 anos Anne mal imaginava os avanços que o mundo da beleza cosmética se cometeu, e pouco menos imaginava os absurdos feitos hoje na ponta de um bisturi para se ficar mais bonita. Digo isso por que mesmo diante de tanta tecnologia Anne não se renderia e nem precisava se render aos encantos das cirurgias plásticas. Ela estava muito empolgada por voltar ao mundo real, ter contato com outras pessoas, não só na hora de visitas, mas na hora que ela quisesse. A liberdade era doce, amarga por ser aguardada durante tanto tempo tornando o aprisionamento ainda mais azedo. Ver o sol nascer redondo era inspirador. Alice agora casada com Luís à visita pouco, pois dividia a tarefa de ser mãe, esposa, dona-de-casa e médica. A morte de Otton abalou pouco as meninas, pois elas já esperavam que o câncer o levasse mais cedo ou mais tarde. O dinheiro da herança foi dividido entre as garotas e a clínica Anne não fez objeção em dá-la para a irmã sem exigir nada em troca. Não só esses assuntos fúteis e supérfluos assombravam a mente de Anne, a procura de Gérard agora seria uma tarefa difícil, mas não impossível para uma mãe desesperada que já sabia de onde partiria em busca de seu filho.

Depois de se despedir de suas colegas, eu disse colegas de quarto e não amigas como Alana e Antônia, Anne seguiu com Celina até a mesma sala que há 20 anos ela havia trocado suas roupas por aquele uniforme azul. Josefa havia sido despedida depois de se envolver em constantes brigas com as detentas.

Era realmente bom estar do lado de fora novamente. O ano de 2008 havia apenas começado e o advogado da família, Cássio Reis, havia feito um trabalho brilhante durante todo o caso Anne Marrie conseguindo com que ela cumprisse os últimos anos de sua pena em liberdade. Alice estava deslumbrante a espera de Anne na porta da penitenciária, ela havia engordado alguns quilinhos, pois acabara de ter seu segundo filho. Alguns repórteres mostraram interesse por Anne e se colocaram a sua espera. Em liberdade Anne se despediu de Celina, dando-a um beijo nas bochechas e nas mãos enrugadas.

Enfim liberdade, Anne fechou os olhos diante da claridade da luz e saiu acompanhada de Cássio usando o mesmo vestido da época em que entrou na prisão. Rapidamente Alice foi ao encontro da irmã a abraçou em meio ao tumulto dos repórteres e a segurou na mão conduzindo-a até o carro. Mas uma pessoa fez Anne parar no caminho, de longe, da esquina da rua movimentada ela viu parada a última pessoa que ela imaginava encontrar aquele momento. Roger Fonseca avistava de longe nossa Anne Marrie. O que ele quer dela? Poderia você me responder essa pergunta?

Acho que não.

Nenhum comentário: