domingo, 27 de julho de 2008

Capítulo 13: Na mão de Anne Marrie

_Eu não posso ficar aqui por muito tempo então fale de uma vez. _Disse Anne ao se sentar em uma das mesas da cantina da clínica.

_Não finja que não está interessada menina Anne. _Disse a Enfermeira se sentando em seguida.

_Por favor, pare de me chamar assim. _Pediu Anne. _Diga logo onde esta a identidade, me deixa ver!

_Calma mocinha, calma! _Disse a Enfermeira se servindo de café. _Vamos tomar um cafezinho, relaxar.

_Relaxar? _Disse Anne aflita. _Deixa eu ver logo essa identidade! É mentira não é?

_Não senhorita não é. _Disse a Enfermeira. _Eu queria lhe contar como foi que tudo aconteceu.

_Tudo? _Perguntou Anne curiosa. _A senhora viu alguma coisa?

_Não. _Disse a Enfermeira servindo Anne o café. _A senhorita aceita?

_Não, obrigada. Fale de uma vez. Meu Deus! _Disse Anne suando frio.

_Meu nome é Doroti. _Disse a Enfermeira com muita calma ao estender a mão sobre a mesa.

Anne mesmo relutante em desperdiçar tempo para apresentações foi com a mão de encontro com a da enfermeira. Sem que ela percebesse o aperto de mãos foi breve quem viu da mesa ao lado achou um tanto quanto rude da parte de Marrie.

_Está bem. Por onde quer começar? _Perguntou Doroti que começou a tremer muito quando disse essas palavras.

_Não sei. Eu não sei o que você sabe. _Disse Anne que nem se importou com o repentino desconforto de Doroti.

_Essa história não deveria ser revelada. Nada disso que eu vou te dizer vai mudar o que já passou, nada. _Disse Doroti, olhando para os lados e visivelmente nervosa.

_Onde está a identidade? _Perguntou Anne que a cada segundo ficava mais aflita pra saber de tudo. Ou de pelo menos do que Doroti tinha pra dizer.

_É tudo muito complicado. Eu não iria te contar nada se não estivesse realmente feliz em te ajudar. _Disse Doroti tremendo as mãos e na tentativa de disfarçar o nervosismo elas as escondia sobre as vestes brancas.

Isso fez Anne saltar da cadeira no mesmo lugar.

_Está aí? Deixa-me ver, por favor. _Disse Anne excitada diante de uma nova prova.

_Não! Calma menina, calma! _Disse Doroti segurando a mão de Anne que logo percebeu que não havia nada nas mãos da enfermeira.

_Cadê a identidade? _Disse Anne diante da decepção.

_Não está aqui. _Disse Doroti arrependida de ter começado uma conversa. _É melhor a gente deixar isso pra lá. O que eu tenho pra dizer não vai te ajud...

_Não agora a gente já está aqui e a senhora vai falar o que me obrigou a ouvir. _Disse Anne.

Doroti virou de lado na cadeira olhou para os lados e varias vezes para a porta da cantina e resmungou baixinho:

_Não fale a pena.

_O quê? _Disse Anne.

_Nada, não é nada. _Disse Doroti virando os olhos e voltando a sua posição inicial.

_Me fala logo Doroti. Posso te chamar de Doroti não é? _Disse Anne.

_Pode Anne. Claro que pode. E eu posso te chamar de An... _Disse Doroti.

_Pode sim. _Disse Anne sem perceber. _Mas me diga logo. FALA!

Doroti respirou fundo e voltou a olhar para a entrada da cantina.

_Não é justo que você sofra mais. A vida não foi justa com você. _Disse Doroti. _Eu quero que você saiba que isso não vai mudar o que ele foi.

_Ele quem? _Perguntou Anne.

Doroti respirou fundo mais uma vez e com os olhos molhados lançou a Anne um dos mais piedosos olhares que ela já vira.

_Seu pai. _Disse Doroti triste.

_Meu pai? _Perguntou Anne sem entender. _O meu pai? Mas o que ele tem haver com isso?

Doroti enxugou as lagrimas que começaram a rolar.

_Ele te amava, mais do que a qualquer um. _Disse Doroti chorosa. _A senhora Alice é uma ótima filha mais tenho certeza que ele preferia você. Pelo desafio entende. Você o fez rever os seus próprios conceitos. Mas ele te amava.

_Esperai, o que a senhora esta me dizendo? _Disse Anne totalmente confusa. _Eu realmente não estou entendendo o que o meu pai tem haver com a identidade.

_Nada, ele não tem nada haver com isso. _Disse Doroti. _Ele só gostaria que eu te dissesse isso.

_Você não conhecia o meu pai, mas mesmo assim eu agradeço a preocupação. _Disse Anne. _Mas me fale sobre a identidade, vamos desenrolar logo esse assunto.

_Eu conhecia ele sim. _Disse Doroti.

_Claro, você trabalhava aqui na época que ele era vi... _Começou Anne.

_Não! _Disse Doroti olhando para a entrada novamente, como fazia a cada segundo.

_Como não? A senhora não trabalhava aqui na época? _Disse Anne.

_Trabalhava mas... _Doroti parou no meio da frase e colocou a mão na boca e deixando que a lágrima escorresse solta pelo seu rosto.

Anne não estava entendendo o que ela estava querendo dizer. O que aquela senhora queria afinal?

_Olha eu agradeço o carinho que a senhora tinha pelo meu pai e agradeço que você tenha se comovido com a minha história, mas a senhora me trouxe aqui para quê afinal? _Disse Anne. _Eu já nem sei se existe essa tal de identidade.

_Ela existe menina, ela existe. _Disse Doroti. _Mas a senhorita tem que entender que essa historia toda pode parecer complicada no começo, mas eu preciso disso, eu preciso contá-la.

_Eu entendo Doroti, acho que entendo. _Disse Anne ansiosa. _Mas a senhora precisa começar a dizer logo.

_Me desculpe? _Disse Doroti com as mãos na bochecha.

_Pelo o que Doroti? _Perguntou Anne. _Vamos fale de uma vez.

_Está bem. _Disse Doroti olhando para a porta novamente.

Doroti respirou alto, secou as lágrimas, ofegou propositalmente como se dissesse a si mesma para tomar coragem e então começou:

_Eu trabalho aqui nessa clinica desde que sua mãe era viva. Eu me dava bem com ela aquela época a clinica ainda era bem pequena e os funcionários eram poucos. Todos nós, o pessoal da enfermagem a recepcionista e até os faxineiros tinham um relacionamento muito forte e intenso. Nós éramos todos muito amigos do seu pai e de sua mãe também. A gente freqüentava a sua casa quando tinha festas, alguma reunião, qualquer coisinha. Nós só andávamos juntos o tempo todo.

Doroti parou por um momento olhou para Anne piedosamente e depois se virou novamente para a entrada.

_O que tanto você olha? _Perguntou Anne, que estava inquieta ao esperar alguma resposta no discurso de Doroti.

_Hã? Nada. _Disse Doroti que nem mesmo reparava que repetia o movimento a toda hora.

_Continua. _Pediu Anne.

_Esta bem. _Disse Doroti fechando os olhos como se estivesse se preparando para voltar a se torturar.

_A senhora está bem? _Disse Anne.

_Estou bem sim, obrigada. _Disse Doroti abrindo os olhos novamente.

_Porque a senhora está sofrendo tanto assim? _Perguntou Anne. _Não é possível que goste de mim tanto assim.

_Não é isso. _Disse Doroti.

_O que é então, porque a senhora sofre tanto com a minha história? _Perguntou Anne.

_Porque não estou contando sua história, estou contando a minha. _Disse Doroti.

Anne não entendeu porque Doroti queria lhe contar sobre sua vida, mas não queria interromper novamente. Decidiu aguardar e ouvir a velhota. Doroti até havia se preparado para responder e ficou parada sem resposta quando viu que não foi questionada.

_Vamos! Continue. _Disse Anne.

_Não me julgue uma qualquer, mas na época eu era inocente e tenho certeza que seu pai não queria magoar sua mãe. _Começou Doroti que nem se atreveu a parar de falar novamente, pois o olhar de Anne dizendo “Continue” a fulminava. _Seu pai veio até mim uma noite em que nós aqui da clínica estávamos todos comemorando o aniversario de um dos funcionários da época, não me lembro do nome dele agora, mas eu lembro que era bem amigo de seu pai também fora da clínica. E durante a festa seu pai se aproximou de mim, mas eu não percebi que ele estava bêbado nem nada, nós costumávamos conversar nas pausas para o lanche aqui e ele me parecia boa pessoa. Então ficamos conversando a noite toda. Quando eu ia embora ele me ofereceu carona para casa e eu não pude recusar, São Paulo era violenta naquela época também, não tanto quanto hoje mas era. Eu tinha medo de voltar sozinha, já estava de noite e eu não podia me arriscar.

Doroti parou e olhou novamente para a porta e agora ao invés de voltar a cabeça ao normal ela continuou virada de costas pra Anne, que não estava entendendo mais nada daquela conversa. O porquê de tanto choro e dor. Será que ela era tão amiga assim de Otton que realmente sentiu tudo que ele passou nos seus últimos anos de vida de forma tão forte.

_HEI! _Gritou Anne para Doroti voltar a contar sobre a noite da carona.

Doroti virou assustada.

_Oh, desculpe. Eu me distrai. _Disse Doroti.

_É. Isso acontece de vez em quando. Mas continue pra eu ENFIM poder entender. _Disse Anne aflita para entender a história de Doroti.

_Onde eu estav... Ah! Me lembrei. _Disse Doroti. _Olha eu vou encurtar a história por que eu não quero que isso fique ainda mais constrangedor pra mim e pra você.

_Ótimo! _Exclamou Anne contente.

_Àquela noite seu pai e eu ficamos juntos. _Disse Doroti tremendo da cabeça aos pés.

Anne entendeu cada palavra que saiu da boca de Doroti e apesar de lá no fundo do seu coração sentir muito pela sua mãe, pobrezinha, que foi carneada e talvez morreu sem saber disso, ela não conseguia entender o que isso teria haver com a tal identidade.

Nunca julguem a Anne mal, ela tem suas ambições e objetivos na vida. Não se zangar pelo fato do pai ter traído sua mãe é totalmente normal quando no coração o espaço que eles ocupam é mínimo. Tão pequenos, tão insignificantes, ainda mais agora que estavam mortos, que não podiam ser ressaltados por suas vidas passadas em quanto o número um, o mais espaçoso, preferido e amado no coração de Anne era seu filho Gérard.

_Você me trouxe aqui só pra falar do meu pai? _Perguntou Anne.

Doroti enxugava as lagrimas e ouvir o que Marrie disse levantou o olhar e a encarou descrente.

_Como pode! Eu te contei o segredo que seu pai guardou durante anos, durante todos os anos da sua vida e você não se importa? _Disse Doroti.

_Isso foi uma noite somente, todo mundo comete seus erros na vida. _Disse Anne.

_Mas quem disse que foi somente aquela noite? _Disse Doroti e falava num tom desafiador enquanto o medo desaparecia dela.

_Teve outra? _Perguntou Anne.

_Eu era amante do seu pai durante esse tempo todo menina Anne. _Disse Doroti, se recuperando vagamente. _Depois daquela noite a gente continuou a se encontrar. Ele me manteve aqui quando seu filho foi roubado. Eu fui a única que estava de plantão naquela noite que ele não despediu, adivinhe porque.

Anne se viu agora totalmente interessada na historia.

_Você era amante do meu pai? _Anne sorriu. _E pra que você está me dizendo isso.

_Porque eu achei que você se importaria com a imagem dele e por sua mãe. _Disse Doroti descrente na felicidade de Anne.

_Eu me importo, mas não da maneira que você queria. _Disse Anne ainda sorrindo. _Eu não acredito nisso que você disse, você fez esse drama todo só pra pegar dinheiro não foi?

_Eu realmente sentia muito em ter que te contar essa história por isso eu chorava. _Começou Doroti. _Devia ter deixado pra lá, você não precisa da ajuda de ninguém. Quando Otton me falava do seu gênio eu não acreditava.

_Você nem me conhece senhora. _Disse Anne.

_Seu pai me falava de você e por isso eu sei que ele te amava e que mais do que ninguém queria que eu te ajudasse. _Disse Doroti que voltou a olhar para porta e num grito abafado ela se levantou.

Anne se assustou com a atitude de Doroti, ela parecia cada vez mais doida e descontrolada.

_Tudo bem senhora? _Perguntou Anne.

Mas Doroti não respondeu, se virou devagar, encarou Anne novamente, fechou os olhos e voltou a se sentar.

_Eu vou ser rápida eu preciso ir embora agora. _Disse Doroti.

Anne não replicou a fala da velha com medo de prolongar ainda mais essa conversa sem pé nem cabeça.

_Bem vamos lá. _Começou Doroti trêmula. _Eu e seu pai éramos amantes, ele morreu e me pediu que cuidasse de você, mas me pediu que não lhe revelasse a verdade sobre nosso relacionamento. Estou aqui agora para te ajudar como prometi a ele. Na noite em que seu bebê foi seqüestrado eu estava trabalhando no berçário e vi quando o homem que chegou aqui dizendo ser o seu marido, o Humberto, e levou seu bebê. A enfermeira que entregou o bebê pra ela era minha amiga na época e ficou muito triste quando foi despedida. Naquela noite eu entrei na recepção para pegar a sua ficha e achei em cima do balcão a identidade do homem que havia roubado seu filho horas antes. Peguei a identidade e a coloquei no bolso para entregar a você ou a seu pai, mas quando todos ficamos sabendo do seqüestro, no meio da confusão eu me esqueci dela no bolso.

Anne sorriu como nunca havia feito antes. Pela primeira vez depois que as duas sentaram naquela mesinha na cantina Anne havia se empolgado com as palavras de Doroti. Agora toda história fazia certo sentido. Mas esperai?

_O que você fez com essa identidade? _Perguntou Anne.

_Hã? _Perguntou Doroti como se não esperasse essa pergunta.

_O que você fez com a identidade? Pra quem você entregou? _Perguntou Anne.

_Como? _Doroti parecia confusa. _Eu não sei.

_Não sabe? _Anne estava confusa. _Onde esteve a identidade esse tempo todo?

Doroti voltava a tremer e a olhar para a entrada. Parecia um tique nervoso.

_Comigo! Ela esteve comigo este tempo todo. _Disse Doroti. _Comigo.

Anne não conseguia acreditar no que estava ouvindo, a raiva foi lhe subindo no peito como o leite que ferve na panela (Odiei essa analogia). Aquela mulher que estava olhando pra ela naquele momento havia guardado uma das coisas que Anne julgava de mais importância para que ela encontrasse o filho, o seqüestrador e quem sabe assim ela não iria ter matado Humberto e nem Poliana à-toa.

_Você guardou a identidade do seqüestrador do meu filho durante quase 22 anos e só agora está me dizendo isso? _Começou Anne. _Eu matei um homem, o pai do meu filho porque eu pensava que era ele que tinha pegado meu bebê. Matei também uma mulher por acidente, mas mesmo assim fui condenada a 25 anos de prisão longe do meu filho esses anos todos. Sem poder procurá-lo e sabendo que ele estava aqui fora crescendo sem saber quem é a sua mãe de verdade. E você guardando esse tesouro.

Doroti voltara a chorar nervosamente.

_Eu não queria Anne, não queria mesmo. _Disse Doroti antes de levara mão ao rosto para secar as lágrimas.

_Não queria o quê, acabar com a minha vida? _Disse Anne.

_Não é isso. _Disse Doroti. _É tudo tão injusto com você. A vida é tão injusta com você.

_Ah é? Se sinta responsável por quase tudo de errado que aconteceu nessa minha vida desprezível. _Disse Anne.

_Eu não queria. _Disse Doroti.

_Me diz que meu pai não sabia. _Pediu Anne.

_Não. Ele não sabia de nada, eu guardei por inocência minha. Achava que não ia ser útil pra você. _Disse Doroti. _Achava que você não ia sair procurando o seqüestrador por ai como você fez.

_Mas o que você ganhou guardando isso esse tempo todo? Porque não mostrou a polícia? _Anne tentava entender o porquê de Doroti ter escondido a identidade.

_Não sei. EU NÃO SEI! Está bem? _Disse Doroti nervosa. _Eu coloquei no fundo da gaveta e esqueci disso lá.

_E porque agora? Porque você decidiu desenterrar esse assunto? _Disse Anne. _Você poderia ter me ajudado antes, não acha.

_Eu tenho minha vida, sofri muito quando seu pai morreu. Não me lembrava dessa identidade, você já estava presa mesmo. E mesmo que eu lembrasse, de que adiantava? _Disse Doroti.

_E como você lembrou agora? _Perguntou Anne.

_Quando seu pai morreu e me fez o pedido pra que eu te ajudasse, eu fiquei pensando o tempo todo em você, no que eu poderia fazer. _Disse Doroti. _Fui fazer faxina lá em casa e quando mexi na gaveta achei a identidade, foi um sinal. Eu acho que foi um sinal do seu pai.

_Pára de enrolar. _Disse Anne zangada.

_Não me culpe Anne, não tive culpa do que te aconteceu. _Disse Doroti.

_Teve sim. _Disse Anne. _Doroti, a senhora deixou perdida no fundo da sua gaveta uma prova que iria me ajudara a encontrar meu filho.

_Desculpe! _Doroti voltou a olhar para a entrada. _Me desculpe Anne, eu estou aqui para em desculpar a todo mal que lhe causei.

_Muito mal não é senhora Doroti? _Disse Anne revoltada. _Você foi amante do meu pai, traiu a minha mãe que te conhecia mas não sabia das suas caronas com o papai, ignorou uma prova criminal a escondendo na gaveta e por fim acabou com a minha vida. Sim, você deve desculpas.

_Desculpe, desculpe. Está melhor assim? _Disse Doroti. _Mas agora vamos embora rápido, eu preciso sair daqui.

_Porque? Agora não. _Disse Anne. _Primeiro você vai me entregar a identidade.

_O quê? Ah tá! _Disse Doroti se distraindo ao olhar para entrada.

_O que a senhora tem? O que tanto olha lá fora? _Perguntou Anne.

_Nada, nada. _Disse Doroti. _Vamos logo com isso, antes que eu tenha um ataque do coração.

_Eu não sei por que isso está sendo tão torturante pra você. _Disse Anne. _Mas não vou ser eu que vou te atrasar. Onde está a identidade?

_Espera aqui. Eu deixei lá na minha bolsa. _Disse Doroti.

Doroti virou-se de costas e ia caminhando quando:

_Hei? Esperai! _Disse Anne. Como você sabia que eu ia vir aqui hoje?

Doroti pensou um pouco, passou a mão na cabeça e disse:

_Eu não sabia. Só que estou carregando a identidade comigo na bolsa, tive medo de perdê-la.

Doroti saiu pela porta da cantina e sumiu pelos corredores da clinica enquanto Anne seguiu até a sala de recepção e decidiu esperara Doroti por lá.

Anne estava eufórica por dentro, uma prova concreta e real do seqüestrador do seu filho seria determinante para que logo o achassem e o prendessem. Melhor do que isso era a chance de achar o seu filho também, ou de ter mais uma pista de seu paradeiro. Ela acreditava que tudo não passava de uma grande caça ao tesouro, cada pista levaria a outra, que levaria a outra e que por fim levaria até o X que marca onde o filho dela se encontra. Não é realmente empolgante? Seu lado Alice a estava dizendo que aquilo tudo podia ser uma grande armação, um golpe para arrancar dinheiro. Esse lado careta e responsável dela chamado de Alice era bem parecido com aquilo que a gente vê nos desenhos animados, a consciência em forma de anjo que vinha sempre dar bons conselhos. O pior era que o anjinho nem tinha chance quando o diabinho aparecia dando maus conselhos. E adivinhem o nome desse diabo? Anne Marrie. O diab... Quer dizer, a Anne, não via golpe nenhum da parte de Doroti. Ela não havia tocado no a$$unto e parecia estar disposta a entregar a identidade sem pedir nada em troca.

Doroti vinha caminhando calmamente com a bolsa pendurada no braço, olhando para todos os lados, parecia se esconder de alguém, temia que fosse vista. Ou pelo menos era essa a impressão que a Anne teve. Ela se aproximou parou na frente de Anne que se pos de pé na mesma hora ansiosa pra ver logo a pista. Digo, a identidade.

_Onde está? Me deixa ver! _Pediu Anne.

_Eu vou te entregar isso e ficar livre logo dessa situação. _Disse Doroti estendendo a identidade para a Anne.

Doroti mal acabou de entregar a identidade a Anne e seguiu em direção a saída, dessa vez sem olhar para os lados.

Na mão de Anne Marrie estava uma prova concreta, uma incontestável pista de onde poderá estar seu filho naquele momento. A assinatura era igual à de Humberto, o nome, a idade, os pais, a data de aniversário, tudo. O único elemento com certeza que diferenciava aquela identidade falsa da verdadeira era a foto: No lugar de traços fortes, queixo másculo, e olhos azuis como era Humberto, estava lá um homem de meia-idade com os cabelos loiros, os olhos verdes e um aspecto esquelético parecido com o ator Guy Pearce. Uma mistura da feiúra com a beleza. Um homem charmoso, fisicamente não muito atraente apesar do cabelo loiro, os olhos claros e o porte de super-herói, mas um homem. Tem quem goste. E Anne não gostou.

Anne agora estava prestes a ir para a próxima pista. Ou será que essa pista a levaria direto para o “X”?

Veja você mesmo, aqui.

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