sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Capítulo 21: A patricinha e ex-presidiária Anne Marrie

Lurdes estava no telefone gritando freneticamente.

_Mãe, fala baixo! _Disse Piedra ao entrar pela porta. _Parece que tu tá comandando a terceira guerra mundial daqui de dentro. Eu entrei pra falar pra ti isso, antes que os vizinhos reclamem.

_Piedra, Cierra la boca! Su madre está en el teléfono, tratando de resolver um problema._Disse Lurdes com a mão sobre o telefone.

_Mãe não fale em espanhol comigo, eu já disse que não gosto. _Disse Piedra revoltada.

_PIEDRA, CALE! _Gritou Lurdes andando de um lado para o outro.

_Calei, calei. _Disse Piedra com as mãos erguidas.

_Chiquita? Eu só quero reservar seu prato principal. Es isso, só isso. É tão difícil de conseguir isso? _Dizia impaciente Lurdes ao telefone. _Tu claramente não fez faculdade para hacer este trabalho, e no era nem preciso, já que QUALQUER TONTO NÃO PRECISA DE DIPLOMA PRA ISSO!

_Mãe! _Disse Piedra.

_PIEDRA! Não vou pedir de novo hija. _Disse Lurdes inquieta.

_Só não precisa humilhar a coitadinha assim. _Disse Piedra zangada.

_Não estava falando contigo, ou tu se chama Piedra? _Disse Lurdes. _A Linda não está mesmo, eu queria mesmo falar com ela, angel. Esta conversa toda está me desgastando. O QUÊ? NO ESTOY A TI XINGAR, NO SENHORITA. SÓ ESTOU REVOLTADA PORQUE NÃO ESTOU CONSEGUINDO CONTRATAR O BUFFET, PARA UM JANTAR AINDA PARA ESTA NOCHE! CHIQUITA, EU QUERO FALAR DIRETO COM A LINDA. PORQUE? PORQUE AI É O LINDA’S BUFFET, E EU QUERO FALAR DIRETO COM ELA NÃO COM A ARRUMADEIRA.

_Mãe, pára de gritar com ela, seja lá quem for. _Dizia Piedra embaixo da gritaria.

Dessa vez Lurdes apenas lançou um olhar tenebroso para Piedra, o que fez ela se calar novamente e afundar no sofá.

_ESPERAR? ESPERAR? E YO TENGO OPÇÃO? Ok, só não demora chiquita, porque se não eu vou esquecer o dinheiro que eu já paguei E VOU CONTRATAR OUTRO BUFFET! _Disse Lurdes exausta com a mão na cintura.

_Mãe, quer ti acalmar, por favor? _Pediu Piedra ao perceber a veia saltada na testa da mãe.

_Piedra querida, EU PAGUEI! MEU DINHEIRO NÃO NASCE EM ÁRVORE. _Disse Lurdes. _Agora voy tentar hablar com esta tal de Linda do Linda’s Buffet e conseguir o jantar pra nossa vizinha.

_Mas o que está acontecendo mamita? _Disse Piedra. _Aí, tá vendo? Eu também estou falando espanhol. Pára de falar espanhol mãe.

_Eu não consigo controlar minha língua quando estou nervosa. _Disse Lurdes andando de um lado para o outro.

_Eu sei, mas fica calma, tu vai enfartar se continuar nervosa desse jeito. _Disse Piedra.

_Aí, até agora nada. Se aquela piranhinha desligou o telefone na minha cara, eu vou matar. Voy a matar a su. _Disse Lurdes.

_Mãe, calma! _Pediu Piedra.

_Eu estou calma. _Disse Lurdes sentando na poltrona. _O problema é que preciso da resposta desse buffet pra agora, é o único buffet francês da cidade.

_Mãe, não precisa ter comida francesa só porque o pai dela é francês. _Disse Piedra.

_Ela não é francesa? _Perguntou Lurdes com o telefone ainda no ouvido.

_Não. Eu li que ela é filha de francês. O pai dela era francês e a mãe dela era brasileira. _Disse Piedra.

_Não faz diferença, ela teve uma criação francesa e vai adorar o jantar. _Disse Lurdes.

_E se ela odiar comida francesa? _Disse Piedra.

_O quê? _Perguntou Lurdes que tentava prestar atenção no telefone e na filha.

_Ela pode sei lá, ter trauma de infância. Ela pode ter apanhado do pai e odiar a França. Ela pode ter comido quando pequena e ter passado mal. Ela pode ser alérgica a escargot. _Disse Piedra.

_Piedra tu quer ajudar ou me matar de nervoso? _Disse Lurdes nervosa. _Cala a boca! Ah até que enfim, é a Linda. Cala a boca.

_Mãe anda rápido, eu fui até lá falar com ela. _Disse Piedra.

_Esperai Linda. _Disse Lurdes antes de colocar a mão sobre o telefone. _Tu o quê? Foi falar com ela? Sozinha Piedra? Ela é uma assassina.

_Mãe eu não fui sozinha o Rafa tava comigo e nem precisava ela é um amor. _Disse Piedra.

_Mas ela ainda é una assassina. _Disse Lurdes. _Espera um pouco Linda, eu esperei três horas e tu podes esperar también.

_Mãe o quê é isso? A senhora está fazendo uma festa pra ela e agora vem com essa história. Ela vai ter que entrar aqui em casa sabia? _Disse Piedra. _Tu não se atreva a fazer grosseria com ela heim mãe.

_Piedra é claro que não, mas ficar visitando a casa dela sozinha é perigoso. _Disse Lurdes.

_Eu não estava sozinha e nem eu. Tem o Olivier. _Disse Piedra.

_É verdade, é o sobrinho dela não é isso? _Perguntou Lurdes. _CALMA LINDA! É um assunto sério que eu estou discutindo aqui, e se eu não resolver não vai ter festa e eu não vou contratar seu buffet então, esperai chica.

_Mãe, pára de gritar. _Disse Piedra. _O que tu tem heim? Você vai fazer uma festa pra garota e nem confia nela.

_Piedra querida, essa Anne é una assassina e isso ninguém vai poder mudar. Pero isso não vai me impedir de dar a minha festa de boas vindas para os novos vizinhos, como eu venho fazendo há anos. _Disse Lurdes. _É lógico que eu não vou tratar a moça mal, eu sou a anfitriã da festa e não posso fazer essa indelicadeza, vou tratar ela e o menino o melhor que eu puder.

_Bom, muito bom. _Disse Piedra. _Porque você concordou que ninguém vai comentar sobre o assassinato na festa.

_Isso faz parte do convite, não quero ninguém avergonzado na minha festa, seria horrível. _Disse Lurdes.

_Ótimo! _Disse Piedra.

_Ótimo o quê? _Perguntou Lurdes. _Esperai aí Linda, só mais um minuto. Ótimo o quê Piedra? O que ela falou?

_Ah, ela vem. Ficou assim meio sem graça, mas disse que vinha. _Disse Piedra. _O Olivier convenceu ela na verdade. Ele é um gato, tu vai ver.

_Não deixe o João ouvir isso. _Disse Lurdes se levantando. _Pronto Linda pode falar. Não. Eu preciso do buffet aqui em casa às 5 da tarde com os garçons e com as cozinheiras. Como não tem cozinheiras? YO NO VOY CORRER O RISCO, E SE ACONTECE ALGO ERRADO, DE ÚLTIMA HORA? VOU TER QUE IR PRO FOGÃO, É ISSO? Linda querida, eu só quero contratar o serviço de vocês. Solo isso. É pedir mucho? Yo entendo que foi de última hora, pero que foi um caso urgente. Tengo o compromisso de pagar o dobro pelo seu esforço. AGORA É CLARO QUE TU ENTENDES, TU FALA A MESMA LÍNGUA QUE YO: DINHEIRO.

 

O celular de Piedra tocou no bolso. Quem ligava era Rafael.

_O que foi Rafael? _Perguntou Piedra impaciente.

_Calma guria. _Disse Rafael. _Tu não mandou eu vir acordar seu namorado? Então, ele não quer levantar.

_Joga água nele, empurra ele dá cama, faz qualquer coisa, mas acorda ele. _Disse Piedra. _Ele tem uma festa pra ir e nem sabe disso.

_Adivinha Pi? _Pediu Rafael segurando o riso. _O olho dele tá todo roxo, fora o inchaço.

_O quê? _Se chocou Piedra. _Ele não pode vir pra festa assim.

Rafael ria sem parar no telefone.

_Rafael pára de rir. _Pediu Piedra. _A gente tem que fazer alguma coisa, maquiagem sei lá. Mas ele não pode aparecer assim hoje a noite, minha mãe contratou até um fotógrafo.

_Fotógrafo Piedra, a Anne Marrie não vai gostar disso não. _Disse Rafael.

_Quê não vai? Ela faz o tipo garota problema que diz que odeia as câmeras, mas no fundo adora. _Disse Piedra.

 

Anne e Olivier vasculhavam as caixas atrás de roupas para a festa da noite.

_Será que vai ter fotógrafo? _Perguntou Olivier.

_Não, a imprensa só entra aqui com autorização. _Disse Anne afogada em pilhas de roupas.

_Não tia, a imprensa não. Estou falando de fotógrafo normal, para o evento. _Disse Olivier jogando uma calça jeans pra longe.

_Tomara que não, já basta a capa da Society essa semana. _Disse Anne. _Não quero sair na semana que vem de novo. Chega de patricinha e ex-presidiária. Deixa a Britney quebrar outro guarda chuva na cabeça de alguém.

Riu os dois.

_E a manchete como seria? _Perguntou Olivier brincando.

_Anne Marrie vai a festa e bebe todas. _Sugeriu Anne sorrindo.

_Você vai beber? _Perguntou Olivier jogando uma blusa azul pra longe na mesma pilha da calça jeans.

_De jeito nenhum, ainda mais se tiver fotógrafo. _Disse Anne. _Vida nova a partir de agora lembra?

_Certo. _Sorriu Olivier feliz.

 

_Não sei Pi, melhor desmarcar o fotógrafo não? _Disse Rafael ao telefone.

_Rafa cala a boca, a festa quem tá dando é minha mãe igual pra todo vizinho e pra todos teve fotógrafo. Pra ela não vai ser diferente. _Disse Piedra.

_Ela é famosa. _Disse Rafael.

_Por sair na página criminal. _Disse Piedra. _Ela não é nenhuma lady, nem atriz e nem nada. Só tem dinheiro e é assassina.

_A festa é sua, depois não reclama se o tema da festa não aparecer. _Disse Rafael.

_Cala a boca guri e acorda o João ai rápido. _Disse Piedra tampando os ouvidos pra ouvir Rafael do outro lado já que sua mãe gritava ao telefone com Linda.

_Estou tentando. _Disse Rafael. _Que gritaria é essa ai?

_É minha mãe tentando contratar o buffet. _Disse Piedra.

_E a Louísa será que vai? _Perguntou Rafael.

_Minha mãe convidou os pais dela, tu acredita? _Disse Piedra. _Mas eu vou bater o pé. Aqui em casa aquela guria não entra.

_Boa sorte, porque sua mãe não vai deixar de convidar os pais delas por causa da sua briga com a guria. _Disse Rafael.

_Minha briga com a guria não, que todo mundo mundo brigou com ela. Ninguém conversa mais com ela, não sou só eu não. _Disse Piedra.

_Mas você vai brigar com o João por causa de ontem tenho certeza. _Disse Rafael. _Você já desculpou ele, isso e injusto.

_Deixa de ser nojento e pára de acobertar seu amigo. _Disse Piedra. _Eu desculpei pelo negócio do quarto, mas na festa do André lá tava ele conversando com ela de novo.

_Ele estava pedindo informação, é diferente. _Disse Rafael.

_Era só procurar mais um pouco que a gente achava, mas ele foi logo atrás dela. _Disse Piedra. _Nçao sabe esperar.

_Aquilo ali estava uma loucura Pi, e deixa de ser chata guria. Ciúme bobo. _Disse Rafael. _Por isso que eu terminei contigo, paranóica com tudo. Com o namorado com a carreira, com a mãe, com a carreira, com a carreira e com a carreira.

Rafael riu.

_Eu não sou paranóica com a carreira nem com ninguém. _Disse Piedra nervosa. _Ser modelo é um sonho meu.

_E de milhões de pessoas. _Disse Rafael.

_Rafael, eu não vou ficar aqui discutindo minha vida contigo, não fazia isso quando a gente namorava e agora fica ai colhendo sermão. _Disse Piedra.

_Piedra, se for pra brigar com o João olho roxo, eu não vou acordar ninguém. _Disse Rafael. _Se quiser vem tu aqui.

_Rafael eu tenho que ajudar minha mãe com a festa, acorda ele ai e manda ele vim pra cá agora. _Choramingou Piedra ao celular. _Por favor vai.

_Eu conheço sua tática, oh gatinho do Shrek. _Disse Rafael. _Não vou acordar ele mais. Tchau!

_Rafael não deslig... _Disse Piedra. _... Na minha cara.

Nervosa Piedra esperou a mãe virar as costas enquanto ela saia de fininho. Mas Lurdes percebeu.

_Piedra pode voltar aqui agora guria. _Disse Lurdes. _Esperai Linda. Onde a chica pensa que vai?

_Mãe não enche eu vou voltar rapidinho, eu tenho que acordar o João. _Disse Piedra.

_Fala pra ele que já inventaram o despertador, mas se ele prefere alguma coisa mais rústica manda ele comrpar um galo. Eles são pontuais. Agora volta, senta ai e me espera.

_Mãe, ele precisa de mim lá, o Rafa me ligou aqui pedindo pra ir lá. _Disse Piedra. _Por favor, mamita. Yo tengo que ir.

_Eu te conheço Piedra Amarante, falando espanhol pra amolecer el corazón de la mamá. _Disse Lurdes. _O pior é que funciona.

Piedra sorriu e correu pra porta.

_Calma! _Disse Lurdes. _Você também Linda, espera um pouco querida. Piedra volta aqui.

Piedra voltou devagar.

_Vou te dar cinco minutos pra tu ir e voltar. Compreende? Ni un solo segundo a más. Nós temos que ir ao centro pegar a roupa na loja, a minha e a sua que eu já deixei separada. Aproveitamos para almoçar e voltamos pra cá pra receber o buffet. _Disse Lurdes segurando o telefone.

_Mãe, eu tenho que ajudar aqui? _Disse Piedra desanimada.

_Tem lógico. _Disse Lurdes.

_E o que a gente conversou sobre a Louísa não vir? _Perguntou Piedra.

_Eu pensei e está fora de cogitação. Eu não vou deixar de convidar os Zurück por causa de uma briguinha de criança. _Disse Lurdes.

_Não é briguinha de criança. _Disse Piedra nervosa.

_Tanto faz a garota vai vir junto com os pais e ponto final. _Disse Lurdes. _Agora some da minha frente e nem pense em me atrasar heim.

Piedra zangada deu as costas a mãe e saiu de casa batendo a porta, ao sair pelo jardim Piedra enquanto caminhava até a casa de João olhou para casa de Louísa que estava na janela e deu um tchauzinho pra garota. Piedra parou sem acreditar no gesto de Louísa que soou para ela quase como um insulto. Piedra bateu o pé e de uma vez levantou o dedo médio da mão para a garota parada na janela. Louísa riu em saber que conseguiu provocar a garota com tão simples e inofensivo gesto. Piedra seguiu pisando alto até a casa de João enquanto Louísa observava tudo de sua casa.

 

_Louísa, tu ainda não foi fazer tua mala? _Disse Eleonor, mãe de Louísa.

_Que mala mãe? _Perguntou Louísa saindo da janela e voltando pra mesa.

_A mala pra nossa viagem de fim de semana pro Rio. _Disse Eleonor. _Vai ter um coquetel...

_Mãe, vai ser a festa da nova vizinha aqui da rua, a Anne Marrie. _Disse Louísa. _Lembra? A Lurdes convidou a gente.

_Claro que lembro, mas Louísa filha, eu não vou numa festa dar as boas vindas pra uma assassina. Nós moradores aqui do Moinho tínhamos que fazer um abaixo assinado contra a entrada dessa moça para o condomínio. _Disse Eleonor. _Ela vai acuar todo mundo a qualquer hora, não vai poder se sair na rua agora.

_Mãe, sem exageros. _Disse Louísa. _Ela já cumpriu a pena dela.E todos dizem que ela é um amor de pessoa.

_Dizem que ela é uma patricinha que herdou uma fortuna do pai e fica por ai matando as pessoas atrás de um filho desaparecido. É louca. _Disse Theodor Anton, pai de Louísa.

_Olha só gente, o velho também sabe usar a internet. _Disse Louísa zombando e rindo do pai.

_Eu leio jornal só isso e tu devia fazer o mesmo. _Disse Theodor frio e calmamente. _Tu viu a que horas essa menina chegou em casa ontem Eleonor?

_Não ouvi nada. _Disse Eleonor concentrada em raspar o mamão.

_Mas eu ouvi. _Disse Theodor. _Os garotos da rua tiveram que trazer ela até aqui carregada. Estava tão drogada que não se agüentava em pé. A Maria teve que levar ela pro quarto, tirar as roupas dela e dar um banho se não ela ia dormir aqui em baixo mesmo.

_Tu não estava acordado, foi a Maria, aquela fofoqueira, que contou isso pra você hoje de manhã. _Disse Louísa.

_É pra isso que eu pago. _Disse Theodor.

_Por favor, vocês dois não comecem com outra discussão. Dá um tempo pra mim, preciso descansar pra viagem, não posso me estressar. _Disse Eleonor.

_Mãe, já disse que não vou viajar, eu vou à festa na casa da Piedra. _Disse Louísa.

_Você devia ter vergonha, aparecer na frente de todos como se você não tivesse feito nada. _Disse Theodor.

_Ah vocês ficam fazendo estardalhaço por nada. Eu não fiz nada demais foi só minha forma de vingança, só isso. _Disse Louísa. _Grande coisa que eu fiz, como se ninguém soubesse daquilo.

_Mas tu não tinha o direito de contar. _Disse Theodor. _Não era da sua conta, não era a sua vida.

_Eles eram a minha vida. _Disse Louísa. _Não podiam ter feito o que fizeram comigo. E é isso mesmo que você ouviu, eles começaram.

_Eles só leram seu diário e daí. Coisa mais ridícula, coisa de menininha isso, escrever diário. _Disse Theodor.

_Me tiraram da vida deles, como se eu não representasse nada, como lixo. _Disse Louísa. _Eu vou fazer eles voltarem a falar comigo, mas ai quem não vai querer vai ser eu.

_Filha você devia deixar tudo isso de lado. _Disse Eleonor. _Pra que cutucar a ferida? Deixa como estão, se eles não querem conversar, deixa eles. Procura outras amizades, sai um pouco daqui desse moinho, vai pro centro, no cinema, conhecer gente nova, se divertir. Vamos pro Rio, quem sabe lá você não esquece isso tudo.

_Eu já disse que não vou pro Rio, essa festa é a chance de eu voltar pra turma. _Disse Louísa.

_Tu não é amiga da Patrícia? _Perguntou Eleonor. _Não tá ótimo? Ela é uma garota excepcional, muito fina. Uma graça.

_Ela é ridícula, faz tudo que eu mando, não tem personalidade sabe. _Disse Louísa. _É um fantoche que vai me ajudar a ficar junta deles de novo.

_Tu é que é ridícula. Devia arrumar o que fazer e deixar eles em paz. _Disse Theodor. _Ninguém é obrigado a gostar de ninguém Louísa, você fez algo errado e devia aceitar isso como mulher e não ficar aí brincando com o sentimento dos outros dando uma de vilãzinha. Ridículo!

_A gente não escolhe a quem amar papaizinho. _Disse Louísa. _Eles eram meus únicos amigos.

_Que te rejeitaram, supera isso e vai viver sua vida. Deixa de ser patética e cresce guria! _Disse Theodor.

_Theodor? _Pediu Eleonor para que o marido parasse com as agressões.

_Deixa mãe. _Disse Louísa.

_Eu não vou deixar tu fazer nada com esses garotos, é até bom Eleonor que a gente vá a essa festa pra esclarecer as coisas. _Disse Theodor. _Passar vergonha toda vez que essa guria põe a cabeça pra fora. Rio de Janeiro fica bem longe e é pra lá que você vai passar esse fim de semana, sozinha.

_Mas eu quero ir. _Protestou Eleonor.

_Eu não quero ir. _Protestou Louísa.

_Vocês vão fazer o que eu estou mandando, Eleonor vai ficar pra festa da Lurdes junto comigo. O Rafael, o João e as meninas precisam saber o que tu anda armando dona cobra. A senhorita vai pro Rio fazer sei lá o quê, não me interessa, mas quero você longe enquanto eu conserto as coisas de novo. E quando tu voltar me agradeça, por ninguém olhar na sua cara inclusive a Patrícia. _Disse Theodor.

_Tu não vai fazer isso. _Disse Louísa. _É a minha vida.

_É a vida deles e você acha que tem o direito de intrometer, eu sou seu pai, e não acho não, eu tenho obrigação de intrometer na sua. _Disse Theodor. _Então acaba de comer caladinha ai e vai arrumar tua mala! Eu te levo no aeroporto.

_Isso é injusto. _Resmungava Eleonor.

_O que tu fala não é lei senhor Theodor Anton. Não pra mim. _Disse Louísa.

_Em uma coisa eu tenho que concordar com você Louísa, a gente não escolhe quem ama. _Disse Theodor. _E tenha certeza que o mesmo acontece com os filhos, a gente não escolhe.

Louísa levantou da mesa rispidamente fazendo as xícaras virarem e as frutas rolarem da cesta.

_EU NÃO VOU PRO RIO DE JANEIRO E PONTO FINAL. _Disse Louísa dando a volta na mesa.

_Vai sim. _Disse Theodor.

_Quero ver quem vai me obrigar. _Cochichou Louísa no ouvido do pai antes de sair da sala de jantar.

_Theodor. _Começou Eleonor. _Isso não está certo.

_Eu vou consertar as coisa Eleonor. A Louísa precisa de um basta e ela vai ter o que merece. A vida não é assim, ela não pode ter tudo que ela quiser, principalmente quando o que ela quer envolve a vida de outras pessoas. Ela não pode fazer isso.

_Mas eu queri ir pro Rio. _Disse Eleonor.

_Estamos pagando amor o preço por ter criado a Louísa assim, mimada e regada de luxos. _Disse Theodor. _Ela só aceita o sim como resposta. Isso tem que acabar.

_O Que você vai fazer? Ela não vai querer ir pro Rio. _Disse Eleonor.

_Isso não tem como obrigar, é capaz dela fazer um escândalo no aeroporto pra não ir. _Disse Theodor. _Mas ela não vai a essa festa hoje a noite e isso é minha palavra final. Nem que eu amarre ela na cama, que encha ela de remédio, ela vai ficar quietinha aqui em casa.

_Mas eu não quero ir nessa festa da assassina. _Disse Eleonor.

_Nós não vamos por ela, é tradição da rua a Lurdes fazer a festa de boas vindas. _Disse Theodor. _A turma vai estar toda lá, eu vou conversar com eles, falar que a Louísa está com graves problemas emocionais, para eles não se aproximarem dela. Para a segurança deles. Eu já achei droga no quarto dessa menina, e se ela continuar a enlouquecer desse jeito ela pode ser a próxima assassina aqui da rua depois dessa Anne.

_Deus me livre Theodor, como você pode falar assim da nossa filha? _Disse Eleonor chocada com a frieza do marido.

_Eleonor, a Louísa não pode continuar assim sem regras, eu vou tomar medidas drásticas, justamente por ela ser a nossa filha, me importo com o futuro dela. _Disse Theodor. _E que futuro ela vai ter se continuar assim?

_Eu acho que acabou de nascer um fio de cabelo branco em mim, eu senti. _Disse Eleonor virando os olhos pra cima a fim de ver o fio branco.

_Se for preciso, já até pensei em uma clínica de reabilitação. _Disse Theodor. _Ela precisa de um tratamento psiquiátrico. Um acompanhamento de perto dos profissionais as terapias não estão funcionando, isso se ela estiver indo ainda.

_Ela me disse que parou tem um tempo, está se sentindo melhor. _Disse Eleonor.

_Eu sei o que está fazendo ela se sentir melhor. _Disse Theodor levando dois dedos até a boca imitando o gesto de um fumante.

_Já vi ela fumando no quarto também. _Disse Eleonor.

_E pra variar não fez, nem falou nada ELEONOR? _Disse Theodor.

_O que você queria que eu fizesse? Eu não sou igual a você, não quero que ela me odeie. _Disse Eleonor.

_Você é mãe, não é amiga. _Disse Theodor. _Os filhos odiarem os pais na adolescência é normal amor. Você tem que aprender a viver com isso senão você vai perder sua filha. Já está perdendo aos poucos.

_Eu não nasci pra isso meu Deus. _Disse Eleonor. _Ser mãe é calvário.

_Não é fácil querida eu sei, mas não pensei que seria assim tão radical. Nunca. _Disse Theodor.

 

Marina atendeu a porta sorrindo.

_É tu querida, entra. _Disse Marina ao ver Piedra parada do lado de fora.

Piedra sorriu de volta e entrou pelo hall da grande e luxuosa casa do seu namorado.

_Onde estão os garotos? O João já acordou? _Perguntou Piedra que não podia demorar.

_Estão lá no quarto Piedra, o pobre do Rafael está tentando acordar aquele dorminhoco. _Disse Marina.

_Obrigada Marina, eu posso subir até lá? _Disse Piedra atrasada para sair com a mãe.

_Claro querida! _Sorriu Marina sempre feliz e simpática.

Piedra disparou até a escada.

_Piedra, querida, espere um pouco. _Pediu Marina preocupada.

_O quê é senhora? _Perguntou Piedra curiosa.

_É que ontem eu fui me deitar cedo e não vi o que aconteceu, mas tu sabe o que aconteceu com a Patrícia? _Perguntou uma mãe preocupada chamada Marina.

Piedra engoliu seco, de fato ela sabia o que havia acontecido, mas temia revelar isso a Marina, que talvez não suportasse ouvir a verdade sobre a festa de André.

_É que ela não se levantou até agora e já está tarde, normalmente ela costuma se levantar mais cedo junto com o pai. _Disse Marina.

_Marina eu não estou sabendo de nada não. _Disse Piedra. _Eu só sei que quem estava com ela era a Louísa, talvez ela saiba de algo.

_Claro querida, me desculpe por ti incomodar. _Disse Marina com seu habitual sorriso simpático. _Eu vou ligar pra Louísa imediatamente, e talvez não seja incomodo que ela venha aqui dar uma olhada na Patrícia pra mim. É que eu fico sem jeito de acordar ela, essa idade tu não sabe né, como eles vão reagir. Adolescentes, qualquer coisa errada e eles fogem de casa revoltados. Tão rebeldes.

_Sim senhora, isso mesmo ligue pra ela tenho certeza que ela vai fazer questão de ajudar a amiga dela. _Piedra Fingiu simpatia e alegria ao falar de Louísa.

_Mas pode subir querida, eles devem estar de conversa fiada e não desceram até agora. _Disse Marina sorrindo enquanto ia ao telefone. _Fique à vontade, a casa é tua.

_Obrigada senhora Pinho Medeiros. _Disse Piedra antes de subir as escadas correndo para não se atrasar ainda mais. E ela sabia que se isso acontecesse Lurdes não iria esperar ela para ir até o centro e provavelmente ela ficaria sem o vestido e sem almoço.

Já no quarto:

_O que vocês estão fazendo? _Perguntou Piedra ao se deparar com Rafael mergulhando um bife suculento e ainda sangrando no rosto de João.

_Minha mãe sempre disse que é bom pra hematoma. _Disse Rafael com o sangue escorrendo pelos dedos que seguravam o pedaço de carne. _Ela já apanhou muito das outras modelos, ela era mais bonita e elas ficavam com inveja. Mulheres.

_Cala a boca Rafael! _Disse Piedra se aproximando da cama onde João estava deitado gemendo de dor. _Como assim hematoma?

Rafael tirou o bife do olho de João e Piedra pulou pra trás quando viu o rosto do namorado roxo pela metade e bastante inchado. Ele mais parecia um Orc.

_Meu Deus João! _Se espantou Piedra com o rosto deformado do namorado, colocando a mão sobre a boca.

_Não está tão ruim assim, está? _Perguntou João ainda deitado.

_Imagina o Shrek roxo! Imaginou? Gostou? Então tu tá lindo. _Zombou Rafael que disparou a rir em seguida.

_Pára Rafael é sério, como ele vai à festa assim e ainda por cima tá doendo, como tu vai andar amor? _Choramingou Piedra sentando na beira da cama.

_Piedra, meu olho que está roxo mais eu ainda tenho perna. _Disse João sentando na cama sacudindo as pernas por debaixo de edredom.

_Deita amor, vai doer! _Disse Piedra empurrando João pro travesseiro novamente. _Ai, ai, machucou?

_Piedra calma eu quero levantar, eu preciso levantar. _Disse João tentando levantar enquanto Piedra o empurrava de volta para a cama.

_Ow Pi, deixa ele levantar. _Disse Rafael rindo da cena.

Por fim João levantou e se pôs entre Piedra e Rafael na cama.

_Pronto, vamos ficar assim tá vendo? _Disse João encarando os dois. _Me dá a carne ai.

Rafael deu a carne grossa e sangrando na mão de João que a mergulhou no rosto novamente.

_Que nojo João tira isso daí, essa carne só falta mugir de tão fresca. _Disse Piedra se afastando de João. _Vocês não sabem o numero da farmácia não? Já inventaram as drogas justamente pra isso.

_Ele já tentou de tudo Piedra, e o que tem demais na carne, mal não faz. _Disse Rafael.

_Só Rafael que a gente precisa de resultados RÁPIDOS! _Disse Piedra. _E eu estou atrasada, vim aqui a toa tu já tá acordado.

_Custo viu? _Se defendeu Rafael.

_Também depois de ontem e depois do soco que tu levou na cara qualquer cama prende a gente. _Disse Piedra.

Os três continuaram conversando por alguns minutos sobre a festa da noite passada.

_Tu não disse que está atrasada? _Disse João.

_Tu tá me expulsando João? _Disse Piedra que adorava fazer um drama.

_Exagerada! _Cochichou Rafael tampando a boca com a mãe.

_O quê? _Perguntou piedra que não entendeu o que Rafael disse.

_Nada Pi. _Disse João. _Eu estava perguntando o que tu tá fazendo aqui sentada, não disse que estava atrasada?

_Eu estou mesmo, mas não é assim tenho algum tempo ainda, minha mãe vai me ligar quando a gente for sair. Bom eu acho né. _Disse Piedra.

_Exagerada! _Cochichou novamente Rafael por debaixo da mão.

_Qual é seu problema guri? _Se zangou Piedra.

_Calma Pi. _Disse João. _E aí? Eu não vou na festa né?

_Claro que vai! _Disseram Rafael e Piedra juntos.

_Eu não vou ficar lá sozinho sem ti. _Disseram Rafael e Piedra juntos.

_No meio daquele bando de gente doida e fingida. _Disse Rafael. _Já basta a minha família.

_Basta a minha que vai dar a festa e nem gosta da convidada principal. _Disse Piedra.

_Mas e difícil né Pi, a mulher é uma assassina, galera peraí. _Disse João.

_Peraí tu. Agora mesmo estava falando que ela era bonitona, gostosinha e tudo mais. _Disse Rafael. _Agora vem com essa história de assassina? Pra cima de mim não.

_Gostosinha? _Perguntou Piedra com os olhos fechados.

_Cala a boca Rafael! _Disse João olhando feio pro amigo que começou a rir.

_É mentira Piedra, deixa de ser boba ele não falou nada não. _Mentiu Rafael que a pouco tempo antes de Piedra chegar discutia com João as qualidades da nova vizinha.

Piedra resmungou calada e aceitou séria, o beijo do namorado, quando o celular dela começa a tocar.

_Alô? _Disse Piedra. _Já tô ind...

Lurdes nem esperou Piedra terminar de falar e desligou o telefone na cara da filha.

_Gente tenho que ir, se não minha mãe sai sem mim. _Disse Piedra. _Mas eu tenho que falar uma coisa primeiro. Olha: Eu falei com minha mãe sobre a Louísa e não tem jeito gente, minha mãe falou que não vai deixar de convidar a Eleonor e o Theodor pra festa por causa da nossa briga coma filha deles, eles também são vizinhos. Vocês acreditam que ela acordou cedinho de manhã pra entregar o convite pra eles? Se eu tivesse visto, eu não tinha deixado e olha que eu já tinha falado antes com ela, mas vocês conhecem minha mãe né? Teimosa, faz tudo do jeito dela.

_Graças a Deus! _Disse Louísa parada na porta.

Os três saltaram na cama.

_Guria! Quer me matar de susto? _Disse Rafael com a mão no peito depois do susto.

_Ainda não rafa pode relaxar. _Disse Louísa sorridente.

_O que você está fazendo aqui guria? Sai fora agora. _Disse João ainda com o coração na garganta.

_Ela veio acordar sua irmã. Sua mãe chamou ela. _Disse Piedra séria sem olhar para cara de Louísa.

_Minha irmã não precisa de você, eu mesmo vou acordar ela, vai embora agora Louísa. Sai da minha casa guria. _Disse Rafael se levantando da cama num pulo ainda com adrenalina do susto.

_Calma João. _Disse Rafael que se levantou para segurar o amigo.

_Eu não vou fazer nada não Rafael pode ficar tranqüilo. Não vou sujar as minhas mãos com essa daí. _Disse João ao passar por Louísa.

Piedra e Rafael seguiram João até o quarto de Patrícia.

_E se você olhar pra mim na festa, acenar ou dar uma de boazinha na frente da minha mãe pra se exibir, eu vou quebrar a sua cara e dessa vez vai ser pra valer ouviu? _Ameaçou Piedra ao passar por Louísa que logo depois riu da atitude da garota.

Louísa seguiu o grupo.

Quando os quatro entraram no quarto de Patrícia havia um monte de maconha espalhados no chão. Os três ficaram parados diante daquilo chocados, Louísa sorria com todos os dentes.

_Então era isso que tinha no saquinho. _Disse João recordando a noite anterior quando perguntou a irmã sobre o que tinha no saco que ela escondia nas gavetas.

_Mas não era para desperdiçar assim, custou caro. _Disse Louísa sorrindo.

_Foi tu não é guria que compro isso pra ela? _Dizia João zangado com a garota.

_Eu não, na verdade tua irmã que comprou pra mim. _Disse Louísa. _ficou sem mesada, que pena.

_Sai fora guria, cai fora de uma fez, antes que você apanhe aqui. _Disse Rafael na frente de João caso ele resolvesse avançar em Louísa e não faltava muito pra isso.

_E não vai demorar. _Disse Piedra perto da garota, olhando direto nos olhos dela.

João foi até a cama da irmã e a sacolejou revoltado com as drogas que encontrou no quarto, pronto para dar o sermão na irmã. Ele sacudia, empurrava, gritava Patrícia, mas nada da garota acordar.

_Ô família difícil de levantar meu Deus. _Disse Rafael.

_Patrícia? Acorda, vamos levantar, que maconha é essa espalhada aqui no chão? Patrícia? PATRÍCIA? _Dizia João na tentativa de acordar Patrícia que nem se mexia.

_Pati? Acorda dorminhoca. _Gritava Piedra para acordar a cunhada.

_João levanta ela se não ela não vai acordar guri, ficar gritando e cutucando não resolve, a guria deve tá pregada por causa da festa ontem. _Disse Rafael.

João obedeceu ao amigo e segurou a irmã nos ombros e de uma vez sentou ela na cama. E para surpresa de todos Patrícia estava espumando pela boca.  Baba branca escorria pelo pescoço. João percebendo a overdose encostou a irmã na cabeceira e começou a dar pequenas palmadinhas no rosto da garota para tentar acorda-la. Rafael se aproximou e voltou a deitar a garota.

_João calma, eu já vi isso acontecer em muitas festas é overdose guri, vamos ter que levar ela para o hospital agora se não ela vai morrer. _Disse Rafael verificando o pulso da garota.

Piedra se aproximou curiosa e reparou no resto de pó branco espalhado em cima do criado mudo, ao lado um cartão de crédito.

_O que é aquilo ali João? _Disse Piedra apontando para o objeto.

João pegou o cartão e logo descobriu como a irmã entrou em overdose.

_Cocaína Louísa não dava pra matar ela aos pouquinhos não? _Disse João com lágrima nos olhos.

Louísa parecia assustada:

_João juro que eu não tenho nada haver com isso ai. _Disse Louísa sinceramente. _Eu não ia brincar com uma coisa séria dessas.

_E desde quando drogas é brincadeira guria. _Dizia Piedra revoltada.

_Mas eu não... _Louísa parecia realmente assustada e já pensava que a culpa caso Patrícia morresse seria dela.

_Eu estou falando da maconha Louísa, isso não é brincadeira. _Disse Piedra. _maconha, cocaína, qualquer droga é droga guria.

Louísa deixou uma lágrima correr.

_João me ajuda a pegar ela, vamos levar ela agora pro hospital guri. Anda. _Disse Rafael enquanto tentava pegar Patrícia no colo, que era bem alta apesar da pouca idade.

_Nós vamos ter que sair escondidos, minha mãe e meu pai estão lá embaixo se eles verem ela assim vão me matar. _Disse João chorando com a mão na cabeça enquanto Rafael carregava Patrícia.

_João, isso é o que menos importa agora, ela pode morrer. _Disse Piedra.

_A Piedra tem razão João, ela precisa ir pro hospital agora, seus pais precisam saber. _Disse Louísa chorosa andando pelo quarto e pegando as coisas de Patrícia. _Eu vou fazer uma mala pra levar pro hospital com as roupas, eu encontro vocês lá.

_Você não vai garota, é capaz de tu desligar a máquina da guria só pra ver ela morrer. _Disse Rafael saindo com patrícia do quarto.

_Não fui eu que dei essa cocaína pra ela. _Disse Louísa desesperada.

_É gente talvez não foi ela mesmo, lá na festa ontem o que não faltava era isso, ela pode ter conseguido de alguém. _Disse João correndo atrás de Rafael.

_Espero que seja isso guria ou então eu mesma te mato. _Disse Piedra com o dedo na cara de Louísa.

 

Já na rua correndo, João, Piedra e Louísa, necessariamente nessa ordem, seguiam Rafael até o carro.

_Vamos no meu que está mais fácil. Já está aqui fora, vamos. _Disse Rafael enquanto corria com a garota nos braços seguido pelos três.

Logo atrás dos três vinha Marina que não estava entendendo nada e Roberto logo atrás entendendo menos ainda. Parada em frente a sua casa Lurdes buzinava pra Piedra.

_Vamos filha. _Disse Lurdes apressada, mas quando percebeu a emergência: _Que passa ai Piedra?

_O que está acontecendo João? _Repetia Marina atrás dos garotos, uma vez e de novo e de novo e de novo. _O que está acontecendo João?

_Marina calma. _Vinha Roberto logo atrás. _Não dá tempo de conversar agora eu vou lá pegar meu carro, me espere aqui.

_O que está acontecendo JOÃO? _Gritava Marina assustada na rua, vendo a filha ser levada desacordada pra dentro do carro. _Pra onde vocês estão levando ela?

_Pro hospital Senhora Pinho Medeiros, pro hospital. _Disse Louísa com a bolsa de Patrícia na mão antes de entrar no carro atrás dos outros.

Marina começou a se sentir mal e ameaçava cair no chão, vendo tudo de longe, Lurdes se apressou pra sair do carro a tempo de socorrer a mulher. Theodor e Eleonor acompanhavam a gritaria e a confusão da janela.

_Eu vou até lá Eleonor, a nossa filha aprontou de novo. _Disse Theodor na janela. _Se ela machucou essa garota ela pode arrumar as malas que ela vai passar um bom tempo numa clínica pra malucos. Ela passou do limite Eleonor, passou dos limites.

Theodor saiu de casa correndo a fim de entender o que se passava na rua. Eleonor o acompanhou. Lurdes alcançou Marina antes que ela caísse no chão. O carro de Rafael saiu de ré cantando pneu. Quando avançaram um pouco Roberto já vinha com o carro logo em seguida. Lurdes ajudou Marina a entrar no carro e também correu para o seu para seguir os garotos aonde quer que eles fossem, pois ela não estava entendendo nada. Theodor foi fazer o mesmo, tirar o carro da garagem.

 

_Que barulho é esse? _Perguntou Olivier ainda afogado em pilhas de roupas.

_Parece barulho de carro. _Disse Anne antes de correr para sala para poder ver o que estava acontecendo.

Olivier a seguiu enquanto as buzinas zoavam do lado de fora e a gritaria era cada vez maior.

Ao chegar à janela eles viram quatro carros parado um atrás do outro diante de uma multidão de fotógrafos parados em frente a casa de Anne.

_É ela, é ela, lá na janela olha! _Gritou um paparazzi para os outros que começaram a dispara seus flashes.

Os repórteres, jornalistas, fotógrafos e paparazzis estavam parados no meio da rua, a única que dava saída para o condomínio com isso eles bloquearam a passagem dos carros de Rafael, Roberto e Marina, Lurdes, e o carro de Theodor e Eleonor que também foram seguir os garotos do primeiro carro da fila. Que não paravam de buzinar sem para, pois Patrícia estava morrendo no banco de trás.

Anne sem entender o que estava acontecendo correu pra porta e sal para ver melhor o que estava acontecendo.

_NÃO! _Gritou Olivier, mas não deu tempo.

Anne já estava do lado de fora cercada de repórteres fazendo perguntas, fotógrafos disparando milhões de flashes em cima da garota. Olivier se apressou e saiu também para ajudar a tia a escapar da imprensa.

 

Acho que a patricinha e ex-presidiária Anne Marrie vai ser a próxima capa da Society da próxima semana. De novo. Linda, jovem e rica? Algum preço você tem que pagar por isso. Acho que não vai mais ter festa nenhuma pra Anne, isso se não for por causa dela que alguém vai morrer de novo. Mas quem disse que a festa não começou?

Nenhum comentário: