domingo, 31 de agosto de 2008

Capítulo 18: Um anjo chamado Anne Marrie

João acordou assustado quando sua irmã Patrícia o cutucava devagar:

_João? João? Acorda! Eu preciso ti falar uma coisa. _Disse patrícia aflita e abaixada à beirada da cama.

_O quê foi menina, o quê é? _Perguntou João assustado.

_Se a mamãe e o papai perguntar onde eu fui, tu fala que eu fui na casa da Louísa. _Disse Patrícia. _Tá bom?

_Tu não vai na casa da Louísa? _Perguntou João ainda meio dormindo.

_Não! Quer dizer... é... Vou. _Disse Patrícia.

_Sei. _Desconfiou João. _Onde você vai Patrícia?

_Na casa da Louísa, já disse pra ti. _Disse Patrícia.

_Então porque tu não diz isso pra eles? _Disse Patrícia.

_Porque são seis da manhã. _Disse Patrícia.

_6 da manhã? _Disse João. _E tu me acordou as seis da manhã, pra me dizer que vai na casa da Louísa?

_É. Porque eles não acordaram ainda. _Disse Patrícia.

_O que tu vai fazer na casa da Louísa há essa hora? E pior, com a Louísa. _Disse João sentando na cama e esfregando os olhos.

_Eu? Eu não vou fazer nada. _Disse patrícia.

_Vocês estão andando muito juntas Pati, eu nem preciso avisar pra ti não é? _Disse João.

_João o que ela fez foi com vocês, eu não tive nada a ver com essa história. _Disse Patrícia.

_Mas quem avisa amigo é. _Disse João. _Mas eu sou irmão se tu se ferrar é problema seu, eu não vou dizer nada.

_Ainda bem. _Disse Patrícia ao se levantar.. _Mas tu vai dizer pra eles não é?

_Diz tu quando eles acordarem. _Disse João esfregando as remelas no canto dos olhos.

_João, por favor. _Pediu Patrícia com os olhinhos brilhantes.

João continuou a esfregar os olhos, levantou o olhar por um momento, mas voltou a baixá-los desinteressado.

_Eu fico te devendo uma mentira. _Disse Patrícia.

Sem pensar João estendeu a mão:

_Aceito. _Disse João. _Então quer dizer que tu está mentindo, tu não vai na casa da Louísa?

Patrícia ficou parada sem resposta.

_Ainda bem que eu sou sua irmã. _Disse Patrícia deixando o quarto. _Não tenho que te contar meus segredos.

João ficou sentado na beirada da cama, olhando Patrícia deixar seu quarto sorrindo, devagar ele colocou os pés para fora da cama e demorou alguns segundos para se levantar e ir até ao banheiro, antes de voltar pra cama.

João era o filho mais velho da família Pinho Medeiros que era composta por quatro membros contando com o garoto. Marina e Roberto mantinham um casamento saudável, me atrevo a relatar que eles seriam Romeu e Julieta se ainda fossem vivos. O amor na sua mais pura essência. Quem olhava o dia a dia daquela família pensaria novamente na palavra casamento, isso se o marido ou a mulher fossem Romeu e Julieta, quero dizer, Roberto e Marina. Desde o primeiro beijo na escola até a troca das alianças, a boa sorte os acompanhou, quando veio a notícia de que Marina não poderia engravidar, a vida daqueles dois era triste e sem esperanças. Como eles poderiam ser tão felizes, felizes por completo, sem filhos? A resposta veio chorando e com as fraudas sujas. Quando eles adotaram João... Ops! É isso mesmo, João é adotado, tem gente que vai ficar muito feliz em saber disso. Mas vamos continuar: João era o bebê mais lindo que alguém podia querer ter na vida. Os cabelos dourados, os olhinhos azuis e brilhantes faziam qualquer um dizer: Benza ô Deus! Agora sim aquela família estava completa, feliz, vivendo os sonhos que sempre desejaram viver, o que com certeza a Julieta e o Romeu sonharam também, não só eles, mas a Cinderela, a Branca de Neve, A Bela adormecida, e todas elas. Sabe aquela famosa frase “E viveram felizes para sempre”? Ela não faz parte somente dos contos, ela aconteceu de verdade com Roberto e Marina, eu não sei quando é para sempre, mas já tem um tempão que os dois se amam e nunca, jamais pensaram em se separar, em deixar de amar, não existia desconfiança, mas sim muita confiança. Eu exagerei no para sempre, então adaptemos para a realidade, aquilo que todo marido e mulher juram diante de Deus no altar, aquele papo de amar e respeitar até que a morte os separe, Roberto e Marina seguiam essas palavras para todo sempre, por toa vida, até que enfim a morte os separe. Entendeu? Deus muito satisfeito e feliz no dever cumprido pelos seus adoráveis filhos Roberto e Marina, decidiu recompensar tamanha dedicação dos eternamente apaixonados, quando Marina parou de menstruar. Preocupada ela foi até o médico para fazer alguns exames, constatar o que estava de errado com ela, qual era o problema? O nome dele, ou melhor, dela, era Patrícia. A menina mais linda que se podia imaginar para quem antes não poderia ter nem uma feinha. Agora sim, estava tudo completo. A família perfeita, o projeto de Deus para se redimir diante da tragédia de Romeu e Julieta.

Ai que lindo! O amor finalmente não está fazendo vitimas nessa história. Que mentira! E a Alice e o Luís que estão ai pra não me deixar dizer o contrário? Eles são felizes assim também. Não são? Voltemos pro sul. Um breve e próximo futuro não guarda muitas felicidades para esse casal, algumas coisas iram mudar. Esperem e verão, a tragédia deles ainda nem começou.

Deixemos isso pra depois.

João desceu para o café e lá estavam sentados a mesa seu pai Roberto que era além de um... Um... Um excelente não, um Pai e um marido perfeitos, ele era também um renomado cirurgião do sul do país, já Marina tinha uma clinica de estética, a única de Rosa Velha. Os três desfrutavam tranquilamente o lanche da manhã até:

_Cadê tua irmã, que não desceu até agora para o café? _Perguntou Marina.

João congelou no assento ele não tinha o habito de mentir, muito menos pra encobrir algo que a irmã provavelmente estava fazendo de errado.

_É João, cadê ela? _Perguntou também Roberto.

João pensou em três segundos e decidiu:

_Ela... A Pati está na casa da Louísa. _Disse João finalmente.

_Você tem que conversar com ela Marina, ela não pode continuar andando com essa menina. _Disse Roberto preocupado.

_Roberto não seja bobo meu amor, elas são amigas. Não tem nada demais. _Disse Marina.

_Isso só depois que o João e os garotos brigaram com ela e com toda razão. _Disse Roberto.

_Concordo pai. _Disse João.

_A Louísa tem problemas em casa, vocês sabem disso. _Disse Marina.

_Justifica alguma coisa? _Disse João.

_Não filho, não justifica, mas é o jeito que ela encontrava de se acalmar, eu acho. _Disse Marina. _Eu fazia isso.

_Tu tinha um diário? _Perguntou João.

_Tinha. Mas parei de escrever nele quando comecei a namorar seu pai. _Disse Marina se inclinando para beijar o marido ao seu lado.

_O que quer dizer no jardim de infância. _Disse João sorrindo.

_Não foi tão cedo assim. _Disse Roberto. _Apesar de que eu não iria achar nem um pouco ruim ter conhecido sua mãe no berçário.

_Ai amor, que lindo! _Disse Marina ao se inclinar novamente para o marido.

_Que doce! _Zombou João.

_Tu diz isso agora, quero ver daqui a uns 10 anos, tu vai estar pior que a gente. _Disse Roberto. _Tu vai estar melado pela Piedra, não um doce.

_Não vai ter quinze anos pra isso acontecer. _Disse João.

_Isso porque já está acontecendo? _Perguntou Marina sorrindo junto com Roberto.

_Não mãe. _Disse João. _É porque eu não quero casar com a Piedra, eu não gosto dela assim.

_Mas porque filho vocês se dão tão bem. _Disse Marina.

_Eu sei mãe, mas eu não, sei lá, eu não gosto dela igual vocês gostam um do outro sabe. _Disse João. _Quando eu casar, se eu casar, eu quero algo sólido assim como o casamento de vocês.

_Que história é essa de quando eu casar? _Disse Marina. _Eu quero tu casado sim senhor, quero ter netinhos e quero ser sogra, daquelas chatas.

_Mãe? Você chata, tu não consegue. _Disse João.

_É verdade amor, você não consegue ser chata. _Disse Roberto que dessa vez se inclinou para a mulher para lhe dar um beijo.

_Dá pra parar vocês dois! _Pediu João firme. _Pára com essa beijação, não dá pra deixar de gostar só um pouquinho. Tipo, agora é hora de amar o pão, depois vocês voltam a se amar de novo. Meu Deus!

_Eu não amo pão, porque pão engorda. _Disse Marina enquanto João virava o olho. _E seu pai eu nunca vou deixar de amar, nunca.

Os dois voltaram a se inclinar nos assentos para encontrar os lábios.

_Ai meu Deus. _Disse João. _Ainda bem que eu não tenho esse sangue.

_João? Isso é maneira de falar? Sua mãe não gosta. _Disse Roberto firme.

_Desculpa, foi brincadeira. _Disse João se levantando da mesa e pegando alguns biscoitos na mão. _Eu sou seu filho de qualquer jeito, amo mamãe, amo papai e tô de saída.

_Aonde tu vai? _Perguntou Marina ao receber o beijo do filho na bochecha.

_Vou trabalhar. _Disse João beijando o pai no rosto.

_Trabalhar? _Perguntou Roberto. _Desde quando tu trabalha?

_Ah querido, eu te falei ontem sobre isso. _Disse Marina. _Ele e o Rafael estão trabalhando juntos, em quê mesmo filho?

_Designer mãe, a gente montou uma agência. _Disse João ao sair da sala de jantar. _Tô indo tchau, amo vocês, fui!

_Eu paguei por isso? _Disse Roberto.

_Pagou, ele te pediu o dinheiro semana passada. _Disse Marina.

_Lembrei. _Disse Roberto. _Mas eu nem sabia que era pra montar uma agência.

_Ele está muito empolgado com o assunto. Não estrague nada. _Disse Marina.

_Não, lógico que não. _Disse Roberto. _Nem foi tanto dinheiro assim.

_Ele me disse que o Paulo ajudou também. _Disse Marina.

_Que bom. _Disse Roberto. _Que bom que eles estejam pensando no futuro, em algo mais concreto, em trabalhar.

_A gente tem que dar graças a Deus, todos os dias por ter nos dado esse filho maravilhoso. _Disse Marina.

_Eu agradeço. _Disse Roberto.

_Que pena que a Piedra não esteja nos planos dele, eu gosto tanto dela. _Disse Marina.

_Eu prefiro assim, ele se dedicando ao trabalho. _Disse Roberto. _Tu mesma ouviu ele dizer que não a ama.

_É. É melhor mesmo ele não se prender a ela agora. _Disse Marina.

_Mudando totalmente de assunto. _Disse Roberto. _Onde está a Patrícia mesmo?

_Na casa da Louísa. _Disse Marina.

_O quê essas meninas estão fazendo às 9 da manhã? _Se perguntou Roberto ao morder um pedaço da torrada com geléia.

Patrícia estava apreensiva, nervosa, afinal ela nunca tinha feito isso antes. As duas andavam pelas ruas do Moinho.

_Louísa porque a gente não manda os meninos irem pegar isso? _Perguntou Patrícia apertando a mão da amiga.

_Pati, qual o problema? _Disse Louísa sorrindo. _Eu já vim aqui uma vez, tá!

_Mas tu estava com os meninos, não veio aqui sozinha. _Disse Patrícia.

_Eu não estou sozinha, estou contigo. _Disse Louísa.

_Repito: Sozinha. _Disse Patrícia nervosa.

_Calma Pati, calma! _Pediu Louísa. _Ele era da sala do seu irmão.

_E daí? _Disse Patrícia. _Isso não deixa ele pior do que ele é.

_Ele não é igual aos outros traficantes normais. _Disse Louísa. _Ele é gente boa, igual à gente.

_Ele é traficante. _Disse Patrícia. _Traficante!

_Ai falando assim parece que ele é um criminoso. _Disse Louísa.

_Ele é. _Afirmou Patrícia.

_Tu precisa dele. _Disse Louísa. _Agora ele é seu amigo.

_Eu vou pagar. _Disse Patrícia. _Ele não é meu amigo.

_Mas ele vai te vender a erva não vai? _Perguntou Louísa. _Tu tem um problema e ele tem a solução, qual o problema de ele cobrar por isso?

_Eu não estou com um problema. _Disse Patrícia. _Eu posso muito bem esperar até amanhã, os meninos vem aqui pegar pra gente.

_Mas eu não posso esperar, preciso disso agora! _Disse Louísa. _Deixa de ser santinha Pati, está parecendo seu irmão.

_Eu não sou igual a ele. _Disse Patrícia. _Só não acho seguro a gente vir aqui comprar drogas.

_Ninguém aqui sabe que ele vende. _Disse Louísa. _Se alguém vir a gente por aqui, não tem problema nenhum. Qualquer coisa a gente só está visitando um amigo de escola.

_Ele não estuda mais. _Rebateu Patrícia.

_Dá pra parar de tentar me fazer desistir. _Pediu Louísa nervosa. _Que saco, eu já falei pra relaxar, ninguém vai ver guria.

_Desculpa. _Pediu Patrícia envergonhada.

_Se tu quer continuar a andar comigo, é só calar a boca e andar comigo. _Disse Louísa.

_Não é isso Louísa, não precisa ficar nervosa. _Disse Patrícia. _Eu já pedi desculpas.

_Me desculpe também. _Disse Louísa. _É que tu fica sempre me questionando, como se eu fosse a ruim sabe?

_Desculpa, mil desculpas. _Disse Patrícia arrependida. _Eu só estou nervosa com isso tudo.

_Faz parte Pati. _Disse Louísa. _Ter contato com o traficante é normal.

_Eu só... Não estou acostumada. _Disse Patrícia. _E porque precisa ser tão cedo?

_É o horário mais tranqüilo, e toda vez que eu vinha aqui com os garotos era há essa hora. _Disse Louísa. _Quando começa a usar é difícil de parar Pati, qualquer hora é hora.

_Mas eu pensei que fosse mais fácil, mais rápido e menos complicado de conseguir. _Disse Patrícia.

_Eu te dei o primeiro bagulho, e o segundo, e o terceiro e por ai vai, mas isso porque tu tava fora. _Disse Louísa. _Agora tu ta dentro.

_Dentro? _Questionou Patrícia.

_Quis dizer que tu está viciada. _Disse Louísa.

_Eu não estou viciada. _Afirmou Patrícia.

_Está sim. _Disse Louísa. _Negar é o primeiro sinal do vicio.

_Não é não, eu não estou sentindo falta de nada. _Disse Patrícia. _Nem estou querendo tanto assim.

_Está sim, só não sabe disso ainda. Daqui a pouco seu corpo vai começar a pedir, ele vai sentir falta da erva. _Disse Louísa. _O desejo não é racional, quando teu corpo perceber a falta, ele vai pedir e acredite é quase impossível resistir. E não é ruim é?

_Não. _Disse Patrícia ainda confusa com toda aquela conversa.

_Então, relaxa e aproveita. _Disse Louísa. _Vai ser rápido ele já me conhece, a gente bate na porta, pedi o que a gente quer e volta pra casa, só isso.

_Está bem. _Disse Patrícia.

As duas seguiram a passos largos até ao norte do Moinho. A casa de André parecia normal por fora, Patrícia se chocou ao constatar um frontispício branco com arquitetura clássica com adornos de madeira, desenhando ao todo uma clássica e elegante mansão.

_É aqui mesmo? _Perguntou Patrícia diante da surpresa.

_É aqui. _Disse Louísa. _Viu? Ninguém desconfia, ninguém.

Louísa se aproximou da porta e Patrícia a acompanhou. Louísa tocou a campainha uma vez, duas vezes, três vezes.

_Hei calma! _Pediu Patrícia.

_Eu estou calma. _Disse Louísa inquieta.

_Eu atendo. _Disse André do outro lado da porta. _Quem é?

_Louísa. _Disse Louísa.

_Quem? _Perguntou André do lado de dentro.

_Louísa. _Repetiu Louísa.

_Fala outra coisa. _Disse Patrícia.

_O quê? _Perguntou Louísa soando nas mãos.

_Sei lá, qualquer coisa menos seu nome. _Disse Patrícia. _Ele não ti conhece. Vamos embora, ainda dá tempo.

_Não calma ai. _Disse Louísa. _É... Deixa eu ver... Ah já sei.

_Quem é? _Voltou a perguntar André.

_É... Eu sou amiga do Carlos Venturini. _Disse Louísa. _A novinha.

André abriu a porta.

_Ah novinha, agora eu me lembrei de você, você é novinha, mas tu é gostosa pra caramba. _Disse André. _Que tal repetir aquela noite heim?

_Não. Foi só uma noite e tu é péssimo na cama. _Disse Louísa sorrindo.

Patrícia não conseguia rir diante da situação.

_E essa ai? _Perguntou André.

_É minha amiga. _Disse Louísa. _Tu acha que a gente está aqui fazendo o quê? Me vende logo a droga.

_Filho, quem é? _Perguntou uma voz feminina de dentro da casa.

_Ninguém mãe, já estou entrando. _Disse André.

_Quem é? _Perguntou a mãe de André.

_Alguém pedindo informação, já estou entrando. _Disse André. _Esperem aqui, eu vou buscar. Quanto?

_O mesmo que o Carlos pega. _Disse Louísa.

_As gurizinhas dão conta? _Perguntou André.

_Tu não sabe do que eu sou capaz. _Disse Louísa.

André riu, encarou Patrícia dos pés a cabeça, entrou para casa e fechou a porta.

_Você já... Já, já com ele? _Perguntou Patrícia.

_Já, mas eu estava tão viajada que tava tudo dormente, eu não senti nada. _Disse Louísa sorrindo. _Mas cadê esse menino com essa PORRA?

_Calma Louísa, credo o guri mal deve ter chegado às escadas. _Disse Patrícia.

Louísa soava nas mãos, piscava muito os olhos e tremia levemente o corpo, parecia nervosa a beira de um ataque.

_Eu estou bem, só espero que ele não demore. _Disse Louísa.

Depois de alguns minutos André apareceu e entregou discretamente as garotas uma caixa rosa com um laço grande em volta.

_Coloquei nessa caixinha da minha mãe, pra ninguém desconfiar. _Disse André sorrindo.

_Está bem obrigada. _Disse Louísa quase arrancando a caixa das mãos dele.

Louísa sem pensar começou a desfazer o laço a fim de começar a usar a droga ali mesmo, tamanha era sua necessidade.

_O quê é isso guria? Tu tá doida? _Disse André sério. _Usar isso aqui na porta da minha casa?

_Desculpa. _Disse Patrícia. _Louísa espera chegar em casa primeiro, tem gente passando ai na rua.

_Então vamos embora. _Disse Louísa puxando o braço da amiga.

_Espera! _Disse Patrícia. _Você não vai pagar?

_Tudo bem eu coloco na conta do Carlos. _Disse André.

_Quê Carlos? _Perguntou Patrícia.

_Ninguém. _Disse Louísa apressada. _Vamos, agora!

_Não paga ele, eu te dei o dinheiro pra você pagar. _Disse Patrícia.

_Não ouviu ele falando guria? _Disse Louísa. _Ele vai colocar na conta do Carlos.

_Louísa dá o dinheiro agora, era esse o combinado. _Disse Patrícia.

_Esse aqui a gente vai usar de outro jeito agora. _Disse Louísa sorrindo.

_Eu sei de um jeito que vocês podem me pagar. _Disse André sorrindo também. _Eu vou dar uma festa aqui em casa hoje, meus pais vão sair e a casa vai ficar livre o fim de semana todo, começando por hoje.

Louísa abriu um sorriso largo enquanto Patrícia prendia o fôlego. Uma festa de TRAFICANTE?

_Porque não? _Disse Louísa. _A gente vem, num vem Pati.

_Não sei, como que eu vou explicar pros meus pais? _Perguntou Patrícia.

_Eu te ajudo na mentirada, o foda é seu irmão que fica sacaneando tudo. _Disse Louísa brava. _Estragou minha vida e agora vai ficar me perseguindo, só pra me atormentar mais.

_Quem é seu irmão guria? _Perguntou André.

_João Pinho Medeiros. _Disse Patrícia receosa.

_Esse cara era da minha sala, ele me negou uma cola você acredita? –Disse André.

_Ele é assim. _Disse Louísa. _Ele me irrita.

_Vamos embora Louísa. _Disse Patrícia.

_Mas vê se aparece guria. _Disse André. _Vai bombar a festa, vai ter droga da melhor.

_Eu venho. _Disse Louísa.

_Não sei. _Disse Patrícia tentando se livrar daquela situação. _Tem meus pais, meu irmão.

_Eu já te disse que isso não é problema, eu te ajudo na mentira. _Disse Louísa. _Eles não vão descobrir nunca.

_Não sei. _Disse Patrícia.

_Olha se der para aparecer aparece se não fodas também. _Disse André antes de bater a porta na cara das garotas.

Enquanto isso João estava sentado em frente ao computador finalizando uma arte por encomenda.

_Rafael? _Chamou João. _Chega aqui.

Rafael se levantou do seu computador mais a frente e se aproximou de João.

_E aí? _Perguntou João.

_Está bom João. _Disse Rafael. _Mas não está faltando nada aqui não ô.

Rafael apontou com o dedo para a figura na tela.

_Mas tô achando que já tem muita informação. _Disse João.

_Tentou mudar a cor? _Perguntou Rafael.

_Não posso porque essas são as cores da empresa do cara. _Disse João.

_Entendi. _Disse Rafael olhando atentamente a figura. _Então acho que acabou, está pronto.

Os dois ficaram ali olhando a figura por um tempo analisando atentamente o resultado final de uma arte que João fez para atender um cliente que precisava de um novo logo para sua empresa.

_Está ótimo João. _Disse Rafael voltando a piscar. _É só se acostumar um pouco que fica bom.

_É. _Concordou João virando um pouco a cabeça para ver de outro ângulo.

_Dá pra finalizar tudo ai pra ir pra gráfica hoje ainda? _Perguntou Rafael.

_Claro, eu só vou vetorizar aqui e pronto. _Disse João. _E tu acabou?

Os dois levantaram e foram até a mesa de Rafael, que sentou na sua cadeira.

_Eu tô enrolando, não está pronto ainda. _Disse Rafael. _Mas tá tranqüilo.

_Tem uma semana que tu está com esse ai pra fazer. _Disse João.

_Eu tô enrolando pra segurar o serviço. _Disse Rafael. _Se eu entregar esse aqui, nós vamos ficar sem serviço nenhum.

_No começo é assim mesmo guri. _Disse João rindo. _Esses dois foram só os nossos primeiros clientes, depois a gente vai ganhando mais. Se eles gostarem eles vão nos indicar pra outras pessoas e é assim que a gente vai ganhando terreno por aqui.

_Eu não confio nessa propaganda boca a boca. _Disse Rafael. _A gente deveria distribuir uns panfletos nas empresas.

_Eu já fiz isso. _Disse João. _Coloquei papel em todas as gráficas que eu vi pela frente.

_É pouco. _Disse Rafael. _Aí, até agora não apareceu ninguém aqui, não entra ninguém na loja.

_A gente vai pensar em alguma coisa. _Disse João. _Agora termina ai logo, pra gente poder ficar livre essa tarde.

Arte & Arte era o nome da pequena empresa de designer dos garotos e quando digo pequena é exatamente o que estou querendo dizer. Era bem moderna, mas simples nada magnificente. Na frente uma grande parede de vidro com os dizeres escritos em vermelho, um balcão separava uma pequena área na frente da loja com alguns acentos e cadeiras coloridas, do outro lado duas mesas dos únicos donos e únicos empregados do pequeno empreendimento. Dominantes de uma habilidade incrível, conhecimento técnico de programas informáticos e uma criatividade que transbordava brilhantismos e beleza. Eles haviam começado a pouco tempo, precisavam conseguir espaço entre as outras grandes empresas de publicidade para conseguirem um luar significativo na disputa do mercado do designer. Eles tinham a arte nas mãos, eles precisavam de alguém com tino comercial e publicitário para alavancar sua empresa.

_Acho que está bom assim. _Disse João ao aprovar o trabalho do amigo.

_É também gostei do resultado. _Disse Rafael.

_Então salva ai pra eu passar na gráfica e resolver tudo de uma vez. _Disse João.

_Hoje não. Vamos deixar pra amanhã. _Disse Rafael. _É que eu ainda quero mexer em algumas coisas aqui, ainda hoje.

_Mas tu não falou que terminou? _Disse João. _Não queria que tudo fosse pra gráfica hoje?

_Queria, mas eu ainda quero mexer mais, não sei, acho que ainda está faltando alguma coisa. _Disse Rafael.

_Está bem. _Disse João. _Eu precisava voltar pra casa mais cedo mesmo.

_Pra quê? _Perguntou Rafael.

_É a Patrícia. _Disse João. _Ela me acordou hoje de madrugada pra eu poder mentir pros meus pais.

_Mentir? _Perguntou Rafael enquanto salvava seu trabalho no computador. _Como assim?

_Ela pediu pra eu dizer pros meus pais que ela estava na casa da Louísa. _Disse João.

_Louísa é encrenca cara. _Disse Rafael. _Ela está andando com aquele Carlos Venturini.

_O da praça? Filho do Binho do trailer? _Perguntou João chocado.

_Aham, eu vi os dois juntos na praça outro dia. _Disse Rafael.

_Todo mundo tenta avisar a Patrícia, mas ela não escuta. _Disse João. _E agora eu estou preocupado com ela.

_O pior é que seus pais nem sabem de nada. _Disse Rafael. _Onde ela está?

_E eu sei? Ela não me disse. _Disse João aflito. _Só disse que era pra eu falar isso pro meus pais e só, não disse mais nada.

_Tu tá com medo de ter acontecido alguma coisa e sobrar pra você depois não é? _Disse Rafael.

_Exatamente. _Disse João.

_Pára de se preocupar com tudo João, deixa acontecer primeiro. _Disse Rafael. _Tu é sempre preocupado com tudo, o que pode acontecer o que não pode. Relaxa um pouco.

_É minha irmã guri, não dá pra relaxar. _Disse João.

_Tu é assim com todo mundo. _Disse Rafael. _E se sua irmã estiver saindo com algum carinha, o quê é que tem?

_Se for algum amigo do Carlos tem muita coisa. _Disse João.

_Calma, ela deve ter mentido pra ir ao shopping, só isso. _Disse Rafael. _Onde ela poderia ir?

_Ela não precisa mentir pra ir ao shopping. _Disse João. _E o Shopping não abre seis da manhã.

_É verdade. _Confirmou Rafael.

_E tu, o que vai fazer agora? _Perguntou João.

_Eu vou voltar pra casa pra terminar isso aqui pra amanhã. _Disse Rafael.

_Porque tu não fica por aqui? _Perguntou João.

_Pra quê? Eu não posso também, tenho que ir pra casa. _Disse Rafael nervoso. _Vai ter almoço em família lá em casa hoje.

_Isso quer dizer a turma toda? _Perguntou João.

_Isso a turma toda. _Disse Rafael desanimado. _A Ana, o Sérgio e o Antônio. Todo mundo.

_Qual a ocasião? _Perguntou João sorrindo.

_Despedida do Sérgio. _Disse Rafael debochando. _Ele vai morar em Paris agora, vai estudar lá.

_Ih, eles vão te encher o saco. _Disse João.

_Eu sei, por isso eu estou tão feliz. _Ironizou Rafael forçando um sorriso.

João riu.

_Vão vir com aquele papo: Ele tem sua idade e já tem uma carreira, um futuro e tu fica ai igual um vagabundo. _Disse Rafael nervoso.

_Tu é um vagabundo, agora que resolver trabalhar aqui. _Disse João sorrindo.

_E tu também. _Disse Rafael.

_Mas eu já trabalhei antes. _Disse João.

_Mas o que meus pais e a família toda querem é que eu faça faculdade, melhor ainda seria se fosse direito. _Disse Rafael.

_Faça. _Disse João.

_Eu não fiz quando acabei o colégio, agora que me arrumei aqui fazendo o que eu gosto, eu não vou fazer porra nenhuma. _Disse Rafael sério.

_Relaxa, não é assim que tu diz. _Disse João rindo.

_Pára de fazer piada. _Pediu Rafael levantando da cadeira.

_Pronto? _Perguntou João rindo.

_Vamos embora guri. _Disse Rafael. _Pára de rir.

João já estava no seu quarto e a noite já ia colorindo o céu num tom escuro. Patrícia ainda não havia voltado da casa de seja lá quem for, João não podia simplesmente ir bater na porta de Louísa porque não estava conversando com ela, iria se sentir desconfortável caso ela atendesse a porta e também não queria ter que ir até lá e descobrir que Patrícia não estava lá ou pior, que Patrícia não estava lá e nem Louísa. Roberto e Marina chegavam mais ou menos àquela hora do serviço e isso deixava João ainda mais preocupado. João na tentativa de se distrair desceu até a sala para olhar da janela de baixo para ver se avistava a irmã por ali, mas infelizmente ela não estava. Tentando se distrair para não explodir de nervoso ele sentou no sofá e puxou um livro da mesinha de centro, ele estava tão preocupado que nem percebeu que o livro estava de cabeça pra baixo enquanto ele o folheava. Minutos depois Patrícia ingressou pela porta o cômodo claro da casa seguida por Louísa.

_Onde tu estava? _Perguntou João nervoso.

_Louísa pode ficar esperando aqui eu já desço. _Disse Patrícia que fingiu não ouvir a pergunta do irmão e seguiu escada acima, direto para seu quarto.

_Patrícia volta aqui, eu ti fiz uma pergunta. _Ordenou João nervoso.

_Teu livro está de cabeça pra baixo. _Disse Louísa que estava particularmente bonita aquela noite com um vestido fino cor pérola.

_Cala a boca guria! _Gritou João enquanto jogou o livro de lado.

João correu até a escada e ao passar por Louísa pode sentir o perfume inconfundível que ele conhecia muito bem. Desejou intimamente parar e cheira-la melhor, mas seguiu em frente atrás da irmã. Já no andar de cima ele mal bateu a porta quando invadiu o quarto da irmã, que estava ajoelhada em frente ao seu guarda-roupa.

_Saí daqui João. _Disse Patrícia. _Eu não deixei tu entrar no meu quarto.

_Cala a boca. _Disse João sério. _Eu te fiz uma pergunta lá embaixo: Onde tu estava o dia todo?

_Na casa da Louísa. _Disse Patrícia calma.

_Mentira. _Disse João.

_Como tu sabe, foi até lá pra ver? _Perguntou Patrícia.

_Não, porqu... _Começou João.

_Porque tu e seus amiguinhos de escola não conversam com ela até hoje por causa de uma brincadeira que aconteceu há mil anos atrás. _Disse Patrícia.

_Isso porque a brincadeira não foi pra ti. _Disse João.

_Então não me torra, só porque eu ainda sou amiga dela. _Disse Patrícia.

_Ela só virou tua amiga pra ela ter alguém pra conversar aqui na rua. _Disse João.

_É, eu sou fácil de comprar. _Disse Patrícia mexendo ainda nas roupas da gaveta. _Também não tinha amigos nesta rua.

_Claro que tinha, a rua toda era sua amiga. _Disse João. _Eu era seu amigo, o Rafa a Piedra também.

_Tu não pode ser meu amigo você é meu irmão, e eles nem gostam mais de mim. _Disse Patrícia.

_Porque Tu tá andando com essa guria esperta aí de baixo. _Disse João.

_Se isso é problema pra vocês é pra mim também. _Disse Patrícia mexendo nas gavetas uma a uma. _Eu só escolhi o meu lado, sai fora agora João.

_Eu vou contar para nossos pais. _Ameaçou João. _Eu não vou ficar tomando conta de ti.

_Eu não pedi pra tu tomar conta de mim. _Disse Patrícia o encarando pela primeira vez desde que ele entrou no quarto. _E se você falar pra eles alguma coisa, vai sair perdendo, você é meu cúmplice.

_Mas você ainda me deve um favor. _Disse João.

_Deve e pago quando puder. _Disse Patrícia se levantando que deixou um pacotinho escapar para o chão quando ela retirou a mão de uma das gavetas.

_O quê é isso Pati? _Perguntou João.

_Não é nada, coisa de mulher. _Respondeu Louísa atrás de João.

_Quê susta guria! Quem te deixou subir? _Disse João assustado.

_Pode ficar Louísa, você é minha convidada. _Disse patrícia aproveitando para voltar com o saquinho pra dentro da gaveta.

_Dá licença. _Pediu Louísa ao passar por João roçando em seu corpo de propósito.

_SAI João! _Gritou Patrícia.

João hesitou uns segundos, mas deixou o quarto rapidamente, ficou desconfiado do conteúdo daquele pacotinho, mas nem cogitou a idéia do que realmente era. Passados alguns minutos João estava deitado na sua cama afogado em pensamentos entre o misterioso pacotinho e uma solução para a Arte & Arte que precisava de mais clientes. Sorrateiramente Louísa entrou pelo quarto e permaneceu ali olhando para João que nem notou sua presença.

_Esse é seu problema. _Disse Louísa sorridente.

João se assustou novamente com a menina.

_O que tu ta fazendo aqui no meu quarto? Sai fora guria. _Disse João sentando na cama.

_Você pensa demais. _Continuou Louísa.

_Cadê a Patrícia? _Perguntou João.

_Entrou pro banho. _Disse Louísa.

_Eu estava pensando em outras coisas, mas isso não é da tua conta. _Disse João serio.

_Ui! _Disse Louísa sorrindo. _Até quando vocês vão ficar com raiva.

_A gente não tem raiva. _Disse João. _Você tem que sentir raiva de alguma coisa que exista, você morreu pra todo mundo.

Ouve um breve silêncio.

_Nossa João, não precisa ser tão grosso. _Disse Louísa envergonhada. _Você não é assim.

_Louísa, você não é vítima. _Disse João. _Pára de querer fazer as coisas voltarem ao normal, tu mudou demais, não é a mesma pessoa.

_Sou sim João. _Disse Louísa se aproximando da cama. _Sou a mesma.

_Tu não vai voltar a andar com a gente. _Disse João. _Então pára de insistir.

_Eu quero consertar as coisas. _Disse Louísa.

_Não tem nada pra consertar guria. _Disse João. _Estava tudo lá e você vez a coisa toda fiar piorar para você. Pra quê? Por que você fez aquilo?

_Eu precisava me defender. _Disse Louísa.

_E a gente também. _Disse João. _A gente se afastou para se proteger de você. Mas você foi cruel, não precisava seguir em frente.

_Eu não aceitava. _Disse Louísa.

_E ainda não aceita. _Disse João. _O tempo todo querendo misericórdia, acabou. Tu destruiu a amizade por todos, só minha irmã que ainda se importa com você aqui.

_Ela é amiga. _Disse Louísa. _Isso é amizade, acima de tudo. Compreender, aceitar.

_Você não respeitou isso. _Disse João.

_Mas ela respeitou, e eu me importo com ela mais do que tudo nessa vida. _Disse Louísa.

_Eu já tentei alertar, um dia ela ainda vai se decepcionar, como todo mundo. _Disse João. _E eu vou ter o prazer de dizer pra ela que eu avisei.

_Eu sofri pelo que eu fiz, confesso que teria a mesma atitude suas com quem quer que fosse. _Disse Louísa. _Eu sei que fiz errado. Mas eu estou pedindo desculpas, é o máximo que eu posso fazer. Só poderia mais se eu voltasse no tempo pra desfazer tudo.

_Eu queria também. _Disse João.

_Meu pai me deu essa pulseira. _Disse Louísa segurando uma pulseira no pulso, era feita de ouro e tinha uma pequena estrela de diamante.

_Eu lembro dela. _Disse João.

_Quando ele me deu, eu tinha cinco anos. _Disse Louísa se aproximando para mostrar a pulseira.

João sentia cada vez mais forte o cheiro delicioso do perfume da garota, aquilo lhe dava boas recordações do seu namoro com ela.

_Ele me disse que essa estrelinha, era uma estrela cadente que ele achou caída uma vez. Daí ele levou ela até uma joalheria mandou fazerem a pulseira com ela para dar especialmente pra mim. Assim toda vez que eu quisesse alguma coisa era só eu pedir pra estrela que acontecia. Sua própria estrela cadente, ele disse. _Disse Louísa.

Louísa se aproximou cada vez mais do garoto que ainda estava sentado na cama, João podia jurar que aquele cheiro já estava tão perto que provavelmente iria grudar em sua roupa.

_Só ela, só essa estrelinha sabe o quanto eu desejei, o quanto eu pedi para que tudo voltasse atrás e eu pudesse consertar tudo. _Disse Louísa que deixou escorrer uma lágrima no canto dos olhos, quando fechou o olho emocionada.

Como um imã o corpo de Louísa parecia se atrair para o corpo de João, cada vez mais. Ele decidiu então abraçar a garota, perdoa-la, o pior já havia passado e aquele perfume era tão bom, ela estava tão bonita, tão atraente.

_João? _Disse Piedra derramando lágrimas na porta do quarto.

Louísa se afastou rapidamente para encarar a ex-amiga na porta.

_Piedra não é o que tu ta pensando. _Disse João constrangido coma a situação.

_Nunca é João, nunca. _Disse Piedra antes de desaparecer de vista saindo pelo corredor correndo.

_Não fica ai parado, vai atrás dela. _Disse Louísa sorrindo.

_Está bem. _Disse João com desespero nos olhos antes de perseguir Piedra escada abaixo.

_Acho que estraguei as coisas de novo. _Disse Louísa. _Ainda bem que você me entendeu estrelinha, era exatamente o que eu queria.

Louísa saiu do quarto sorrindo e foi encontrar com Patrícia no outro quarto.

Horas depois João abriu os olhos e sentiu a grama gelada em baixo do seu corpo, com o rosto ardendo como fogo ele teve dificuldade para se erguer, pois ainda estava um pouco tonto. Sem força para se colocar de pé ele apenas se apoio nos cotovelos e apertou os olhos quando girou a cabeça para ver aonde estava. Do outro lado da rua percebeu Piedra e Rafael conversando com uma mulher e um menino. E que mulher. Ele estava morto? Pois já estava vendo anjos. Aquele sorriso, o mais belo, branco e perfeito sorriso. Isso não era real, era celestial. Só poderia ser. Sorrindo ele ainda meio atordoado voltou a encostar a cabeça na grama e ficou admirando o céu, e se sentiu feliz. Contente em ver tão grande beleza diante dos seus olhos. Um anjo chamado Anne Marrie.

Mais isso ele ainda não sabe, mas logo vai saber.

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